O Cid Moreira israelense
"Um dia me disseram que os ventos às vezes erram a direção.
E tudo ficou tão claro. Um intervalo na escuridão (...)
Somos quem podemos ser. Sonhos que podemos ter"
Existe um axioma jornalístico às vezes difícil de entender.
Pelo menos para quem não é da área. Ele diz que as notícias nunca são triviais.
Pegando carona nessas análises nem sempre óbvias, estão sempre os grandes figurões da imprensa.
Um senhor de 72 anos é o âncora do telejornal diário mais assistido de todo o país. O "Cid Moreira" israelense, conhecido por aqui como "Sr. Televisão", está há 30 anos a frente do telejornal noturno do canal 1 estatal. Com um salário mensal de 60 mil shkalim (cerca de 13 mil dólares), Chaim Yavin é o maior nome do jornalismo israelense e autor de um dos maiores fenômenos recentes da televisão por essas bandas.
A série de programas intitulada "Eretz Hamitnachalim" ("Terra dos Colonos"), veiculada pelo canal 2 durante os últimos dois meses, foi sem dúvida o maior êxito do jornalismo local nos últimos tempos. A série, digamos, chocou muita gente.
Os programas, acusados por muitos de serem subjetivos por parte do apresentador (e realmente são... não vejo nada de errado nisso) foram filmados quase inteiramente pelo próprio jornalista.
Numa pequena câmera digital.
O seriado pretendia mostrar aos israelenses o que eles raramente enxergam (ou querem enxergar) – que a vida sob ocupação tem significado para os palestinos e, também, o lado obscuro dos colonos. Engraçado foi o final, sendo ainda mais chocante do que a loucura do pessoal do marketing laranja e o sofrimento dos palestinos. Dessa vez, os críticos tiveram razão.
Gal Bekerman, ex-diretor assistente da Columbia Journalism Review, afirmou num excelente artigo que Yavin apresentava cada cena e cada personagem como se fosse Cristóvão Colombo descobrindo um novo mundo em seu próprio quintal.
Uma caricatura política publicada no dia seguinte ao primeiro episódio capturou isso perfeitamente. Via-se um Yavin visivelmente ansioso, com o suor pingando da testa, segurando um microfone e anunciando: "A Cisjordânia e Gaza estão cheias desses colonos!!!".
Nos documentários, Yavin deixa claro, sempre que tem oportunidade, que "não temos nada a ver com essa terra de colonos". Ele parecia se engasgar, em tempo real, com o que estava presenciando.
Num ponto determinado, sentado na sala de estar de uma numerosa família de colonos, tomando chá e debatendo abertamente, Yavin grita: "O que estamos fazendo aqui não é judaico!"
No final do primeiro capítulo, tendo acabado de entrevistar uma família palestina cujo filho tinha sido morto num fogo cruzado, ele conclui com algo que pode ser a sua moral da história:
"A dor é a mesma dor. Mas no noticiário da noite,
eles são sempre os matadores e nós somos sempre as vítimas."
Para matéria sobre o documentário (em hebraico), clique aqui!
Para artigo sobre os programas (em inglês), clique aqui!
Para biografia do jornalista (em inglês), clique aqui!
Para matéria do Haaretz sobre a série (em inglês), clique aqui!
ps1: Já está o ar o primeiro portal (tudo bem, um blog!) sobre futebol israelense escrito em português!!!
O autor é esse mesmo pobre coitado responsável pelo Blog do Bean! O principal objetivo, assim como escrevi por lá, é dar conta dos principais destaques do futebol em Israel: seja seus campeonatos, jogadores, a seleção do país e também bastante história e curiosidades.
É o Portal Kadureguel!
É o Portal Kadureguel!
Aliás, hoje tem um jogão aqui em Jerusalém, lá no Estádio Teddy Kolek. O Beitar Yerushalaim joga contra o Maccabi Haifa, líder do campeonato e atual bi-campeão israelense. Até iria assistir, se o preço não fosse tão salgado...
ps2: Esse é mesmo um país que, apesar de tudo, respira tecnologia. Novidades surgem quase todo dia.
A partir da semana passada, as empresas de comunicação Bezeq e Barak passaram a oferecer um serviço de internet que multiplica a velocidade das conexões anteriores. Até então, os israelenses somente podiam navegar com a velocidade máxima de 2 Mega, pagando cerca de 70 shkalim por mês.
Agora, oferecem pela bagatela de 150 shkalim mensais, uma conexão de 5 Mega!!! Isso quer dizer que um filme que antes podia ser baixado em 5 horas, agora já estará disponível em apenas uma hora....
E eu que, no Brasil, já estava satisfeito com uma internet de 256k (e, quando cheguei em Israel, fiquei doido com a possibilidade de conectar meu laptop com 1 Mega de velocidade...)
E por falar em Bezeq, o governo aprovou a venda dos 30% de ações que ainda controlava da Bezeq para o grupo de consórcio "Apax-Saban-Arkin".
O preço? 4,237 bilhões de shkalim (algo como 940 milhões de dólares).
Para quem gosta de economia e quer ler mais, clique aqui!
Para a notícia do Jerusalem Post (em inglês), clique aqui!
2 Comments:
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