terça-feira, novembro 30, 2004

Decepção.co.il

Hoje tentei fazer um e-mail novo pra mim. Não que eu não goste do meu e-mail ou do meu provedor, pelo contrário. Queria ter um e-mail tipo "israelense", que ao invés do famoso ".com.br" fosse ".co.il". Fui direto para um grande portal, o Walla!. Do estilo do Terra ou do UOL, o Walla! tem desde notícias, além de uma sessão de compras e disponibiliza e-mail próprio.
Fiz o cadastro direitinho. No final, me veio um aviso na tela, grande. "PARABÉNS! Seu endereço acaba de ser criado: carlosreiss@walla.com". Nem precisa dizer que feliz eu não fiquei...
ps: Separei um pequeno artigo da jornalista Guila Flint, publicado no site da BBC Brasil. Dá um exemplo sensacional do que representa o conflito aqui. O título: "Colheita de azeitonas é alvo de disputa entre israelenses e palestinos". Para ler, é só clicar aqui!
ps2: Hoje, em Tel-Aviv, houve uma reunião preliminar do comitê central do Partido Trabalhista (Avodá), que decidiria alguns detalhes sobre a eleição para a liderança do Partido. Falaram aqui que foi um caos, com direito até ao ex-primeiro-ministro Ehud Barak roubar o microfone da mão de alguém pra dizer alguma coisa. Coloco aqui a notícia na versão do Jerusalem Post e do Haaretz. E vou ainda contar um segredinho pra vocês, que ninguém sabe: "o Avodá está mais perdido que cego em tiroteio". Não espalhem...
ps3: essa eu morri de rir. Exercício militar entre Brasil e Argentina fere 5. É mais que cômico. É patético.

segunda-feira, novembro 29, 2004

Novidades virtuais

Duas belíssimas novidades já estão disponíveis na Internet. São jóias.
A primeira delas deu certa repercussão no mundo inteiro. É o banco de dados do Museu do Holocausto em Jerusalém (Yad Vashem) das vítimas do Holocausto nazista. Na página, é possível fazer uma busca detalhada de pessoas através de sobrenomes, locais, datas; é sensacional. Encontrei meus avós, bisavós, uma quantidade de gente que não acreditava que existissem registros.
O serviço já está disponível há alguns dias. Nos primeiros, houve cogestionamento na rede. Agora, é possível consultar sem maiores problemas. Para entrar, clique no banner abaixo.

Busca no Yad Vashem

A segunda novidade é que mais de cem filmes da coleção do Arquivo de Filmes Judaicos "Spielberg", dentre eles alguns filmados no começo da era cinematográfica, podem ser vistos agora pela Internet. O arquivo reúne a maior coleção do mundo em documentários judaicos (Holocausto, Israel, comunidades judaicas), incluindo também cópias inéditas de outros trabalhos dele. Não é possível copiá-los, apenas assistí-los via internet. Para acessá-los, basta clicar aqui!

ps: estou em vias de fato para fechar toda a burocracia do apartamento (e, convenhamos, que burocracia). Dentro de uma semana, terei um novo teto na cidade sagrada. Amén.

domingo, novembro 28, 2004

As xurumelas do Sionismo

Tem gente que fala demais, disso não tenho dúvidas. Hoje, pela manhã, tive tempo de pensar em várias coisas. Voltei alguns anos no tempo, passou um filme pela minha cabeça.
Imaginei um jovem judeu brasileiro, entre 15 e 20 anos, membro assíduo do Habonim Dror. Movimento sionista, socialista, kibutziano, todas aquelas coisas que gostam de falar. Na reunião, uma discussão fervorosa sobre Sionismo. Todos sentados num restaurante discutindo, o pau literalmente quebrando. "Sionismo é isso, Sionismo é aquilo".
Depois de uma hora, alguém pede a conta. Fazem uma vaquinha. Alguém recolhe a grana e paga o restante no cartão de crédito do pai.
No outro dia, um sábado, esse mesmo jovem acorda às 11h da manhã. Está atrasado. Briga com a mãe que o almoço ainda não está pronto e a mãe, sempre disposta a ajudar, frita um bife com batatas fritas. O jovem almoça e chega ao Dror, já no meio de outra discussão. O assunto, todavia, era o mesmo: ainda o tal Sionismo na pauta do dia. Ideologia, sentimento, ajuda a Israel, Aliá. Não chegam a nenhuma conclusão. No fim, o jovem pega um taxi de volta pra casa. Paga com o dinheiro da mesada. No dia seguinte, começa tudo de novo...
Hoje, depois de 23 anos, elaborei, junto com o Juliano, meu próprio conceito de Sionismo. "Sionismo é ficar duas horas sentado num banquinho na Prefeitura de Jerusalém esperando para pagar um maldito imposto." E não me venham com xurumelas...

Herzl, o pai do Sionismo Político, também não enfrentava filas na Prefeitura de Jerusalem

ps: esses dias, assistimos aqui a um jogo do Brasil do Mundial de Futsal. O Brasil massacrou, pra variar. Show do Falcão. Deu saudade...

quinta-feira, novembro 25, 2004

Um país como outro...

Hoje foi um dia que me senti um pouco mais israelense. Passei metade da manhã na Prefeitura de Jerusalém, resolvendo tudo (ou quase tudo) que faltava para acertar a questão do aluguel do apartamento.
Aquela quantidade incalculável de funcionários públicos e a burocracia gigante até me fizeram sentir um pouco de saudade do Brasil, mas aquela confusão de religiosos, árabes, imigrantes e sei-lá-o-quê é digna de Jerusalém. Tive que conversar com umas 6 pessoas, passar por vários atendimentos, pagar taxas... vai ali, volta aqui, preenche ali. Aqui, me sinto em casa...
Mudando de assunto, ontem deu a louca em mim (pra variar...). "Quer fazer chapinha, Carlinhos? Vai ficar legal no seu cabelo..." Pronto, e lá fui eu. O resultado tá aí embaixo. Quando me vi no espelho, passei mal de rir. Ficou uma mistura de Xororó com o maluco do OutKast (ver a foto abaixo). Depois, fomos jogar cartas.Vou colocar na net, mais tarde, todas fotos da jogatina de ontem à noite. Hilário.

ORGULHO E VERGONHA

Por mais que muita gente negue e que tenha suas peculiaridades, Israel é um país como qualquer outro. Algumas coisas boas, outras ruins. Na capa do jornal impresso Haaretz (versão de língua inglesa) de hoje, quinta-feira, duas notícias me chamaram a atenção. Uma causou orgulho; outra vergonha.

Orgulho: A Suprema Corte Israelense ordenou que o Estado pague uma indenização de 1 milhão e 300 mil shkalim (cerca de 300 mil dólares) ao filho de uma prostituta assasinada há 7 anos em Tel-Aviv por cinco policiais. Baluria Ohayun, que viajava num táxi, foi parada pelos policiais que, desconfiando que ela escondia drogas dentro da boca, prenderam seu pescoço no vidro da janela. Ela morreu. Seu filho, que acaba de terminar o serviço miltiar obrigatório e se prepara para entrar na universidade, cresceu com a avó na cidade de Ashkelon, no sul. É a justiça sendo feita.

Vergonha: Uma ONG de Direitos Humanos filmou, no último dia 9, uma cena que chocou a todos. Num Machsom (checkpoint) do exército israelense que controla a passagem de palestinos, um soldado obrigou um palestino que passava com um violino a abrir a caixa e tocar para ele. Herman-Peled, o voluntário da organização, disse não acreditar no que via. Enquanto o palestino tocava o violino, os soldados observavam e um falava ao celular.

O exército de Israel, através de seu porta-voz, afirmou que tratou-se de uma "conduta insensata por parte dos soldados, e que o exército continua fazendo o possível para melhorar a situação nos checkpoints. Segundo o porta-voz, o "grave incidente" será investigado.

Herman-Peled, o voluntário, disse ter ficado envergonhado ao ver um palestino tocando para um soldado judeu. Segundo ele, era inevitável a associação com o Holocausto, com as histórias de judeus tocando para soldados nazistas nos guetos. Não estou falando aqui que se trata da mesma coisa, pelamordedeus. Mas que também fiquei envergonhado, ha sim, isso fiquei. Pra assistir o pequeno vídeo, clique aqui!

quarta-feira, novembro 24, 2004

Palestinos, bobagens e frio... muito frio

Depois do stress de ter que achar um teto pra morar, pude voltar minhas atenções mais uma vez para o que acontece em Israel. No último sábado, por exemplo, mataram mais um terrorista palestino do grupo Fatah em Ramallah.
Essa notícia, na teoria, seria simples, a não ser por um detalhe. O sujeito, chamado Mohamad Hassan, é brasileiro. Procurei nos sites israelenses alguma referência e não encontrei. A nota foi publicada pelo site ClicRBS, de Porto Alegre.
Brasileiro, terrorista, Fatah. Sem comentários...
Sem deixar a peteca cair, vi uma foto engraçada na internet outro dia. Quem me passou foi o Marcelo, ou Michael, um holandês que estuda hebraico aqui, filho de uma carioca. Seria uma foto do momento em que o "mártir" Yasser Arafat morrera e pensava em encontrar, finalmente, suas virgens no paraíso.

No virgins???

Me despeço nesse post com mais uma sabedoria da humanidade: "Errar é humano. Persistir no erro é americano. Acertar no alvo é terrorista. E colocar a culpa nos outros é coisa do PT."

ps: faz frio aqui em Jerusalém, muito frio. E chove. Dizem que o inverno está só começando, é o que está na previsão do tempo. Já imagino isso aqui em janeiro. Que tal um final de semana esquiando no Hermon???

ps2: fala-se por aqui numa volta das negociações de paz entre Israel e Síria. O Sharon não tá botando muita fé (e nem sei se é possível, na altura do campeonato), mas pelo menos é o que se comenta. Como a gente sabe, todo boato tem um fundo de verdade (e o boato, dessa vez, está na capa do Haaretz).

terça-feira, novembro 23, 2004

É puro êxtase!!!!!!

Quando, de repente, Deus olha mais uma vez por nós. Manda um senhor chamado Ezra (em hebraico, "ajuda") e, assim, conseguimos nosso teto pra morar! Como eu tô feliz!!!!!!!!!!!!

Foi tudo muito rápido. Ontem, o Juliano conseguiu uma lista de apartamentos com uma amiga dele. À noite mesmo, liguei. Não atendeu. Em cinco minutos, me ligam de volta. O apartamento fica a 5 minutos caminhando daqui de onde estou, por isso marquei na mesma noite e fomos lá.

Hoje de manhã, dei o OK. À tarde, fomos mais uma vez até a nossa casa (agora posso falar assim!), checamos tudo relacionado a água, luz, gás e coisas quebradas. Entramos na van do Ezra (gigante como a do Scooby-Doo) e fomos até sua casa, do outro lado de Jerusalém. Conhecemos sua família, comemos lá, foi muito engraçado.

Resumindo: o contrato (redigido por nós mesmos) começa a valer a partir do dia 5, mas ele já nos deu as chaves (foto). Mantenho aqui o suspense de como é o apartamento: os quartos, a cozinha, as salas, a varanda. Nos próximos posts, quem sabe, vou mostrando alguns pedacinhos da casa. Até lá, eu, o Juliano e o Fábio temos que começar a faxina. Em tempo: o endereço é Derech Hevron n.112 apto 39, bairro Talpiot, JERUSALÉM.

Uivando de felicidade, vou agora dormir e sonhar. Porque, com as coisas começando a dar certo por aqui, nos resta sonhar mais.... essa é Eretz Israel, a minha casa.

ps: parece que encontrei o meu próximo Ulpan. Se chama Milah (em hebraico, "palavra"), fica no centro de Jerusalém, um preço muito bom e as aulas indo de 20 de fevereiro a 6 de junho. Professoras da Universidade Hebraica dáo aula lá. É nóóóóóis!!!!!!!

domingo, novembro 21, 2004

Massada, Coxinha e Caipirinha

Se eu fosse escrever tudo que me aconteceu nesse final de semana, precisaria de pelo menos uns 40 posts. Como sou preguiçoso e ainda tô tentando sintetizar minhas histórias, vou gastar só um. Nele, vocês verão um resumo do que é Israel. Ou melhor, o que tem em Israel que em outros lugares não têm.
* Só em Israel etíopes e russos dançam juntos a "Dança do Vampiro", do Asa de Águia (patético).
* Só em Israel é possível subir o monte Massada, respirar história e ver um dos nasceres do sol mais bonitos do mundo.
* Só em Israel se pode comer como um búfalo na tenda dos beduínos e ainda colocar vodca no chá-xixi que eles servem.
* Só em Israel se pode ir numa festa, no meio do deserto, lotada de israelenses, argentinas e italianas gatas.
* Só em Israel se entra numa loja de sapatos e se compra um tênis vermelho que parece de puto (180 shkalim).
* Só em Israel se pode fazer coxinhas de galinha de graça dentro de um kibutz.
* Só em Israel se pode ir ao mercado beduíno, sexta-feira às 11h da manhã, sem noção do perigo para comprar dois limões e um abacaxi pra fazer caipirinha.
* Só em Israel se deixa de entrar num ônibus porque está faltando 10 centavos pra inteirar a passagem.
* Só em Israel um negro armado até a cintura entra no ônibus, senta do seu lado e você se sente seguro.
* Só em Israel um garçom pede para que os clientes paguem rápido a conta porque têm pessoas esperando do lado de fora.
ps: já está disponível, no menu à esquerda, mais fotos estúpidas da minha vidinha aqui...

sábado, novembro 20, 2004

Enfim, um craque

o craque

Depois de Gal Friedman, medalhista de ouro no iatismo nas Olimpiadas, outro atleta israelense comeca a fazer sucesso no cenario internacional. E finalmente, da gosto ver um israelense jogando futebol. Craque, daqueles caras realmente diferenciados com a bola no pe.
Acho que eu ja disse isso antes, mas Israel eh o antro dos pernas de pau: o jogo de futebol aqui e uma correria desordenada, bicos pra frente... mas esse meio-campo se destacou, tanto eh que hoje joga na Europa.
Ele se chama Yossi Benayoun, 24 anos, jogador do Racing Santander da Espanha. Em Israel, carrega a selecao nas costas. Marca golacos (como os que marcou contra o Chipre e contra a Suica, nas eliminatorias) e faz jogadas incriveis, como a que originou o gol da vitoria de Israel sobre o Chipre, no ultimo meio de semana.
A manchete principal do jornal Yediot Hacharonot do dia seguinte nao falava sobre Sharon, Arafat ou territorios. Estampava "A Caminho do Mundial". A selecao esta em primeiro lugar no grupo das Eliminatorias da Copa, empatada com Franca e a Irlanda. Se Israel chegar (o que nao acontece desde a Copa de 70), todos os meritos irao a Benayoun, que esta sendo cogitado para jogar no Liverpool da Inglaterra na proxima temporada.
ps: nesse final de semana fiz varias viagens, tirei muitas fotos, passei por varias situacoes engracadas. Tudo estara aqui no site. Nao percam, segunda-feira, no Blog do Bean!
ps2: desculpe por nao ter acentuacao nesse post, eh porque estou escrevendo de um computador que nao tem esses recursos...

quarta-feira, novembro 17, 2004

Programas quentes

O frio está chegando. E ao mesmo tempo que as pessoas começam a tirar seus casacos mofados de dentro das malas, começam as sessões de jogos de cartas, de computdor essas coisas. Programas quentes, né! Por isso a onda do momento agora é ficar dentro de um quarto, de preferência quente, jogando alguma coisa.
As cartas, por exemplo, são uma viagem. Coincidência ou não, o único baralho que temos aqui é aquele oficial que estampa os terroristas palestinos. Ele se chama "Sof Haderech", ou "Game Over", e pode ser comprado aqui em qualquer esquina por menos de 30 shkalim (menos de 20 reais).

Para saber quem são esses terroristas, clique aqui!
Para a página oficial em hebraico, clique aqui!
Para conhecer os grupos terroristas, clique aqui!

Bom, de qualquer forma usamos esse baralho para jogar algo bem estúpido. O jogo se chama "Asshole", no Brasil conhecia por "Rei-Vagabundo". É um pouco complicado, mas nada que algumas rodadas não sejam capazes de te explicar direito. Dá para virar ao avesso de tanto rir nesse jogo!!! Tudo bem que o baralho macabro não combina muito, mas isso é o que dá morar em Israel...

ps: Hoje tem Brasil x Equador, ao vivo pelo Canal 5 israelense. Onze da noite...

ps2: Esses dias tenho saído para tentar comprar um patinete, daqueles de fibra de carbono. Por enquanto, só encontrei uns bem vagabundos. Quando encontrar, vai ser engraçado... imagina eu chegando de patinete lá no Muro???

ps3: Ainda sobre o caso Arafat (já encheu o saco, eu sei), quero compartilhar com vocês um pequeno mas brilhante artigo do mestre Alberto Dines: "Saturação informativa vs. conhecimento". Ainda existem vozes conscientes no mundo podre do jornalismo diário...

domingo, novembro 14, 2004

Sai, uruca...

Galo 6, Flamengo 1

Pra deixar meu início de semana mais feliz....
DEUS NO CÉU E GALO NA TERRA....
(mesmo em Jerusalém!!!)
ps: Hoje tentaram matar o premiê palestino Abu Mazen. Preparem-se para uma acirrada disputa pelo poder dentro da Autoridade Palestina no estilo medieval. Está no ar a guerra de todos contra todos!!! Um "mata-não mata" digno de deixar o próprio Thomas Hobbes se revirando no túmulo.
ps2: O Blog do Bean está chegando a marca de 500 visitas! Obrigado!!!

sábado, novembro 13, 2004

Sábado, dia de besteira...

Hoje é sábado, o que em Israel significa o mesmo que o domingo no Brasil. É dia, portanto, de não fazer nada... pensar besteira, fazer besteira, achar besteiras na própria net. Três delas vou compartilhar aqui com vocês.
1) A primeira delas é o que o Hofnik chamou de DPP (Dragão Psicodélico de Papel, olha que viagem!). Ele achou na net uma dobradura que se transforma num dragão e que dá um efeito de ilusão de ótica muito louco. O truque é simples, mas vale a pena fazer. Se você não tiver saco, assista então ao vídeo, o efeito é quase o mesmo. Para entrar no site, clique aqui!

2) A segunda é uma pequena aula de yidish que recebi por e-mail. O yidish, para quem não sabe, era o idioma que os judeus falavam na Europa Central e Oriental. É uma mistura de hebraico antigo com alemão. A aula é na verdade um filminho animado, engraçado até. Para a aulinha de yidish, clique aqui! Para quem não conhece ou nunca viu o que é essa língua, veja abaixo um pouco do que é o yidish.

3) A terceira bobagem é um filme... horroroso, mas não podia deixar de comentar dele aqui. No estilo daqueles "Porkys" e "O Último Americano Virgem", o filme parece que se passa mesmo nos Estados Unidos do início dos anos 60. Bailinhos, adolescentes (nem tão adolescentes), sexo naqueles carros gigantes, todas essas bobagens. Mas com um detalhe: o filme é falado em hebraico!!! Fora isso, não tem nada no filme que mostre que a história se passaria em Israel. Resumindo: inventaram um passado para Israel que não existe!
Toda essa palhaçada se chama "Lemon Popsicle". O que assistimos ontem foi o número 9! Tudo bem, não sejamos tão críticos... o filme é engraçado!!!


sexta-feira, novembro 12, 2004

Momento histórico

Corpo de Arafat chegando em Ramallah

Ramallah virou um formigueiro humano. Tudo bem que já era esperado, mas as imagens são impressionantes. O corpo do Arafat acaba de chegar na cidade palestina onde, apesar de contra a sua vontade (seu desejo era ser enterrado em Al-Quds - Jerusalém), será enterrado.
Estava pregado na televisão assistindo às notícias no canal 2 israelense, na CNN, na FoxNews. O mais interessante eram as pessoas que entraram pelo telefone para dar suas opiniões: Madaleine Albright, Henry Kissinger, Shimon Peres e por aí vai.
Ramallah está entupida. Afinal, morreu o grande líder deles, um cara que tinha tudo para entrar para história como o grande Messias do povo palestino, mas perdeu a oportunidade. Não conseguiu renunciar ao caminho do terrorismo, passou anos como um homem de dois discursos (em inglês, falando de paz para o mundo; e em árabe, chamando à Jihad) e desviando dinheiro dos cofres da Autoridade Palestina para bancos na Europa. Ele tinha as possibilidades, mas preferiu outro caminho.
Para mim, a palavra que define Arafat é simples: DECEPCIONANTE. Porque decepcionou não só ele, não só o povo palestino, mas todo o mundo. Uma pena, já que ele tinha a faca e o queijo na mão.
Enquanto escrevo aqui, o povo em Ramallah continua descontrolado, um caos. As tvs israelenses especulam sobre o futuro, sucessão, processo de paz. Cenas para os próximos capítulos da telenovela do Oriente Médio...

Confusão em Ramallah
  Para especial da BBC Brasil, clique aqui!

  Para biografia "pró-israelense", clique aqui!

  Para matéria do Jerusalem Post, clique aqui!

  Para informações em hebraico, clique aqui!



quinta-feira, novembro 11, 2004

Remexendo o passado

"Meu Deus, o neto da Sala Reiss!!!"
Foi escutando essa frase de 5 em 5 minutos que cumpri minha missão na casa da senhora Sara Heftler, em Ramat Efal. Lúcida e com os olhos brilhando de felicidade, me recebeu em seu pequeno quarto no Beit-Avot (Asilo) de Ramat Efal.
Quando abriu a porta, a reconheci imediatamente. Já havia decorado sua fisionomia pelas fotos que tinha... fotos essas de mais de 50 anos atrás! O resto era o mesmo, com a diferença das marcas que o tempo deixou.
"Meu Deus, o neto da Sala Reiss!!!"
Mostrou-me fotos. As mesmas fotos que tenho no Brasil, que minha avó guardou toda a vida. Fotos de passeios que faziam pelos arredores do campo de refugiados de Landsberg am Lech, na Alemanha. Contou-me sua história, de onde veio, como sobreviveu à guerra; falou sobre minha avó, meu avô... parecia que ela não acreditava que eu estava lá. Sua filha, Anat, estava lá também com uma filhinha pequena. Ela pensou que meu hebraico não era suficiente para conversar com a sua mãe, por isso tinha ido para ficar traduzindo. Nem precisou. Ficou lá também, ouvindo as histórias da mãe e vendo as fotografias que eu havia levado no lap-top.
Fiquei cerca de uma hora e meia lá, prometi voltar. Quero conhecer também a outra filha dela, Bila, que mora perto de Tel-Aviv.
Não dá pra contar aqui tudo que ela disse, toda sua história, suas emoções, suas realizações. Tudo isso, espero, estará no livro que pretendo lançar em 2005, depois de quase 2 anos de pesquisas, entrevistas, viagens, traduções e muita... muita paciência e dedicação.
ps: e o homem morreu mesmo. Falam aqui que o enterro do Arafat, que morreu em Paris (ainda bem que foi lá!) será em Ramallah, mas que o corpo seguiria primeiro para o Cairo. A morte foi anunciada pela Al-Jazeera. Tem gente aqui pensando em baixar lá em Ramallah para assistir ao enterro. Quem sabe eu também vou...
ps2: ô Léo, que história é essa de passarinho que chama Claudinei????

quarta-feira, novembro 10, 2004

Outros ares

Escrevo direto do Kibutz Hatzerim, no sul de Israel... encravado no meio do Neguev, um exemplo de como se pode passar meses trabalhando, comendo, dormindo; trabalhando, comendo, dormindo.
É um lugar gostoso, não dá pra negar. Tenho muitos amigos aqui, sempre que posso (e algumas vezes que não posso) venho visitá-los, dou umas gargalhadas, passo bons momentos por aqui. Mas morar, nem por decreto...
Estou indo agora para Ramat Efal, uma cidadezinha-satélite de Tel-Aviv. Lá, vou entrevistar uma senhora que esteve com meus avós no campo de refugiados de Landsberg am Lech, na Alemanha, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Se a velhinha não estiver ruim da cabeça, terei outras belas histórias para o meu livro.
Abaixo, a foto da entrada da casa do Diego, um gaúcho parceria que mora aqui no kibutz e que sempre gentilmente me aloja todas as vezes que baixo aqui.... Valeu, Didi!

Casa do Didi, em Hatzerim


segunda-feira, novembro 08, 2004

Definindo o futuro

Universidade Hebraica de Jerusalém

Está chegando a hora. Em um mês, toda essa mamata termina e caio na vida, caio no mundo, caio realmente em Israel. Ainda não sei o que fazer, confesso que estou ficando um pouco assustado. Vou compartilhar aqui com vocês os meus planos, minhas idéias... (seria pra isso que serve um blog?)
A idéia é entrar, em Outubro de 2005, num Mestrado na Universidade Hebraica de Jerusalém. Tenho três opções de curso, todos eles na Faculdade de Ciências Sociais, que devo escolher até Abril-2005:
* Mestrado em Relações Internacionais e Ciências Políticas (um programa interdisciplinar);
* Mestrado em Estudos de Oriente Médio Contemporâneo.
Para entrar, só preciso passar na prova de hebraico deles (só?). Não preciso me preocupar com a grana (tenho bolsa) nem com a admissão (porque minhas notas da Graduação foram muito boas, inclusive as da Formação Complementar em Ciências Políticas que fiz).
A questão é: para passar nessa prova, tenho que continuar a estudar hebraico, não basta o hebraico "de rua" (afinal, terei aulas em hebraico, preciso do idioma acadêmico). A primeira opção era ir para um programa que o próprio governo oferece, de 5 meses, na cidade porca de Ashkelon, no sul. Todo mundo me fala mal de lá, então acho que desisti. A segunda opção seria ficar em Jerusalém, alugar um apartamento com mais uns loucos aqui e fazer as aulas de hebraico preparatórias na própria cidade. Para isso, teria que arrumar um emprego aqui (o que, em Ashkelon, falam que é praticamente impossível).
Se Ashkelon não fosse um lugar tão ruim, iria pra lá. Meu foco aqui em Israel é estudar, estudar e estudar; e não me estabelecer aqui. Não posso fugir do foco, mas também não quero ir morar no meio do nada... sem trabalho, só estudando, vivendo do quê? (teria lá um belo subsídio para morar, fora a comida)
Tenho ainda um mês aqui em Jerusalém. Sugestões?

sábado, novembro 06, 2004

Cinema de gente grande

Romance. Espionagem. Homossexualismo. Palestinos. Holocausto. Israel e Alemanha, juntos! Que viagem é essa?

"Lalechet al hamaim" ("Walk on Water", ou "Andar sobre as Águas") é um filme que mistura ingredientes nada típicos numa salada impressionante. Eyal (Lior Ashkenazi) é um agente do Mossad escolhido para uma importante missão: encontrar um famoso SS Nazista que está desaparecido. Sua neta, Pia Himmelman (Caroline Peters), também alemã, se apaixonou por um israelense e mora no Kibutz Magan Michael. Ao saber que Axel Himmelman (Knut Berger), irmão de Pia, vai visitá-la, Eyal é mandado como "guia turístico" do garoto para tentar descobrir o paradeiro do nazista.

Resumindo a bagunça que eu fiz: o filme é uma co-produção Israel/Alemanha que conta a história de um agente israelense do Mossad que faz amizade com dois jovens irmãos alemães para prender o avô deles - um famoso criminoso nazista que fugiu para a América do Sul após a 2ª Guerra Mundial.

Dirigido por Eytan Fox, o filme é falado em hebraico, inglês e alemão. Ele mostra o Kineret, o Mar Morto, Tel-Aviv, Jerusalém.... além de Berlim, tocando em assuntos polêmicos durante toda sua trajetória (polêmico para judeus, para israelenses, para alemães...). A trilha sonora é de Ivri Lider, um sujeito meio "Paulo Ricardo" mas que é aclamado por aqui. Fui num show dele, ele é bom!

Na verdade, não tenho muito o que escrever (são 3h da manhã, terminei de ver o filme e ainda estou meio embasbacado). Não sei qual a disponibilidade dele no Brasil, mas quem tiver oportunidade vale a pena assistir... A obra ganhou dois prêmios no Festival de Berlim e foi reproduzido em vários outros festivais pelo mundo (como Toronto, Seattle e Moscou), inclusive a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

Lalechet al hamaim

Para crítica do filme em hebraico, clique aqui! Em português, clique aqui!

quinta-feira, novembro 04, 2004

A velocidade da informação (errada)...

Dizem que o meio de comunicação mais rápido do mundo é a fofoca. Ela tem o poder de se espalhar numa velocidade espantosa, impressionante. Mas, aos poucos, o boato vem ganhando um forte concorrente: a Internet. Com ela, a capacidade de propagar rapidamente informações falsas.
Hoje, às 18h20 (horário de Jerusalém), o Canal 2 israelense noticiou a morte de Yaser Arafat. Logo, sites de todo o mundo (inclusive brasileiros) deram destaque em letras garrafais para a morte do líder palestino. A fonte, segundo o canal, era a Rádio Monte Carlo.
Alguns minutos depois, o presidente de Luxemburgo fez o anúncio da morte do líder palestino (pra quê eu não sei). Mais alguns minutos, entrou ao vivo o porta-voz do hospital em que Arafat está internado, dizendo que ele "ainda não está morto, mas a situação é complicada". O Jerusalem Post já dá como certa a morte clínica de Arafat.
Resumindo: de minuto em minuto surge um novo boato, e alguns deles viram notícias. E, com a alta capacidade de veiculação que atingiu a rede mundial de computadores, ficou fácil veicular tanto notícias quanto boatos.
Esse não foi o primeiro nem o último, com certeza. Quanto a Arafat, não deve durar muito mais tempo, disseram que provavelmente ele até esteja com morte cerebral (ou seja, um vegetal) . Talvez seja hoje, talvez amanhã. Até lá, fique atento na net. Muitos boatos ainda podem aparecer...

Arafat entre a vida e a morte  * Para a notícia no site do jornal Ma´ariv, clique aqui!

  * Para a BBC Brasil, clique aqui!

  * Para a Al-Jazeera (inglês), clique aqui!


quarta-feira, novembro 03, 2004

"Os Normais" israelense

Um dos problemas aqui de estudar hebraico é que as professoras só usam material muito antigo: são livros, fitas de áudio, de vídeo... acho que a Golda Meir deve ter aprendido hebraico com essas mesmas coisas que a gentê vê por aqui.
Só que outro dia, minha professora trouxe uma novidade pra gente. Gravou, na casa dela, o primeiro capítulo de um seriado israelense (daquele estilinho americano) e passou na sala. Foi uma das poucas vezes que estudamos hebraico a partir de um programa novo, Indúsria Cultural israelense, tá ligado?
Na verdade, parece uma versão israelense de "Os Normais". Humor inteligente, bom roteiro, bom casal de atores, as falas sendo atropeladas umas pelas outras, muitas gírias. O programa se chama "Ahava zo Coev", algo como "O Amor dói". Tem palavrões, personagens fumando maconha, é "Os Normais" numa versão menos puritana.
Trata-se da história de uma executiva que é abandonada pelo namorado, e num dia que tudo dá errado acaba batendo o carro e conhecendo um mecânico, passando a formar um casal bem complicado. A fotografia é muito boa (é filmado em película), o som é bom, é coisa bem feita, não é porcaria.
Aos poucos, vou me integrando um pouco mais com a cultura, a música, os programas... por exemplo, daqui a duas semanas tem um show de uma das bandas que mais gosto, a 3 quarteirões de onde eu moro: Hayehudim, um som pop rock pesado, bastante parecido com outras bandas que existem pelo mundo.
Não adianta ser cidadão israelense só na carteira de identidade. Tem que entender a cultura, assistir seus programas, conhecer os personagens que permeiam a música, a tv, o rádio.
Ah, e desculpem pela falta da informação. "Ahava zo coev" passa no Canal 10, todas as segundas-feiras às 21:50.

terça-feira, novembro 02, 2004

E o pesadelo continua...

E, quando menos se espera, mais um atentado.
Ontem, no Shuk haCarmel de Tel-Aviv, um terrorista palestino de 16 anos matou 3 e feriu cerca de 40. Pra quem não conhece, lá no centro de Tel-Aviv funciona um mercado público, uma mistura de mercado com feira, daquele estilo árabe. De frutas a roupas, de verduras a congelados, acha-se de tudo por lá.
E ontem, mais uma vez, presenciamos o terror ou, como dizem aqui, um "siut" (pesadelo).
Assisti as notícias na tv, ao vivo, cerca de uma hora após a explosão. Religiosos limpavam o local e recolhiam os pedaços dos corpos ensanguentados na calçada. O repórter perguntava para um desolado vendedor de frutas que jogava fora sua mercadoria:
- Havia muitas pessoas aqui na hora da explosão?
- Não havia muita gente, mas tinha "gente suficiente" ("maspik anashim")
- O senhor achava que isso pudesse acontecer aqui?
Acho que o cara ficou meio nervoso com a pergunta, parecia que a qualquer hora ia bater no repórter. Deu um esporro ao vivo, no estilo israelense, e no final...
- Não, não achava que isso podia ter acontecido aqui.
Pois é, até do outro lado do mundo existem "aqueles" jornalistas e suas perguntas imbecis...
ps: voltava ontem do supermercado à noite com o Juliano e o Gabriel quando escutei um carro passando e alguém gritar meu nome. "Porra, quem tá gritando meu nome?" Era a Érica, uma americana da minha sala de hebraico que mora do outro lado de Jerusalém. Fui até o carro, que parou no meio da rua. Tinham mais 3 pessoas lá dentro. Ela me chamou pra assistir "Dodgeball" no cinema. Eu fui, de bermuda e chinelo Havaianas...