terça-feira, março 27, 2007

Em breve...

Peço desculpas, meus caros leitores, pela ausência prolongada.
Estou de férias no Brasil, comendo feito um javali enlouquecido.

Prometo não abandoná-los, meus caros.
Ainda mais agora, quando este humilde blog está prestes a embarcar numa fantástica jornada nunca antes imaginada.

Ficaram curiosos?

É pra ficar.

Valerá a pena...

quinta-feira, março 15, 2007

Sempre no mundo dele...

Vladimir Koklachov já está há 5 anos em Israel.
Foi mais um filho da União Soviética que colocou seus pés por aqui em busca de uma nova vida.

O jovem russo de 23 anos estudou no Ballet Bolshoi, em Moscou, e hoje vive na litorânea e "russada" cidade de Ashdod, no sul de Israel.

Vova, como é conhecido, não fala hebraico. Ou fala muito pouco.
Resolveu, mesmo assim, participar das preliminares para o programa de televisão "Nolad Lirkod" ("Nascido para Dançar"), um reality show estilo American Idol - mas para dança ao invés do canto.

Confesso a vocês, leitores, que não gosto de dança.
Mas Vova tem um estilo diferente.
É mais palhaço que bailarino...

Em sua primeira aparição para os juízes do programa, Vova despertou simpatia.
Disseram que ele não era um excepcional dançarino, mas se encaixava na proposta do programa.
Uma jurada até encrencou com o fato de Vova ainda não falar hebraico, mas no fim ele se classificou.


"Você também escolheu ser um pouco palhaço, e isso é bom."

Vova foi desclassificado nas quartas-de-final, apesar da implicância e tentativas de alguns juízes em eliminá-lo antes (a vencedora foi uma baixinha de 21 anos de Rishon LeTzion).
Mas ele foi sobrevivendo, graças ao público que votava por telefone e o salvava dos "paredões".

Porém, apesar de tudo, Vova foi o responsável por eu ter assistido, pela primeira vez em minha vida, um programa de dança na televisão.
Às quartas-feiras à noite, sentava na frente da tv e pensava: "o que esse maluco preparou para hoje?"
Sempre calado e fazendo caras engraçadas, Vova era uma atração a parte.

Um dia, elogiado pelo apresentador Zvika Hadar, Vova sorriu com um olhar perdido e despertou a reação de Zvika: "esse é Vova, sempre no mundo dele..."
Eu até brincava que Vova era um autista engraçadíssimo...

Abaixo, dois solos de Vova.
No primeiro, Vova dança "Family Portrait", da cantora Pink.



No segundo, Vova faz um rapaz que está atrasado para um encontro com sua amada...



Para assistir ao teste de Vova para entrar no programa, clique aqui!

ps1: Nesse final de semana, fui ao Kibutz Hatzerim.
Na porta do quarto em que nos hospedamos, um adesivo no armário chamou-me a atenção.


"Apenas um 'trouxa' acreditaria em Netanyahu pela segunda vez".

Perguntaram-me um tempo atrás aqui quem no cenário político israelense teria força suficiente para tornar-se primeiro-ministro e montar um gabinete decente.

Se montará um gabinete decente não sei, mas eu (e boa parte do país) apostamos nossas fichas na ministra das Relações Exteriores e atual número 2 do governo de Olmert, Tzipi Livni.
Se tudo correr sem maiores problemas, Livni (a segunda mulher, atrás apenas de Golda Meir, a chefiar a pasta de assuntos internacionais) deverá ser a nova chefe de governo israelense.

Apesar de estarmos longe das eleições, as propagandas já começam a pipocar.



Livni é filha de um imigrante polonês que também chegou a Knesset.
Foi tenente no Exército e trabalhou para o Mossad no início da década de 80.

Foi também ministra da Justiça, apoiou incondicionalmente a retirada dos colonos de Gaza e foi a primeira política da direita israelense a participar do ato de memória ao ex-premiê Yitzhak Rabin, em novembro de 2005.
Uma semana depois, seguiu os passos de Ariel Sharon e deixou o partido Likud para ingressar no recém-criado Kadima.

Abaixo, Livni com Bush, em Setembro do ano passado.


domingo, março 04, 2007

Segurança = segurança?

Ok, eu confesso.
Dei uma sumida básica.
Mas como disse um dia o Rei, "eu voltei, agora pra ficar..."

E vamos ao que interessa.

Outro dia estava voltando a pé da taielet de Jerusalém quando fui informado de algo bem estranho nas redondezas.
A taielet é uma espécie de calçadão, um mirante mesmo, localizado no alto de um monte em Jerusalém.
Lá no finzinho, existe um restaurante - onde passei a trabalhar nas últimas semanas.



Porém, o que importa mesmo era a volta para casa.
De início, um helicóptero já sobrevoava a região.
Caminhando lentamente, comecei a levantar hipóteses: um terrorista solto, a escolta de algum político norte-americano, um ladrão de banco...

Até que avistei uma dezena de policiais fechando várias ruas a um quarteirão da minha casa.
Com cara de besta, tentei passar e fui barrado por três homens.
A solução: dar a volta no quarteirão de trás para tentar chegar em casa.

Já na avenida, o que vi foi uma operação de guerra: policiais, magávim (policiais de fronteira do exército), ambulância, bombeiros.

Era gente demais para um possível chefetz chashud ("rréfetz rrashúd", "objeto suspeito").
Em Israel, qualquer objeto suspeito deixado em locais públicos faz com que a polícia seja acionada: malas, bolsas, caixas, sacolas, não importa.
Na maioria das vezes, vem um robozinho e explode o objeto.

Mas não era chefetz chashud...

Abaixo, uma foto do que estava acontecendo na rua da minha casa...



Fiquei curioso. Óbvio.
Ninguém na rua sabia o que estava acontecendo.
Mas não demorei para descobrir.

Um jovem árabe entrou no banco Leumi com uma mochila, a poucos passos da minha casa, e avisou a moça do caixa que ele estava com uma bomba.

Não se sabe até agora qual era a intencão do rapaz.
Se quisesse explodir, teria explodido sem dizer nada.
Se quisesse roubar, teria dito "passa o dinheiro ou explodo".
Mas não. Apenas avisou que tinha uma bomba.

No fim, os policiais chegaram ao local, prenderam o sujeito e levaram a mochila para uma inspeção mais detalhada.
Descobriram que se tratava apenas de um computador lap-top.

Conversei dois dias depois com o segurança etíope (abaixo, de jaqueta preta).
Ele disse que checou a bolsa do rapaz antes dele entrar e não encontrou nada.
Aposto que estava sentadinho lendo um livro ou escutando músicas num i-pod...

A pergunta: por que todos os estabelecimentos em Israel possuem seguranças na porta, se eles raramente fazem seu trabalho?



ps1: A última do metalúrgico-ministro da Defesa Amir Peretz foi hilária.
Notícia em jornais do mundo inteiro.

Peretz recebeu um binóculo para observar uma manobra do exército israelense.
Só que esqueceu de um detalhe importante: abrir as lentes...
Patético...


ps2: No último post, recebi um comentário que não posso deixar passar em branco.

"N
a sua opinião, quem seria, no quadro político atual de Israel, capaz de fazer um pouco menos de merda que esses três patetas, além do chapolim adom?
Tem alguém no cenário político com força para se tornar primeiro-ministro e montar um gabinete decente?
Por aqui continua-se ouvindo falar apenas do Netanyahu e, em menor escala, do Barak."

Prometo responder em breve.
É uma boa pergunta...