sábado, abril 09, 2005

Igual mas diferente

Ontem não trabalhei em festa de casamento alguma. Até porque ninguém se casa aqui nas Sextas-Feiras.
A bola da vez foi um Bat-Mitzvá.

Um parênteses:
Nos últimos tempos, costuma-se realizar a cerimônia de Bat-Mitzvá para as meninas, "equivalente" ao Bar-Mitzvá dos meninos. À partir dos 12 anos, as judias são responsáveis por cumprir com os preceitos e mitzvot (mandamentos) do Judaísmo.
Esse costume de celebrar o Bat-Mitzvá tem relação direta com o avanço dos direitos da mulher e todas as transformações iniciadas a partir da década de 1920. Considera-se a filha do rabino Mordechai Kaplan como a primeira "Bat-Mitzvá" conhecida publicamente. Esse rabino foi o fundador da linha reconstrucionista no Judaísmo religioso, o que corresponde mais ou menos entre o conservador e o reformista. Isso quer dizer que os ortodoxos não celebram Bat-Mitzvá, até porque parece não existir nenhum relato nos "livros sagrados" sobre essa festa.

Mas voltemos ao dia de ontem.
Cheguei bem cedo. Arrumei todo o salão, junto com um sujeito árabe chamado Samer. Mesas, cadeiras, toalhas, talheres, copos, guardanapos, mesa de saladas, de café. Depois, fui montar o Kabalat Panim (a Recepção, com o bar e os salgadinhos).
E chega a família. A menina, uma loirinha mais maquiada que drag-queen. O pai, um senhor bem gordo, fumando sem parar e comendo todos os salgadinhos antes da hora. A mãe correndo pra lá e pra cá. E os dois irmãos menores ensaiando o discurso no microfone.
As pessoas começam a chegar. Recolho pratos, sirvo bebidas, indico o banheiro e até converso com um velho louco que debruçou no bar e explicava que estava bebendo tanto vinho "para compensar as pessoas que não puderam vir". De tanto servir vinho pro cara, acabei deixando uma garrafa pra ele de presente.
A menina, a Bat-Mitzvá, parecia preocupada. Alguém que ela queria muito que viesse, não chegava. A mãe explicava que a tal pessoa acabara de sair do hospital, que iria se atrasar. A menina chorou, fez pirraça.

"O que você quer, minha filha? Me diga. Quer começar o discurso?"
"Não, não quero nada!"

Pirraça mesmo. Coisa de menina de 12 anos.
E a festa começou. Os discursos vieram e tudo acabou bem tarde.
Depois de 9 horas de trabalho, cheguei em casa (fui sentar para almoçar no hotel quando já passavam das 4 da tarde). Dormi às 18h30, acordei hoje às 9h30. Apelei.
E fico por aqui. Preciso estudar. Amanhã começa tudo outra vez...

ps1: Todos os jornais, sites, rádios e tvs noticiaram. Não posso deixar de comentar.
Ontem, no funeral do Papa João Paulo II, chefes de Estado de todo o mundo comparecem. Dentre eles, o presidente de Israel, Moshe Katzav. Dentre eles, o presidente da Síria, Bashar el-Assad. Dentre eles, o presidente do Irã, Mouhhamed Katami.
E eles se encontraram. E trocaram cumprimentos.
O presidente israelense e o sírio cumprimentaram-se por duas vezes!!! Segundo o líder sírio, o aperto de mãos todavia não tem nenhum significado político.
É bom lembrar que Israel e Síria não possuem relações diplomáticas, e que as conversações de paz entre os países foram encerradas no ano 2000, quando o primeiro-ministro israelense era ainda o trabalhista Ehud Barak.

Katzav, que é iraniano de nascimento, conversou com Katami no idioma farsi.
O presidente iraniano foi enfático em declaração à rádio oficial do Irã. "Eu nego categoricamente que apertei a mão de Katzav, que me encontrei ou que falei com ele". Mas fontes disseram que os dois conversaram por bastante tempo. Dentre os assuntos, a cidade iraniana de Yazd, cidade-natal de ambos os líderes.
Israel não tem relações com o Irã desde a Revolução Islâmica de 1979.

Quanto ao Irã, não quero ser pessimista, mas creio que os senhores foram apenas cavalheiros. O enterro do Papa não seria a melhor das ocasiões para demonstrações de ódio ou de repugnância. Foram cavalheiros. Nada além disso. Uma pena.
Quanto à Síria, ainda tenho esperanças. Sites norte-americanos (como o Newsmax.com) informou que Assad teria até se disponibilizado para o reinício das conversações, desta vez com Sharon. Quem sabe...
Na foto, o senhor de cabelos brancos é o presidente de Israel. Logo atrás dele, o presidente sírio. O crédito da foto é do Canal 2.


Encontro Histórico?


Para ler a notícia no Jerusalem Post (em inglês), clique aqui!
Para ler a notícia no Haaretz (em inglês), clique aqui!
Para ler a notícia no Ynet (em hebraico), clique aqui!

Ah, e antes que eu me esqueça. Uma curiosidade. Apenas duas pessoas ainda vivas foram citadas no testamento do Papa João Paulo II. O arcebispo Stanislaw Dziwisz, seu secretário particular, e o ex-Grão Rabino de Roma, Elio Toaff. Segundo o papa, "como poderia deixar de me lembrar do Rabino de Roma?"

ps2: E vem mais trabalho por aí. A Associação dos Hotéis de Israel (IHA) divulgou esta semana que cerca de 250 mil turistas passarão em hotéis o feriado de Pessach, o que representa um aumento de 30% em relação ao ano passado.
O Ministro do Turismo Avraham Herschson está todo empolgado. Eu, nem tanto...