Aqui não é Sodoma. É Jerusalém.
Depois de uma polêmica decisão da Suprema Corte de Israel, realizou-se enfim a Parada Gay em Jerusalém.
E, no fim, tudo quase terminou em tragédia. Como era esperado.
E, no fim, tudo quase terminou em tragédia. Como era esperado.
Na noite de quinta-feira, cerca de 2000 pessoas concentraram-se no centro da cidade, na rua Ben Yehuda, e partiram em direção a um parque próximo aqui da minha casa.
Com o tema "Amor sem fronteiras", a parada também tinha outras pretenções. Uma participante, que veio de Haifa, afirmou que "o arco-íris une a todos, pessoas contra e a favor da evacuação de Gaza". E era essa a idéia.
Tudo poderia ter corrido tranquilamente, como todas as paradas desse estilo que acontecem pelo mundo. Mas não.
Havia, aqui, um grande obstáculo. Aqueles mesmos, os que se vestem de preto.
Não é preciso afirmar que a parada foi alvo de muitos protestos por parte dos judeus ortodoxos.
"Homossexualismo é imoral", dizia um dos cartazes carregados pelos oponentes. Na entrada de Jerusalém, pessoas erguiam um cartaz com a frase: "Bem-vindo à Sodoma".
Querem o fim da história?
Um "louco de peiot" esfaqueou três participantes da parada.
No incidente, que ocorreu exatamente no momento em que os participantes alcançavam um cruzamento que passo todos os dias, o agressor atacou a facadas um homem de meia-idade que acompanhava o desfile com suas duas filhas adolescentes.
Em seguida, feriu uma jovem e um terceiro homem, que sofreram apenas lesões leves.
Segundo estimativa da polícia, cerca de 200 religiosos foram ao local da parada. E, apesar dos protestos que incluiu gritos de "doentes" e "pedófilos", o eventou prosseguiu.
Fiquei pensando com os meus botões.
A comparação exdrúxula entre homossexualidade e pedofilia é similar à acusação de que os judeus preparam matzá com o sangue dos cristãos. Mas não, a insistência dos religiosos não tinha fim.
Fiquei tentando imaginar uma conversa entre mãe e filho ortodoxos.
_ Mãe, eu ouvi que pessoas más que sodomizam crianças estarão nesse desfile.
_ Sim, meu filho. serão eles.
_ Mas por que logo aqui em Jerusalém, mamãe?
_ Não sei, filho. Ao invés de fazerem isso, eles deveriam procurar um tratamento. São doentes.
_ Mãe, não quero sair de casa hoje. Estou com medo!
Credo, ficou um diálogo meio trash, meio surreal. Mas não deve ter acontecido algum papo muito diferente disso.
Não sou homossexual nem simpatizante, porém tive mais uma vez que tomar partido. Esses religiosos aqui me tiram cada vez mais do sério.
Ah, e o louco das facadas foi preso. Menos um.
ps1: Agora acabou a brincadeira! Nada de juntar os amiguinhos de laranja e ir para Gaza aprontar confusão.
O Exército de Israel declarou a Faixa de Gaza como "área militar fechada".
Depois de mais um dia de violência em Gush Katif, o Ministro da Defesa Shaul Mofaz reuiniu a alta cúpula do exército e ordenou que Gaza fosse fechada.
A entrada nos assentamentos está, a partir do meio dessa semana, permitida apenas para os moradores dos 21 assentamentos da região. Para quem quiser sair, a porta da rua é a serventia da casa. E muito obrigado.
Ouvi ontem uma frase boa do Sharon.
Sim, de vez em quando ele solta uma boa.
"O vandalismo não é estilo do judaísmo".
Está aberta a temporada de caça aos agentes violentos do marketing laranja. A frase é do próprio senhor Sharon.
"Os cidadãos do país devem compreender esse perigo, e deve ser tomada
toda medida possível para terminar com essas desordens."
Se precisar de ajuda, senhor, estou aqui. À sua disposição...
ps2: E para quem AINDA acha que os laranjas são maioria no país, uma pesquisa do Yediot Acharonot mostrou que o aumento no número de manifestações violentas da direita fez com que a porcentagem de apoio ao plano de desconexão aumentasse em todo o país.
Tudo isso já dá para ser percebido até mesmo em Jerusalém.
Contra as famosas fitas e bandeiras laranjas, já estão circulando pela cidade em bolsas e carros uma porção de fitas da cor azul. Exatamente, à favor da hitnatkut (a desconexão)!
E continua a guerra das cores em Israel. E que seja no máximo e apenas de cores...
ps3: Coloco aqui um link para assistir a um show do grupo israelense Gaya.
Ele foi realizado no último dia 5 de Junho, aqui em Jerusalém, para um grupo de turistas (o famoso programa Taglit-Birthright).
Um show de percussão, batucadas, músicas típicas e famosas. Vale a pena assistir um pedaço.
Para ver o show, clique aqui!
Depois, na coluna da esquerda, clique em "Gaya - part 1" ou "Gaya - part 2".
Uma dica. Clicando na parte 2, é possível assitir logo de cara a música mais famosa do grupo: Shir Haahavah (Canção do Amor), mais conhecida como Iachad ("iárrad", juntos).
3 Comments:
Pô, esse cara do Gaya parece o MacGyver! Fala sério. Boa... Sobre a polêmica dos arco-íris, dos pretos, dos laranjas e dos azuis, pena não ficar apenas nas cores - e sair pra porrada e pros esfaqueamentos. Que cada um leve o que merece (em geral, para esses extremistas, cadeia). E que a vida siga em paz por aqui... Falow, Carlinhos! Amanhã passo na sua casa!
Dá um certo alívio saber que a popularidade dos laranjinhas vem caindo continuamente.
Gostaria de ter a mesma notícia sobre os urubus que se dizem religiosos. Se dizem, porque até onde eu sei, tá escrito numa parada que um brother pegou no alto do Sinai "não matarás".
Há alguma pesquisa versando espeficamente sobre a opinião dos israelenses sobre os urubus, tipo, o que um israelense que trabalha, serve ao exército, paga impostos, acha de sustentar essa cambada e suas ninhadas? Se houver, favor veicular no blog.
Os isralenses cujos peiot não consumiram seus cérebros precisam enxergar de uma vez por todas que, se não abrirem o olho rápido, esses "religiosos" vão acabar com Israel ou, no mínimo, transformar o país no Irã.
Abraços
André
Ah! Uma dúvida que me ocorreu. O fato de o cara (como o enéas que foi preso) ser "religioso" não muda nada no processo e no julgamento dele, né?
Acho até a pergunta meio besta mas, sei lá, esses caras têm tantos privilégios que mais um, menos um...
André
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