A guerra da língua
Não importa o assunto, não importa o campo científico.
A idéia é basicamente a mesma.
Quanto mais estudamos, maior é a impressão que não sabemos nada.
Sabe quando você tem certeza que alguma coisa é falsa e mesmo assim continua acreditando que pode ser verdade? Um sonho, por exemplo. É o que me acontece com esse tal de "hebraico". E com essa falsa frase.
Todos os dias, leio textos escabrosos e aprendo verbos bizarros em hebraico. Alguns deles não consigo traduzir para o português. Outros, ao procurá-los no dicionário, encontro coisas em português que nunca havia escutado.
E assim vamos.
Meu hebraico tem dias e dias. Ontem, por exemplo, "tava com a macaca".
No gramado em frente ao prédio de onde estudo, conversei por mais de uma hora e mai com uma moça do Ministério de Absorção. Não sei o que aconteceu, mas o hebraico saiu. As palavras, os verbos, as conjugações. Tudo isso sem ficar pensando. Saiu naturalmente. Ganhei elogios.
Logo depois, tinha que ler um artigo de um jornal, para a aula. Viajei. Não saiu. Parecia grego, chinês.
Às vezes, meu hebraico é melhor que meu português. Às vezes, é pior que meu chinês...
ps1: Dois brasileiros, um espanhol e uma argentina.Uma tarde ensolarada de um "quase-verão" em Jerusalém. Cadernos espalhados por uma mesa. Calculadoras. O retrato de uma prova de Estatística de 3 horas de duração que teríamos no dia seguinte.
Vida de estudante.
Hoje, estávamos na aula de inglês do TAKA (o nome do programa) lendo um trecho do livro Evelyne, do irlandês James Joyce (Bean também é cultura, às vezes!). Um bonito romance.
A professora, o estereótipo da bruxa, não pára de fazer perguntas.
"Por que Evelyne está triste e cansada?"
Isaac, o espanhol, quis responder.
"Talvez ela esteja trabalhando demais. Ou talvez esteja fazendo o TAKA."
ps2: Sim, o gordo esteve aqui. Todos sites, periódicos, telejornais e rádios cobriram. Acredito que também tenham falado disso em exaustão no Brasil.
Ronaldo passou menos de um dia por aqui. Algumas horas em Hertzlia, nos arredores de Tel-Aviv, e outras em Ramallah, na Cisjordânia. O cara tem um título bonito: embaixador da Boa Vontade do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
Não quero ficar fazendo resumo de notícias aqui. Colocarei os links mais abaixo. Mas quero fazer um comentário sobre a visita que aliou "marketing e promoção pessoal" a "uma mão à coexistência".
Em Herzlya, Ronaldo ficou o tempo inteiro com o vice-premiê israelense (sim, existe um vice-premiê. Tem coisas que só existe na política israelense!) Shimon Peres. Assisti ao telejornal da noite. Arranjaram uma tradutora para o Ronaldo. Uma brasileira.
Frente às tvs de todo o mundo, o atacante (e embaixador) disse à Shimon Peres.
"Estar aqui é uma emoção única. É uma contribuição do futebol, que consegue unir dois povos que vivem em conflito. Jogando futebol juntos, crianças palestinas e israelenses vão crescer pensando diferente."
Sem querer ser prepotente, chato, metido ou cri-cri; mas o sotaque da tradutora conseguiu me dar vergonha. Abaixo, o gordo e a múmia.
Para ler matéria do Haaretz (em inglês), clique aqui!
Para ler matéria do portal Terra, clique aqui!
Para matéria da BBC Brasil, clique aqui!
Deu, né. Chega de Ronaldo.
ps3: E hoje fui devidamente convocado para o meu serviço militar no Estado de Israel. Serão seis meses como soldado de verdade.
Mas não agora. Aqui, todos que estejam estudando têm seu serviço adiado.
Isso, porém, não impede que, no próximo dia 2, me apresente ao "lishkat guius" (alistamento) de Jerusalém (sob pena de ser preso caso não compareça!!!). Munido de algumas cartas oficiais que dizem que sou estudante, chegarei cedo. E meu serviço militar será postergado.
Não cancelado. Um dia, estarei servindo as Forças de Defesa de Israel. Essa mesmo, que sempre critico aqui no Blog. Mas acho que eles podem esperar uns três anos...
ps4: Querem cutucar onça com vara curta. Ou pior.
Cinco israelenses judeus foram presos acusados de planejar um ataque ao Monte do Templo, em Jerusalém. A ação foi conjunta entre a polícia e o Shin-Bet (o FBI de Israel).
Um pequeno parênteses.
Nesse local, localiza-se o famoso Domo da Rocha, a Cúpula de Al-Aksa. Exatamente lá, os muçulmanos acreditam que Maomé tenha subido aos céus com seu cavalo. E, também exatamente lá (que falta de criatividade), os judeus acreditam que tenha acontecido o episódio do "quase-sacrifício" de Itzhak por parte do profeta Avraham (acho que é mais ou menos isso. Estou cada vez pior nesses assuntos).
Até que chegue o Messias, os judeus estão proibidos de pisar no Monte do Templo. Eu, com meu passaporte brasileiro, conheci o lugar há 6 anos. Se não ia pro inferno antes, depois dessa...
Mas voltando ao caso dos presos.
Segundo informações do jornal Haaretz, o grupo planejava mandar um míssel lá em cima e depois cometer suicído (é cada idéia maluca que esse povo arruma...). A história é comprida, assustadora e por que não esdrúxula.
Para ler o artigo inteiro (em inglês), clique aqui!
4 Comments:
Bean, para o seu PS3:
"45% of those called, don't serve"
http://www.israelblog.org/1036125540/
e principalmente este pdf (11 pag), a 'must read':
"IDF Refuse-nicks - FAQ"
http://www.shtull-trauring.org/aron//Community/faq.pdf
Querido, assustada mesmo fiquei quando vi hebraico em braile, em um jardim para cegos (com muitos cheiros...), no norte de Israel, mas agora não me ocorre o nome do lugar.
Não poderia ser diferente, de fato o "gordo" em Israel foi o comentário do dia. E o episódio da mesquita veio logo depois no Jornal Nacional.
Sobre o alistamento, comece a pensar no seu pós-doutorado ou vire ortodoxo.
Ô Bean, tem jeito de alistar pruns serviços "light", ou seja, algo que não envolva invadir território dos outros (segundo a ONU)?
Têm pensado em virar "refusenick"?
Bom, em último caso, é só engordar uns 20 quilos. Duvido que eles vão convocar gordinhos pra ficar atrasando a tropa (o único soldado gordo que se tem notícia é aquele do filme "Full Metal Jacket").
Amigo, mineiro, de BH,
foi por acidente que entrei no seu blog. Eu estava procurando umas fontes hebraicas na net e, por curiosidade de saber o que um mineirinho fazia em Israel, continuei lendo os textos que você escreveu. Achei que você conseguiu dar bastante informação de um jeito muito bem humorado.
Cara, o que você tá fazendo ai???
Só de curiosidade: o mundo todo só fala de judeus, judeus... cadê as outra 11 tribos de Isrrael? Onde estão os Levitas, os Benjamitas, os Rubenitas, os Gaditas? Só Judá que se deu bem na parada? E o Rúbem, que era o primogênito de Jacó, quero dizer, Israel?
Outra curiosidade: há mesmo 12 portas na cidade antiga de Jerusalem, uma das quais se chama "fundo da agulha" (referência ao texto que fala "...mais fácil é o camelo passar no fundo da agulha do que um rico entrar no reino dos céus..." - Jesus Cristo)?
Um abraço!
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