segunda-feira, agosto 15, 2005

Violência e vingança na pauta do dia

"A distância separa dois olhares, mas nunca dois corações!"

Continuo no Brasil.
Comendo bem, vendo meus amigos e recarregando as baterias. Daqui a menos de duas semanas estarei de volta à Terra Santa, ao meu bom lar.
Já tenho saudades!
Enquanto isso, ao mesmo tempo que acompanho pela internet e televisão a retirada dos colonos laranjas de Gaza (que começa HOJE), continuo encontrando algumas bobagens que escrevi há tempos.
A que disponiblizo hoje é um artigo escrito em Março de 2004, logo após o assassinato do xeque Ahhmed Yassin, líder espiritual e fundador do grupo terrorista islâmico Hammas.
Fui bastante criticado dentro da comunidade judaica por causa do texto (que foi publicado em alguns sites). Mas se precisasse escrever tudo novamente, não teria dúvidas. Escreveria dez mil vezes se fosse preciso...
Espero que gostem (ou não!).


VIOLÊNCIA E VINGANÇA NA PAUTA DO DIA


O mundo está se acostumando, cada vez mais, a ficar perplexo diante das notícias matutinas. Na maioria delas, o personagem de maior destaque é um fluido espesso, de cor vermelha e que pode ser considerado o único tecido líquido do corpo humano. O sangue, espalhado entre destroços de prédios, trens, automóveis e ônibus vem ganhando as primeiras páginas de jornais, revistas e websites em todo o planeta.

Antes de mais nada, é preciso ratificar, para os mais bitolados, que nada justifica a violência. Nada. O assassinato do xeque Ahhmed Yassin, autoproclamado “líder espiritual” do Hammas, foi mais um ato de desespero militar e despreparo político por parte do gabinete israelense do que um passo para o fim dos atos terroristas.

Diante do Knesset, o Parlamento israelense, o ex-premiê Shimon Peres foi enfático. “Se eu fosse membro do governo, teria votado contra a decisão. Penso que é um erro”, declarou Peres, prêmio Nobel da Paz e principal idealizador dos acordos de paz de Oslo. Líderes do mundo inteiro condenaram o ataque: França, Inglaterra, Rússia, Vaticano, Chile, entre outros. Violência gera violência, vingança gera vingança.

Em seu site oficial, o Ministério de Relações Exteriores de Israel divulgou sua patética justificativa para o ataque. Segundo fontes oficiais, o Hammas, sob a liderança de Ahhmed Yassin, perpetrou, nos últimos três anos e meio, 425 ataques terroristas em Israel. Neles, 377 israelenses morreram e 2.076 ficaram feridos. O site ainda faz questão de citar alguns desses ataques, como àquele em que uma discoteca em Tel-Aviv voou pelos ares em Junho de 2001, matando 21 pessoas e ferindo outras 120. Mas por que, com tantos mortos e feridos, a retaliação por parte de Israel é patética?


Sharon e Yassin


Israel faz questão de falar para o mundo que honra seus mortos, que tem um exército moral, ético e cheio de valores universais. Porém, vingança gera vingança, violência gera violência (estão lembrados?). Por mais mau caráter e desprezível que possa ser o sujeito, por mais assassina ou fonte que incita assassinatos que ele possa ser, nada justifica a violência.

Aqui não pensamos em conseqüências para opinião pública, marketing ou hasbará. Não estamos levando em conta se assassinar um importante líder terrorista palestino é bom ou ruim para a guerra da propaganda. Falamos em ética, em inteligência, em bom senso. Pode ser o Bin Laden,, um arquiterrorista sanguinário como Yassin, mas a vingança leva sempre à outra vingança, maior, e o ciclo nunca termina.
Um primeiro-ministro que todavia pensa ser general é, no mínimo, um grande risco para a segurança de uma nação.

O assassinato

Seguranças do xeque maníaco empurravam sua cadeira de rodas quando três mísseis foram lançados por helicópteros “Apache” israelenses. Yassin era tetraplégico desde os 12 anos, resultado de um golpe recebido numa partida de futebol no campo de refugiados de Shatti, na Faixa de Gaza. O fundador do Hammas saía de uma mesquita no bairro de Sabra, em Gaza, quando foi literalmente lançado pelos ares. Fontes palestinas informaram que outros oito palestinos morreram e 18 ficaram feridos, inclusive um de seus filhos.

Segundo informações da agência EFE, uma das mãos do xeque foi mostrada no hospital de Shifa. Uma multidão de palestinos que se aglomerava em seus arredores gritava "Alá é Grande" e clamava vingança contra Israel, o que não deve tardar a acontecer. Era o fim de uma das figuras mais populares da Cisjordânia e da Faixa de Gaza; um homem carismático de 67 anos e mentor de atos dos mais sangrentos por parte do terrorismo internacional. Cerca de 200 mil pessoas, simpatizantes do Hammas e de outros grupos extremistas palestinos, invadiram as ruas de Gaza, pedindo vingança, após o assassinato de Ahhmed Yassin.

O Hammas foi criado em 14 de dezembro de 1987, pouco antes da primeira Intifada, por um grupo de militantes islâmicos que diziam fazer parte dos Irmãos Muçulmanos, entre os quais se encontrava o xeque Yassin. O objetivo do Hammas era contra-atacar a influência do Jihad Islâmico, um pequeno movimento integrista de inspiração pró-iraniana, mas também a do Fatah, ao qual criticava pelo fato de dar prioridade à luta nacionalista e à independência, deixando de lado o aspecto de ajuda social. Ao longo dos anos, o Hammas desenvolveu uma ampla rede de ajuda social e de obras de beneficência, principalmente escolas, o que explica sua influência crescente nos territórios palestinos.


Xeque Yassin

Os três

Yassin está entre os três principais líderes palestinos mortos em décadas de conflito. Em 16 de abril de 1988, Khalil al-Wazir, mais conhecido como Abu Jihad, foi fuzilado em sua casa na Tunísia por um grupo de extermínio israelense. Abu Jihad, morto no quarto mês da primeira intifada palestina, era vice de Yasser Arafat na Organização da Autoridade Palestina (OLP) e um terrorista de velha lembrança para os israelenses.

Em 5 de janeiro de 1996, Yahya Ayyash, conhecido como “O engenheiro” e acusado de ser o autor intelectual de diversos ataques suicidas palestinos, foi morto em Gaza, quando seu telefone celular explodiu em suas mãos. Os palestinos culparam o Estado de Israel, que negou qualquer participação no atentado.

Em represália, o Hammas lançou quatro atentados suicidas que mataram 59 pessoas em três cidades israelenses em nove dias, entre o fim de Fevereiro e o começo de Março do mesmo ano. É a violência, como sempre, gerando mais violência (estão lembrados?).

2 Comments:

At 4:18 PM, Anonymous Anônimo said...

Carlinhos,
bah guri mil desculpas por nao ter respondido teu email ainda..... to simplesmente acabada!!! a nathy pode confirmar, faz uma cara q nao nos encontramos!
o kaitz eh mto foda, tem mais materia q nao sei o q, provas toda semana, mais trabalho e vida de oleh chadash, acho q tu entende, neh?! hehe
bom, no mais tudo bem. jah tah todo mundo com mtas saudades tuas!!! mas igual tenta aproveitar ao maximo teu tempinho ai de sombra e agua fresca......
bah, e esse pais tah pegando fogo com a saida de gaza. nao se fala em outra coisa. fazer ver como vai ser o final...
mts bjs e te cuida ai!!!

 
At 11:26 AM, Anonymous Anônimo said...

Eh verdade, to morrendo de saudades!!! E a Ellen, tadiinha, ta enrolada mesmo! :D
Te amo, lindo...
Beijos

 

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