No início da semana, os canais de tv aqui passaram o dia mostrando o desmantelamento das bases do exército na Faixa de Gaza. Repórteres entrevistavam soldados, comandantes e até motoristas de caminhão. O sentimento de "ufa, acabou" era quase unânime.
Porém, analisar o fim dos 38 anos de ocupação em Gaza requer um pouco mais de calma. De reflexões. Por exemplo, as reações do lado palestino e todo o jogo de propaganda envolvido nisso tudo.
Por um lado,
o grupo terrorista Hammas continua dizendo para quem quer ouvir que o mais um passo para a destruição de Israel foi dado. O próximo passo é Yaffo. Por outro lado, palestinos comuns invadiram o que restou de bases e assentamentos para saquear.
Mas não pensem que tudo isso tem um significado tão "ideológico". Dá pra notar. Segundo matéria da Associated Press, "a alegria, a ira e os arroubos nacionalistas das primeiras horas foram substituídos por um frenesi de acumulação e recuperação. Tudo foi desmontado, quebrado ou torcido e levado por veículos ou colocados à beira da estrada - madeira, metal, peças de plástico, cabos, postes elétricos, janelas, corrimão de escadas, etc."
Sim, meus caros. Enquanto o
Hammas faz apelos nacionalistas por um lado, o povo por outro quer comer.
"No primeiro andar de uma sinagoga, a maior das 26 que existiam na Faixa de Gaza, Ahmad Abu Chaab, 12 anos, enfiava em um saco plástico um rolo de fios que acabara de arrancar da parede. ´Vou vender. É provável que consiga 10 shekels` (cerca de dois dó lares).
Abaixo, palestinos destruindo cabos de eletricidade na antiga colônia de Netzarim. Esse foi o último assentamento a ser evacuado pelo Exército e o primeiro a ser saqueado, na segunda-feira à tarde.
Quanto à propaganda, quero ser breve.
Depois do "trauma" da retirada, o assunto voltou à tona em Israel por causa de algumas sinagogas que tiveram suas demolições proibidas pela Suprema Corte. Foram, portanto, deixadas vazias, com placas em árabe escritas " local sagrado".
Mas por que não destruí-las, já que todo o resto foi demolido? Por que não destruí- las, já que se Israel não fizer, os palestinos o farão? (como fizeram...)
A questão foi motivo de mais uma mobilização do pessoal do marketing laranja e rabinos de plantão. O ministro de Defesa, Shaul Mofaz, deu a resposta claramente: "É melhor que as sinagogas sejam destruídas pela Autoridade Palestina do que pelo Exército de Israel."
Agora pergunto. Por que? E respondo.
No jogo do marketing, Israel ganharia alguns pontos mostrando para o mundo inteiro os palestinos destruindo suas sinagogas? Pensem nisso...
Abaixo, palestinos queimando uma sinagoga, em Gaza.
ps1: Já tive a oportunidade de dizer que entrar num ônibus em Israel pode significar um passeio profundo pelo caleidoscópio da sociedade israelense.
Pegando a condução para ir até o lishkat haguiús (o alistamento militar), não pude deixar de reparar um senhor bem velhinho, sentado nas primeiras cadeiras.
Usava um chapéu de aba larga e segurava uma sacola de compras. Tudo normal, se não fosse um detalhe. Um número tatuado no seu braço esquerdo. Comentei com o Gabriel, que estava do meu lado. "É... ainda bem que ele está aqui", disse ele.
ps2: A moda daquelas pulseirinhas de silicone realmente pegou. Agora inventaram uma cor de "verde-oliva" para demonstrar apoio ao exército de Israel. "Tzahal: Anachnu Itchem" ("Exército de Defesa de Israel: estamos com vocês").
3 Comments:
o carlos,
parabéns por este Blog. Deve dar um trabalhão. Ta realmente bom. Nem parece que você quem tá fazendo.
Um abração.
Ps. Quando voltar, avisa
Henrique naves
ô Naves, como assim não parece que sou eu? Hahahahahaha....
Me mantenha atualizado das notícias do Vasco! Dizem que tem um muleque lá que chama Abedi. Podia ser neto do Romário...
abração!!!
Oi,
Em primeiro lugar quero te parabenizar pelo Blog que é simplesmente muito bom,
E gostaria de deixar aqui uma pergunta:
-Vc já pensou qual seria a repercussao mundial se Israel tivesse botado fogo em Mesquitas?!?
Um grand abraço,
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