sábado, outubro 01, 2005

Sai da frente!!!

Vocês sabem o que é um buldozzer?
Não sei se já viram (eu nunca tive o prazer), mas é um daqueles tratores usadas pra escalar vulcões. Um trator gigante, que passa por cima de tudo como se desfilasse por uma gramado macio.
"Gvirotái verabotái" ("Senhoras e Senhores"), esse é Ariel Sharon.

Agora aqui, entre nós. Nunca imaginei que iria torcer algum dia para o Sharon ganhar qualquer coisa, seja ela eleição para primeiro-ministro ou para síndico do prédio.
Mas torci. Senhores, explico.

No início da semana, Sharon venceu a besta do Netanyahu nas eleições internas do partido Likud. Besta porque tudo não passou de pirraça. Netanyahu tentou tirar Sharon do trono como castigo pela saída israelense da Faixa de Gaza.
O fim da história? O primeiro-ministro venceu, apesar da margem bem pequena. Foram 51,3% a favor de Sharon e 47,6% contra.
Na real, o Comitê Central do Likud rejeitou a moção de Netanyahu para que fosse antecipada para novembro a escolha da liderança da legenda.
Foi suado...



O antigo Sharon, chamado por aqui de "Buldozzer", continua o mesmo. Um pouquinho alterado no que diz respeito à sua tradicional linha política (alguns dizem que foi só uma mudança de marketing, outros que foram adaptações para se manter no poder), mas forte. E, sobretudo, político. Também explico.
Durante o processo, o premiê tentou agradar os direitistas do Likud prometendo que Israel nunca abrirá mão dos grandes assentamentos que possui na Cisjordânia, doce lar de 245 mil judeus e quase dois milhões e meio de palestinos.
Podem chamar o Sharon de tudo, menos de corajoso. É um leão que assume o que faz. Basta lembrar da época da hitnatkut, a saída de Gaza (há pouco mais de um mês). Quando agentes do marketing laranja jogaram ácido nas tropas do exército em Kfar Darom, ele veio à público e não fugiu do pau:

"Não ataquem os soldados, ataquem a mim. Eu sou o único responsável"

É... o quiprocó ainda está por vir...


Para matéria do Jerusalem Post (em inglês), clique aqui!
Para artigo do Haaretz (em inglês), clique aqui!

ps1: Não é a primeira vez que critico as tais "leis da kashrut" aqui no Blog do Bean. Chamem-me de herege, de ateu, do que queiram. Mas têm umas coisas que realmente são sacanagem.
Não dá pra entender, por exemplo, o que acontece lá no meu trabalho.

Aliás, um parênteses.
Nessa semana trabalhei como um cavalo (com todo perdão a esses queridos mamíferos equinos). Meus pés doem, minhas mãos doem, minhas costas doem. Se algum comentário no post de hoje sair da linha, culpa da labuta...

Bom, mas falava da kashrut, as leis de alimentação judaicas.
Trabalho na cozinha do hotel, sendo o único judeu entre mais de 30 árabes cozinheiros. No mural da cozinha, um grande aviso em hebraico chama a atenção:

"O acendimento de fogões, fornos e outros aparelhos, bem como fritura
de alimentos deverá ser realizada única e exclusivamente por um judeu."

Putz, estão de sacanagem mesmo.
Na prática, o que acontece é que de tempos em tempos sou obrigado a abandonar o que estou fazendo e atravessar a cozinha simplesmente para acender um fósforo ou colocar uma panela de beringela no óleo quente. Porque os árabes não podem. Não é kasher...
O pior de tudo é o Shabat, o sábado. Ontem (sexta), faltando pouco mais de meia hora para ir embora e começar a aproveitar o fim de semana, meu chefe me solta essa.

"Você sabe que amanhã você trabalha, né!? Mas você deve vir andando,
à pé, porque é shabat. Senão te mandam de volta pra casa."

Mas que porcaria de kashrut é essa que se trabalha no Shabat mas ir trabalhar de carro não pode?

ps3: Seria alguma favela carioca? Um bairro da periferia de São Paulo?
Quem sabe uma parte pobre da região metropolitana de Belo Horizonte...
Não.
Essa é uma rua comum do campo de refugiados de Jabalya, no norte da Faixa de Gaza. São mais de 100 mil pessoas que dependem de empregos dentro de Israel para sobreviver.
Às vezes é bom a gente ver antes de abrir a boca. Aliás, venho cada vez mais me habituando a ver e ouvir mais e falar menos.
Até porque nunca fui de falar muito...


Trilha sonora do post: Por onde andei, Nando Reis

5 Comments:

At 10:20 PM, Blogger Nikolas Spagnol said...

Você anda exausto mesmo... No começo do texto, você disse: "Podem chamar o Sharon de qualquer coisa, menos corajoso". Acho que você quis dizer "menos medroso".

Gozado que eu também, acompanhando mais ou menos o noticiário da Terra Santa que chega nestas paragens ultra-marinhas, tenho recentemente nutrido simpatia pelo Sharon, um cara que há 5 anos eu queria ver morto.

Abraços.

 
At 11:12 PM, Blogger Carlos Reiss said...

Pois é, Nikolas... ando exausto mesmo. Era exatamente isso que eu queria dizer!
tô precisando de outras férias...

 
At 1:36 PM, Anonymous Anônimo said...

Otimo post! Como sempre.
Melhor ainda a musica de fundo... Comecei a ler e veio a musica. Confesso q no inicio nao entendi bem. hehe
mas maravilha!
Bean, um ano novo show de bola pra ti!!! Com mais conquistas ainda!!! Ah, parabens tb pelo blog novo! eu nao curto nada de futebol israeli entao nao espere q eu leia lah mas igual imagino q deve estar otimo como o blog do bean.
Gde bj

 
At 7:42 PM, Blogger Ana said...

olá!
hoje é Rosh Hashaná, não é? Vim aqui pensando que teria um post sobre isto - quer dizer, sempre venho aqui - mas hoje pensei que vc fosse escrever algo a respeito. É hoje ou não é o começo do ano 5766?
Um Abraço

 
At 8:32 PM, Anonymous Anônimo said...

Agora sim eu ouvi a música!
Michel.

 

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