Carta aberta a Bill Clinton
Caro senhor ex-presidente Bill Clinton,
não pude deixar de comparecer nessa noite.
Apesar de um pouco escondido, atrás de uma árvore dentro da Praça Rabin, em Tel-Aviv, assisti a seu discurso e escutei suas palavras de amor para com o homenageado da noite.
Não duvido que o senhor o amava e o admirava.
Dez anos depois, mesmo como um pontinho distante entre quase 100 mil pessoas, senti sua sinceridade. Mais que apontar as qualidades de Yitzhak Rabin, o senhor soube enxergar uma das obsessões do primeiro-ministro israelense assassinado. Com exatidão.
O senhor afirmou que se Rabin estivesse conosco hoje, diria que se as pessoas acham que ele fez um grande sacrifício, que continuem seu trabalho. Rabin sabia que estava arriscando a vida. O senhor também sabia.
Porém, ao ver a multidão que tomou conta da Praça Rabin, antiga Praça dos Reis de Israel, tenho a convicção de que nada foi em vão. Pelo tom de sua voz, pelas palavras bem escolhidas, estou certo de que o senhor também crê que nada foi em vão.
Porque vencemos.
Nossas idéias, as mesmas de Rabin, ainda estão vivas. Idéias de tolerância, de convívio, de paz. Nada de fitas laranjas. Nada de ódio.
Senhor Clinton, agradeço sua presença em minha casa, em meu país. Agradeço também por ouvir de sua boca, dessa vez ao vivo, a célebre frase "Shalom Chaver".
Nunca soube de nenhum presidente ou ex-presidente dos Estados Unidos que cantou o hino de outro país. Em alto e bom tom. Com um sorriso no rosto.
Sei que foi de coração. Foi pelo seu amigo, que hoje é relembrado por milhares de pessoas. Foi por todos que estavam na Praça. E foi também, nem que seja um pouquinho, por mim.
Obrigado.
Para matéria do Ynet (em inglês), clique aqui!
Para matéria do Haaretz (em inglês), clique aqui!
Para nota do ElReloj (em espanhol), clique aqui!
ps1: Não foi um ato político.
Até porque, se fosse, pensaria umas oito vezes antes de sair de Jerusalém num sábado à noite até Tel-Aviv. Apesar da infinidade de membros de movimentos juvenis com camisetas, adesivos e até balões de partidos políticos, ninguém conseguiu estragar a lembrança.
Impressionou bastante gente o número de crianças e pré-adolescentes que compareceram à praça.
Crianças que, há dez anos, aprendiam a engatinhar. Muitos tiveram irmãos que, na semana pós-assassinato, faziam vigília na praça acendendo velas. Foram consideradas "as crianças das velas".
Ontem, "os irmãos das crianças das velas" compareceram. Juntamente com os pais, os tios, os avós. Assistiram cantores antigos (como David Broza e Aviv Gefen) e também o pessoal da nova safra (como Mosh ben Ari e a bandinha "fogo de palha" Shotei Hanevuah).
Ouviram discursos, aplaudiram. Um formigueiro humano estático. Atento durante mais de uma hora e meia.
Mais que as palavras dos políticos, mais que as músicas que repetiam "paz, paz,", emocionei-me com as crianças.
Aquelas que, ao contrário de todo adulto israelense, não têm idéia do que faziam na noite de 4 de Novembro de 1995. Mas que, na noite em que relembramos o líder Rabin, estavam presentes. No mesmo lugar de dez anos atrás. Seja acendendo velas, segurando bandeiras ou tentando correr no meio da multidão. Estavam lá.
Foi o melhor da noite.
(Prometo que, nos próximos posts, estarão fotos do Bean no ato do Rabin...)
ps2: Não quero que o post de hoje fique deprê. Não há razão.
Fugindo um pouco do tema, para os leitores do "Blog do Bean", coloco mais um "extra".
Pouca gente tem comentado por aqui, por isso continuo tentando agradá-los. Nem sei muito o porquê. Acho que é difícil agradar todo mundo. Coloco hoje aqui um link para o clip "Ze lo oto davar" ("Não é a mesma coisa"), do cantor israelense Ivri Lider.
Ivri, de 31 anos, apareceu no cenário da música israelense em 1997, mas só foi explodir em 2000 (quando recebeu vários prêmios por seu segundo álbum). Hoje é um dos queridinhos das (e dos) adolescentes.
Abaixo, o cantor Ivri Lider.
Para ver o clip, clique aqui!
9 Comments:
muito bom esse post...mas chamar Shotei Hanevuah de "fogo de palha" foi ridículo!
obrigado pelo elogio, sr. anônimo.
Agradeço também pela crítica. Opiniões são opiniões.
Se todos tivessem a mesma, o mundo seria muito chato...
Coé Bean...recebi o recado da sua irmã, mas não chegou nenhum e-mail... Me manda de novo! tudo de bom procê...tô te esperando pro jogo contra o XV de Piracicaba. Vamoooo!
Ola! vim te agradecer por prometer as suas fotos no ato ;)
Beijos
Puta que pariu, Carlinhos! Mandou muito bem! O ato foi emocionante, mas ficou mais emocionante ainda depois que li o que voce escreveu e a maneira como viu o que passou naquela noite, sabado passado. Eu escrevi - hoje e ontem - sobre a noite do outro sabado, dez anos atras. Do "dez anos depois" me marcou a briga que vi. Te mando as fotos asap!
Post maravilhoso!!!
Pra variar.
Fiquei emocionada qdo li. Parabens Bean!!!
Bjs
ola!!
como meu querido madrich ja disse... o recado foi passado adiante!!
mas to escrevendo pra falar q tb mem emocionei com o post e ja to mandando um email pro canal do dror com um link pra ca... para q todos se emocionem tb...
aproveitando a oportunidade... me mande o artigo q vc escreveu pra revista do rio (vamos mandar imprimir a nossa quarta feira!)
bjaoo...
c mta saudade!!!
dé
Olá,
Gostei muito do post, tô tentando me posicionar mas como sempre tô perdida. um beijo.
ôÔÔÔÔÔ^Bean...
tranquilo? Valeu pelas respostas p mimnha peula. Escute, ve se faz uma matéria ai de coisas brasileiras q fazem sucesso em eretz tal como açaí (ouvi dizer que é moda), guarana etc e tal..
Abraçao
Rodrigo Amar.
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