terça-feira, julho 26, 2005

O exemplo que emerge da safadeza

O desejo mede os obstáculos; a vontade vence-os.

Não é só no Brasil que alguns "felizardos" mamam nas tetas do governo.
Aqui, tem gente mamando antes mesmo de Israel ser Israel.
E põe mamando nisso...

A Suprema Corte de Justiça de Israel está estudando uma denúncia das Forças Armadas de que, devido a uma lei relacionada ao serviço militar entre os ortodoxos, mais de 41 mil deles não cumprem as obrigações militares. A bomba foi publicada no final da semana pelo "Haaretz".
Segundo a matéria, em 1998 o número dos que tratavam de se esquivar do serviço militar obrigatório para todos os cidadãos do país chegava a 30 mil.
Há três anos, aprovaram uma lei na Knesset (parlamento) que favorece os "estudantes" das yeshivot sobre o tema de servir o exército. A lei concede aos rabininhos "um ano de reflexão para decidir se querem ingressar no exército como os demais cidadãos ou se preferem continuar estudando".

Como diria um antigo comentarista esportivo, "é brincadeira!"
Os religiosos usam a desculpa de que "alguém precisa estudar".
Tudo isso é consequência do famoso "status quo", o acordo entre o então primeiro-ministro Ben Gurion e as autoridades religiosos. Acordo esse que, no século XXI, não mais se sustenta. Politicamente falando.
Pelo status quo, dentre outras coisas, as yeshivot recebem também um mensalão. Um gordo mensalão.

Essa semana estive mais uma vez lá no exército. Eu, um pobre imigrante que recebe ajudas descomunais do governo e a única coisa que ele pede em troca é servir o exército. E farei com prazer.
Mas e esses "espertinhos" de preto?
Calma. Não nos exaltemos (ainda). Existem excessões.


Soldado rezando...


A "tal" "Lei Tal", essa dos religiosos, foi impugnada pela mesma Suprema Corte. Os juízes decidiram que a lei estabelece o privilégio de opção que não se concede aos demais cidadãos. É, portanto, discriminatória. Aqui, s os homens estão obrigados a servir três anos e as mulheres algo como vinte meses.

Mas alguns ortodoxos se salvam. Eles são o motivo que existe para que eu não chute o balde definitivo sobre esses religiosos.
Já existe há algum tempo uma unidade do exército exclusiva para "charedim" ("rraredím", ortodoxos). Esses, sim. Servem o país como qualquer outro cidadão.
E não dão desculpas. E não são safados. E vestem a camisa.


Charedim Nachal


ps1: Essa semana dei uma entrevista. É verdade. Bacana.
Existe um projeto na Internet onde brasileiros que moram fora do país são entrevistados segundo um mesmo questionário.
Segundo a organizadora, trata-se de um documentário on-line para questionar a identidade cultural brasileira, as diferenças culturais e aspirações desses "viajantes" perdidos no mundo. Sou um deles.
Para ler a minha entrevista, clique aqui!

ps2: Cada dia encontro um site mais grotesco do que o outro.
Esse é bizarríssimo.
Já é possível, com um simples clique (e alguns dólares), enviar pizzas e sorvete para soldados israelenses nas bases do exército. Não estou brincando.
Quem sabe não seria mais uma tática do pessoal do marketing laranja para manter os soldados enclausurados e impedir a hitnatkut?
Querem ver? Clique aqui...


Pizzas para os soldados de Israel


ps3: E por falar nos alaranjados, estão no ar três filminhos produzidos por alguma quadrilha pertencente ao marketing laranja.
Neles, cenas "de cinema" dos assentamentos de Gush Katif, o dia-a-dia das plantações e a "simpatia" dos moradores.
Acho que até aqueles condomínios fechados pertinhos de Belo Horizonte devem ter "vídeos promocionais" melhores que esse. Whatever...


Molecada de Gush Katif

Para ver os filmes, clique aqui!

ps4: Parabéns pra você pra mim...
mas sem essa de "muitas felicidades, tudo de bom, que seus sonhos se realizem e blá blá blá". Odeio esse troço de aniversário. Não tem bagulho mais chato que cantar parabéns.
Mas, convenhamos, é um bom pretexto pra ter umas cervejas na geladeira.
Hoje é dia. A galera já tá chegando...

sábado, julho 23, 2005

Isso não seria viver

"Feliz é o destino da inocente vestal! Esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida.
Brilho eterno de uma mente sem lembranças!
Toda prece é ouvida, toda graça se alcança."
Alexander Pope

Lembrei-me outro dia de um texto que ganhei apenas algumas horas antes de embarcar para Israel.
Foi de uma amiga, que hoje praticamente não temos contato, mas que tenho certeza que não vai se importar de eu postá-lo aqui.
Para quem não tiver paciência, pule logo para os "ps".

"O que seria da vida se pudéssemos saber o que acontece,de onde vêm as pessoas e pra onde elas vão?
O que cada um veio trazer e o que vão levar quando partir,
o que esperar de cada um,
quem vai superar nossasexpectativs, quem vai nos frustrar,
por que alguns vão antes da hora, por que alguns ficam tempo demais,
o que cada um representa,
o que cada um vai mudar no seu destino?

O que seria da vida se tudo estivesse traçado?
Esse aqui vai ser meu amigo.
Esse aqui terei um casinho de alguns meses e depois ele vai embora.
Esse aqui eu não posso confiar. Já esse vai ser meu grander amor, mas não serei correspondida, não preciso nem tentar.
Essa aqui vai me ajudar quando eu precisar dela.
Esse aqui vou encontrar daqui 10 anos e seremos como irmãos.
Essa amiga vai sumir, não terei nem notícia dela...

E assim iríamos viver, sem medo, sem expectativas, sem dor,
porque saberíamos exatamente o que fazer, o que falar e como agir com cada pessoa que atravessasse nosso caminho.
Mas...

A vida não é isso?
A vida não é ter expectativas, ter medos e frustrações?
A vida não é esperar ser correspondida, se surpreender com um amigo, ficar imaginando o que certa pessoa faz ao nosso lado, ou chorar sem entender por que outra pessoa partiu?
A vida não é colocar a cabeça no travesseiro a noite e pensar que aquela pessoa que você acabou de conhecer é tão legal que vocês podiam ser amigos pra sempre,
ficar achando 208 possibilidades para trombar com aquele menino da faculdade,
imaginar o que será que ele quis dizer quando disse aquilo, e porque sua amiga estava tão estranha com você hoje?

A vida é isso.
Vai se construindo a cada passo que damos, a cada pessoa que surge,
cada amigo que parte,cada palavra que ouvimos, cada sorriso, cada sentimento, medo, esperança, expectativa, dor...
O que seria da vida se pudéssemos saber o que acontece, de onde vêm as pessoas e para onde elas vão?
Não, isso não seria viver."

ps1: Nova pesquisa por amostragem veiculada pelo Yediot Acharonot.
Resultados interessantes.
55% dos jovens entre 15 e 18 anos é contra a desconexão de Gaza. 64% é também a favor da desobediência, com 29% contra.
68% se diz de direita, contra 23% "de esquerda".
Quanto aos adultos, 58% apóia o plano de hitnatkut do governo.
Fiquei preocupado quanto aos resultados. Isso quer dizer que a nova geração também carrega o mesmo ódio e o mesmo preconceito de parte dos mais velhos.
Ou pior.


Jovens laranjas...


ps2: Às vezes, o tiro sai pela culatra.
Um dos melhores e mais famosos grupos humorísticos de Israel (o trio "Ma Kashur?" - algo como "Qual é a conexão?") acaba de lançar um cd.
Bom, por sinal.
Nele, piadas e músicas.
No carro-chefe do cd, "Titnu lo Tchanss" ("Dêem à ele uma chance"), eles dizem que não é preciso ser um cantor famoso para cantar e fazer sucesso. Basta cantar "do coração".
É bem engraçado, o ritmo é bom...

Só que o que eles não esperavam é que a música fosse estourar.
Na última semana, ela ficou em primeiro lugar no ranking das mais tocadas da rádio Galgalatz. O clip é passado insistentemente no canal de música 24.
Tzion Baruch, o líder do trio, já virou celebridade. Os caras são bons.
Esperamos o DVD...


Ma Kashur?


Para ouvir algums faixas do CD, clique aqui!
Para crítica do álbum (em hebraico), clique aqui!
Para letra de "Titnu lo Tchanss" (em hebraico), clique aqui!

ps3: ShaBot 6000 é um cartoon.
Conta a história de um rabino que comprou um robô para trabalhar como "Goy de Shabat" em sua casa. "Shabes Goy" é uma pessoa não-judia que, de acordo com a lei judaica, pode, sob certas circunstâncias, executar para os judeus as tarefas que estes não podem fazer no Shabat. O Judaísmo proíbe qualquer tipo de trabalho no sábado.
Por esta razão, os religiosos costumar contratar um não-judeu para substituí-los nas atividades necessárias.
O robô, ShaBot, decide-se que é judeu, sendo conseqüentemente incapaz de cumprir seus deveres como o empregado. Gasta seus dias fazendo perguntas sobre Judaísmo, tentando encontrar a lógica em uma religião que muitas vezes não tem uma só resposta para as elas.

Ben Baruch, um descendente direto do Gaon de Vilna, faz perguntas frequentes sobre o judaísmo desde que era um garoto estudante de uma Yeshivá.
Quando seus questionamentos sobre a fé judaica começaram a ser desaprovadas pelos rabinos, decidiu usar o humor.
E usa muito bem.
Abaixo, uma das tiras...


ShaBot 6000


ps4: Só me faltava essa.
O marketing laranja chegou na Tailândia.
"Também somos contra a expulsão", diz o cartaz.
Sem comentários...


Laranjas na Tailândia


ps4: Espero que essa pegue.
É mais do que um slogan. É mais do que marketing.
É um sinal de esperança. Um sinal de convivência. De tolerância. No mínimo, entre "laranjas" e "azuis".


Ame como a você mesmo


"AME O PRÓXIMO COMO A VOCÊ MESMO."

quarta-feira, julho 20, 2005

Post Parênteses: GuestMap do Bean

E está no ar mais uma ferramenta escalafobética do Blog do Bean!
Na verdade, vocês é que usarão (eu espero). Entrarei às vezes, pra ver o que está acontecendo...

Explico.
Bem aqui do lado direito da página, abaixo do banner da comunidade do Blog do Bean no Orkut, existem dois pequenos retângulos. Num deles, estão escritas as frases "Place your Pin" ou "View my Guestmap".
Trata-se, na real, de um mapa-mundi. Nele, é possível fincar uma bandeirinha em qualquer lugar e deixar um recado (no caso, pro Bean). Xingue, critique, elogie, dê feliz aniversário (credo!), o espaço é legal.
Cliquem, divirtam-se e espero seus recados... (é bem fácil, coloquei as instruções da entrada em português!)

ps1: Já que estou com a mão na massa, não quero perder a oportunidade de postar duas fotos e comentá-las.
A primeira corresponde a duas pichações vistas aqui em Jerusalém. Já foram apagadas. Ambas tendo como responsáveis os perigosos agentes do marketing laranja.
Na esquerda, aquela comparação esdrúxula de sempre:

"1938 - Hitler assassina judeus.
2005 - Sharon continua o seu caminho.
Nós não deixaremos."

Na direita, "Morte ao Sharon muçulmano".
Dói ouvir que Sharon é traidor. Do mesmo jeito que doía ouvir do Rabin.

Porém, de certa forma, não deixam de ser coerentes.
Trair significa "virar a casaca", "mudar a causa". E se a causa atual de Sharon é sair de Gaza, fazer com que soldados israelenses não mais caiam, dar um passo em direção a uma convivência suportável, não preciso dizer que a causa dos laranjas é justamente a oposta.
Se querem alimentar o ódio, a violência, a guerra, o conflito, entendo em partes o porquê de chamar Sharon de traidor. Porque hoje ele não só não quer como não pode promover isso. Já os laranjas, não sei...
O crédito (das fotos, não das pichações hehehe) é do Gabriel.



A segunda foto acredito ser uma montagem recente.
Uma boa montagem. Provavelmente feita por algum opositor ao "Gueder Hahafradah" ("Muro de Separação"), ou "Gueder Habitachon" ("Cerca de Segurança"), dependendo de quem diz.
O que vemos é uma placa de trânsito. Ou melhor, um tradicional formato de placa que sinaliza mudança de direção por motivo de obras nas pistas.
É comum encontrá-las em Jerusalém."Proibido virar à esquerda", por exemplo.

Nessa, o pulo do gato. Traduzindo ao pé da letra, "Não existe virada à esquerda para o país dos judeus".
Ninguém consegue ficar "são" nesse país. Ou se extremizam para um lado ou para o outro.
E a batalha, de nós contra nós mesmos, continua...


Sem virada à esquerda

segunda-feira, julho 18, 2005

Devagar e sempre

"Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo inpeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando,
vivendo que esperando porque embora quem quase já morreu esteja vivo,
quem quase vive já morreu."
Luiz Fernando Veríssimo

Foi mais que acúmulo de experiências o resultado de 1 ano longe de casa.
Qualquer palavra cunhada para esse pobre blog que tente expressar a bagagem adquirida em 365 dias de Eretz Israel significa resumir o irresumível, expressar o inexpressável, declarar o indeclarável.
Ganhei muito, não tenho dúvidas. Mas sei que cada dia é uma batalha. Cada semana, uma conquista. Vencidas aos poucos, quero dizer. Devagar e sempre.

Um ano em Israel. Ainda não sei o que isso vai significar para o meu futuro. Até porque ainda faltam uns 4.
Não sei o que dizer. Se agradeço, se choro, se rio, se simplesmente sorrio.
O Blog do Bean está chegando a 5000 visitas. Isso já diz tudo. Muito obrigado.



ps1: A nota abaixo é de autoria do jornalista João Batista Natali.
Não consegui pensar em nada melhor para escrever...

Dana Galkovitch e seu namorado estacionaram o automóvel diante da casa em que moravam havia um ano, em Netiv Haasara, comunidade israelense encostada na fronteira com a faixa de Gaza. Eram 18h de Quinta-Feira.
Três foguetes lançados por terroristas palestinos caíram quase simultaneamente a poucos metros de onde eles estavam. Amir Rugolsky, o namorado, berrou para que se refugiassem bem rápido dentro de casa.
Ele saiu na frente, para abrir a porta. Dana corria alguns passos atrás quando um quarto foguete caiu sobre ela e a matou de imediato.


Dana...


Nascida em Israel, Dana estava com 22 anos e sentia-se também brasileira. Falava português em casa. Esteve em São Paulo aos cinco anos e pretendia voltar no ano que vem para passar três ou quatro meses.
Seu pai, Natan Galkovitch, é de São Paulo. Formou-se em estatística pela Unicamp e emigrou em 1979 com sua mulher. É técnico em computação.
A Embaixada de Israel em Brasília publicou comunicado em que lamenta a morte de Dana e diz que o Exército defenderá os cidadãos contra os terroristas.
O Itamaraty também divulgou nota. Refere-se a Dana como cidadã brasileira-israelense e exorta as partes envolvidas a não acelerar a escalada da violência.
Para o pai dela, aquela noite não foi o momento mais propício para uma avaliação sobre a mudança de país ocorrida há 26 anos.

"Mas hoje eu não sei mais dizer se viria para cá.
Acho que é importante vivermos no lugar em que nascemos."

Não emigrou para ficar rico. Ele faz parte da minoria israelenses instalada num kibutz e que abdica do patrimônio individual.Seu kibutz é o Bror Chail, criado por judeus brasileiros.
Foi lá que ele se instalou e teve três filhos (Dana era a do meio). Sua mulher, Perla, é argentina e especialista em artes gráficas.
A filha saiu do kibutz para fazer o serviço militar. Foi destacada justamente para a faixa de Gaza, de onde foi lançado o foguete que a matou. Trabalhava no policiamento da fronteira.
Dana tinha uma idéia de Israel bem parecida com a de sua família. Defendia a criação de um Estado palestino. Também era favorável ao desmantelamento dos assentamentos judaicos em Gaza.
Ao dar baixa no Exército, Dana passou a trabalhar para a Agência Judaica. Viajou aos EUA. Gostava de viajar. Em duas semanas embarcaria com Amir para a Índia.
Entrou para uma faculdade de comunicações. Havia terminado o primeiro ano do ciclo básico. Não sabia ainda ao certo que carreira iria seguir.
Que descanse em paz.

ps2: Pra não deixar os "safados agentes do marketing laranja" de fora desse post, vejam o que encontrei.
Um site para "doações". Isso mesmo.
Não basta a fortuna que cada família vai ganhar com a evacuação.
Precisam de dinheiro. Para bancar o "marketing laranja". Para continuar espalhando cartazes e influenciando a mídia. Espalhando ódio. Espalhando cegueira e intolerância.

O Hofnik fez uma piada boa outro dia. Em forma de desenho. Disponibilizo para vocês.
Ao invés de "Gush Katif", apresento o "Gush Kessef" ("Kessef" significa "dinheiro").


Gush Kessef


ps2: Uma pausa para o conflito. Pelo menos aqui no Blog do Bean.
Disponibilizo alguns vídeos do Infected Mushroom para download.


Infected Mushroom


Para quem não vive nesse planeta, o Infected Mushroom é uma banda "trance psicodélica" israelense formada pelos djs Erez Aizen e Amit Duvdevani (conhecido como Duvdev).
A dupla israelense faz parte da elite mundial da trance music. Seus álbuns são aclamados por público e crítica, conquistando verdadeiras multidões em todas as performances ao vivo.
Pronto, já falei demais.
Para downloads de perfomances (em vídeo) da dupla, clique aqui!

ps3: Assisti ontem ao badalado "The Edukators".
O filme alemão conta a história de dois jovens idealistas que realizam protestos pacíficos, invadindo a casa de pessoas ricas para trocar os móveis de lugar e deixar mensagens de protestos.

The Edukators (o nome original é "Die fetten jahre sind vorbei" - algo como "Os anos gordos acabaram") não é um filme sobre pessoas ruins ou boas, leais e traidoras, com ou sem princípios.
É sobre um conflito ainda não resolvido, sobre contas que todavia não foram acertadas, sobre um jogo em que a violência não é um componente estranho, sobre uma geração que viu falharem mil saídas, mas quer encontrá-las.
É sobre a força das circunstâncias que engolem uns e sobre a força das escolhas dos que não querem ser engolidos.

Com diálogos profundos e um final inimpagável, "The Edukators" acaba de entrar no meu bloquinho de filmes preferidos.
O longa, que recebeu uma indicação ao European Film Awards na categoria "Melhor ator", tem no elenco Daniel Brühl, que atuou em "Adeus, Lênin!".


The Edukators


“Todo coração é uma célula revolucionária”
Para uma resenha (em português), clique aqui!
Para outra (em português), clique aqui!

sexta-feira, julho 15, 2005

Quando passaram dos limites...

Um ano em Israel. Parte de um sonho.
Mas o caminho ainda é longo. Dê-me forças...

E começou pra valer.
Ariel Sharon mandou fechar a Faixa de Gaza e nós, israelenses, fomos premiados ontem com fortes imagens no telejornal da noite.
A grande discussão ficava por parte do comportamento e da ética dos soldados israelenses no que diz respeito a tirar as pessoas de suas casas em Gush Katif.
Dessa vez, vou tentar ser um pouco mais organizado (e por que não didático) e mostrar três pontos importantes sobre esses "laranjas". Afinal, eles passaram dos limites.

1) Uma das armas que os colonos usam para intimidar soldados e policiais israelenses é de ordem emocional. Sabemos que muitos desses "encarregados práticos" da hitnatkut também não são a favor da retirada.
Mas são soldados da Força de Defesa de Israel. E estão cumprindo ordens.

E exatamente nessa brecha entram os gritos de ordem e os apelos dos "mitnahalim" (colonos). Gritos de "nazistas", "SS" e "Hitler" para os soldados já se tornaram comuns.
Segundo os laranjas, são os nazistas que alegaram "estarem apenas cumprindo ordens".
Ontem a tv mostrou uma policial chorando, sendo contida por colegas. Deve ter sentido como eu me sentiria.
A comparação é patética.

2) E não acaba aí.
Ontem, vi uma notícia que me deixou revoltado. E fazia tempo que o sangue não subia como subiu.
Comparando-se aos prisioneiros dos campos de concentração nazistas, alguns protestantes dementes tatuaram no braço os números de suas "teudot zehut" ("carteiras de identidade") com tinta preta.
Alguns colonos, incluindo sobreviventes do Holocausto, escreveram seus números no braço um dia após o exército ter fechado os assentamentos judaicos em Gaza para os que não são moradores.


Teudat Zehut como identidade


Além das tatuagens, colonos da direita também usam "estrelas de David" de cor alaranjada no peito, em alusão aos guetos da Segunda Guerra Mundial.
O uso desses símbolos por parte dos oponentes à evacuação e a comparação dos horrores do Terceiro Reich com o plano de evacuação do governo é mais que um simples erro. É uma vergonha. É um afronte à memória não só do Estado de Israel, mas de toda a nação judaica.
Eu, que tive meus quatro avós em campos de concentração nazistas, senti tudo isso como uma facada no peito.

3) Muitas mães estão usando seus filhos para tentar conter a evacuação.
São crianças (e também bebês!!!) colocadas no meio das ruas e na porta das casas. No jornal de ontem, uma advogada foi correta ao dizer que todas essas ações são claras violações à chamada "Chok HaNoar" ("Lei da Juventude", o equivalente israelense ao Estatudo da Criança e do Adolescente).
Num dos artigos, é explícita a proibição de utilizar-se de crianças para fins políticos e manipulação da opinião pública.


Crianças laranjas


Peço desculpas aos leitores por insistir nesses assuntos políticos.
Não era a minha intenção. Prefiro escrever sobre cultura, música, cinema, arte e sociedade. Mas quando vejo essas coisas, não consigo me segurar. Vira pauta para o Blog do Bean.

ps1: PESADELO EM NETANYA

Quando tudo está quieto demais, é sinal que a merda vai feder.
E estava quieto demais.
Na terça-feira, uma explosão em um shopping-center na cidade de Netanya matou cinco pessoas e feriu mais de 70. O último atentado suicida tinha ocorrido em fevereiro, que matara cinco israelenses do lado de fora de uma boate em Tel-Aviv.
Logo de cara, o os terroristas do Jihad Islâmico reivindicaram o ataque. Segundo a polícia, o terrorista não teria conseguido entrar no shopping e os explosivos que levava junto ao corpo foram detonados na fila de pessoas que esperavam para entrar.
Esse shopping já havia sido alvo de um atentado semelhante há 4 anos.
Netanya é sempre um alvo para os terroristas. É uma cidade relativamente grande e bem próximo à linha verde, que separa Israel dos territórios ocupados. Tomara que não, mas o terror pode estar voltando.


Para ler matéria sobre o atentado (em inglês), clique aqui!
Para matéria do JPost (em inglês), clique aqui!

Um comentarista político disse no telejornal:
"Quem é contra esse pigua ("atentado") é contra também a hitnatkut ("desconexão")."
Comecei a rir. O que você quer dizer com isso, cara pálida??? Não respondam.
Concordo 100% com a opinião do Gabriel. Peço licença para copiar um trecho.

"Quem defende o muro tem que defender a hitnatkut! São dois exemplos do mesmo tipo de ação. E está na íntegra do plano, de ambos os planos: já que Israel não tem um parceiro confiável para negociar a paz, toma atitudes unilaterais. Uma é a construção de uma cerca de segurança que não é uma fronteira declarada, apenas uma separação. Outra é a retirada unilateral de colonos de um território que dá mais dor de cabeça do que vantagens para Israel. Notam a semelhança?"

ps2: Querem saber um dado interessante?
Segundo uma nota do New York Times, desde sua fundação (em 1948), Israel recebeu dos Estados Unidos cerca de 100 bilhões (sim, bilhões) de dólares.
A cifra veio à tona exatamente na época da evacuação de Gaza.
Não é segredo pra ninguém que boa parte do dinheiro usada nas operações e indenizações virá de cofres ianques.
E não adianta vir com argumentos de que "Israel é um país pronto, formado, auto-suficiente". Em muitas coisas é. Em outras, não.
Essa incrível ajuda econômica provoca dependência e necessidade de que os líderes israelenses sempre busquem o consentimento americano em temas específicos como o conflito com os palestinos. 100 bilhões de dólares...

ps3: Para terminar o post com uma boa notícia.
Uma nadadora árabe-israelense ganhou medalha de ouro nas Macabíadas.
Para quem não sabe, as Macabíadas são disputadas por atletas judeus de todo o mundo e também por israelenses.
Asala Shahad, uma árabe-israelense de 17 anos, venceus os 200 metros nado costas.

"As Macabíadas pertencem não somente a todos os judeus, mas também a todos os israelenses.
E eu me orgulho de ser israelense", disse Asala.
Asala, no centro, é da cidade de Sachnin, famosa por sua equipe de futebol.


Árabe é medalha de ouro


Para ler a notícia de Asala (em inglês), clique aqui!

ps4: Descobrimos uma rádio excelente outro dia.
"Kol HaCampus" ("A Voz do Campus") é uma rádio universitária de Tel-Aviv. A programação é muito boa, tem poucos comerciais e tudo é muito bem feitinho.

Kol HaCampus Para o site da rádio

(é possível escutar ao vivo),

terça-feira, julho 12, 2005

Post parênteses: A Odisséia

Macabíadas 17

"Querido 'Blog do Bean'..."

Aceitei desde o primeiro convite, há duas semanas. Nunca vira de perto nenhuma edição das Macabíadas, a grande competição olímpica realizada em Israel a cada 4 anos.
Praticamente todos os dias, a Leah (a "madrichá", nossa "guia") me ligava para alterar programações e horários de saída. Já podia imaginar o tamanho da merda que ia dar.
Leah é um doce de pessoa. Nascida nos EUA, chegou em Israel com a família aos 7 anos de idade (hoje ela tem 23). Casada há um ano, vive em Jerusalém e trabalha no famoso "Minhal HaStudentim" (o órgão da Agência Judaica destinado aos estudantes).

Mas vamos à epopéia.
Um dia antes da festa de abertura das Macabíadas, recebo um telefone da Leah. Estava cancelado o nosso transporte fretado. Iriam somente 6 pessoas daqui.
Tudo bem. Pegaríamos um ônibus comum até algum "tzomet" ("trevo", "entroncamento") próximo de Tel-Aviv e aguardaríamos o ônibus fretado que viria de Ashkelon.
E foi o que fizemos.
Antes disso, pela primeira vez vim um motorista proibir os passageiros de viajar de pé. Já que o ônibus estava lotado (de passageiros sentados), esperamos o próximo.
Tudo isso já era uma premonição, mas a viagem ainda corria bem.

Conheci uma brasileirada no ônibus, o papo estava bom. Até que chegamos ao Estádio de Ramat Gan, onde seria a abertura.
Porém, com um engano. A abertura seria no dia seguinte. A festa que estávamos indo era na Kfar Macabbiah ("A Vila das Macabíadas"), a pelo menos uns 40 minutos dali.Ninguém sabia.
O motorista pediu para que todos descessem. Descemos. Depois de uma volta pelo estádio, alguém teve a idéia de pegar um ônibus intramunicipal, ali mesmo.
O calor era insuportável. Difícil de respirar. Mais um bom tempo dentro do ônibus, chegamos.

Boa festa, comida, shows, foguetório, gente conhecida.
O Xande, da foto abaixo, é um moleque craque de bola. Veio especialmente pra meter gol nos argentinos...



O Amir, mais conhecido (por mim) como Almir (alguém conhece algum jogador de futebol chamado Amir? Pois é, pra mim é Almir...) está voltando de contusão, mas joga muita bola também.



Quando a brincadeira acabou, começaram os problemas.
A Leah tentou arrumar transporte direto para Jerusalém. Sem sucesso. Voltamos, então, com o ônibus de Ashkelon até um entroncamento escuro no meio da estrada.
Antes disso, o imbecil do motorista não queria parar para as pessoas fazerem suas necessidades.

_ É proibido, vocês não podem "fazer" no meio da estrada. Se insistirem, ligo pra polícia.

E não é que ligou mesmo?
Dois loucos brasileiros não tiveram dúvidas. "Fizeram" ali, na cestinha de lixo.

Finalmente descemos. No "meio do nada". Eram mais de meia-noite. Os ônibus da empresa Egged que viajavam até Jerusalém passavam por ali. Sem dúvidas.
Depois de um tempo de espera, eis que surge o ônibus. Linha 451. O motorista não pára.
Uns 300 metros à frente, a polícia fechara a estrada para que uma carreta gigante passasse com uma peça de concreto imensa. Exatamente no meio da madrugada, quando o tráfego é menor.
Estávamos longe, e não tivemos dúvida. Corri imbecilmente até o ônibus e pedi que o motorista abrisse a porta.

Com uma cara de israelense safado, não quis abrir. Nem a janela o desgraçado se deu o trabalho.
O ônibus estava vazio, e éramos 4 mulheres e 2 homens.
Fomos até os policias para pedir que convencesse o motorista a abrir. E veio o argumento do chofer:

_ Esse é um ônibus de ortodoxos. Vocês mulheres não podem entrar. Não são religiosas.

Puta que pariu, o que é isso agora? Estou no Irã e não sabia? Que história é esse de "ônibus de religiosos"?
Não tive dúvidas. Saquei minha máquina e fotografei o safado.

_ Amanhã você será despedido, está ouvindo?
Vai morrer de fome, no meio da rua, israelense mal-educado!

Ele não só ouviu como deu uma risada. Ah, se eu tivesse uma arma...



Nada de caronas, nada de ônibus. A pista voltou ao normal.
Uma da manhã, tudo vazio, sentamos na estrada. Leah conversava pelo celular com o marido e negociava dois táxis. Dinheiro não era problema. A Agência Judaica pagaria a conta.
Veio um táxi. Duas mulheres e o Gastón subiram. Fiquei lá com a Leah e uma amiga dela, esperando o outro táxi até as duas da manhã.
Neblina, sono, cansaço e uma vontade filhadamãe de começar a xingar todos os religiosos e motoristas de ônibus de Israel.
O motorista, Moti, era um senhor simpático. Antigo morador de um "moshav" no norte, resolveu ser motorista de táxi há mais de 10 anos e diz cuidar dos seus passageiros "como irmãos, como filhos".
Cheguei em casa às duas e meia. E fim da odisséia.



ps1: Esses são trechinhos que "roubei" de alguns sites. Explica um pouquinho das Macabíadas.
O movimento macabeu, em memória de Judah, o Macabeu, teve início em 1895-96 quando o primeiro clube de ginástica inteiramente judeu foi formado em Constantinopla, hoje Istambul.
Ao final da Primeira Guerra, mais de 100 clubes Macabi existiam na Europa.
A primeira Macabíada Mundial contou com 14 países e 390 atletas e aconteceu em 1932, passando a realizar-se de quatro em quatro anos a partir de 1957.
A edição deste ano conta com 6 mil competidores, 14 mil treinadores e acompanhantes de 55 países.
A delegação brasileira está composta de 400 pessoas, dentre as quais 280 atletas, que competirão em 23 modalidades.
Vale a pena assistir a propaganda dos jogos que foi veiculada nos principais canais de televisão por aqui. Curta e bacana!

Para ver o comercial, clique aqui!
Para a página oficial das Macabíadas (e resultados), clique aqui!

ps2: Já tem uma nova enquete ali no canto direito! Votem!

domingo, julho 10, 2005

Pra ter vontade de voltar

"Jerusalém: uma cidade exótica.
Tel-Aviv: uma cidade erótica"

Um dia me disseram que a geografia e o clima de um região na certa influenciam drasticamente no comportamente e dia-a-dia da população.
Nunca li nenhum artigo científico que comprove essa hipótese, mas depois de um fim de semana em Tel-Aviv é possível começar a pensar sobre isso (e, talvez, enlouquecer).
Alguma vez já sentiram totalmente como "peixe fora d´água"?
É mais ou menos assim quando piso em Tel-Aviv. Não que eu não goste. Pelo contrário. E nem quero julgar as pessoas que não querem sair de lá.

Quando alguns conhecidos me perguntam onde moro e escutam a resposta, quase 100% das vezes ouço o mesmo discurso:
"Jerusalém? Não moraria lá nem de graça!"
"Putz, cê tá maluco! Não troco Tel-Aviv por nada"
"Aqui tem tudo, o que você quiser."


Tel-Aviv


Sim, tem tudo. (Mais uma vez, sem querer julgar) mas o que existe de singular em "encontrar tudo"?
O que existe de singular em ir na sexta-feira à noite para a praia com mais 50 brasileiros, ficar tomando cerveja e ouvindo "Terra Samba"?
O que existe de singular em frequentar pubs "brasileiros" todo final de semana?
O que existe de singular em viver numa cidade que não é singular?
Talvez o hebraico?
Talvez as drogas?
Talvez o fato de ser uma Israel antagônica dentro de uma Israel caricata?
Não sei. Não quero julgar.

Quando passo semanas consecutivas em Jerusalém, sou capaz de querer enforcar um desses religiosos no meio da rua. Mas, depois de um tempinho longe, tudo muda.
Indo de carro para Tel-Aviv com uma amiga israelense (apaixonada por Jerusalém), não pude deixa de cutucar.

_ Depois de dois dias você já deve ficar louca de saudade de Jerusalém, né!?
_ Dois dias não. Dois minutos.
_ E por que você vem então?
_ Pra ter vontade de voltar.

Pode soar estúpido, mas é verdade. Entendi perfeitamente. E ela sabe que entendi.

ps1: O Fernando, irmão do Juliano, me apresentou um som israelense... dos bons.
Um cd pirata, um grupo pequeno: "Mercedes Band". O som dos caras é tranquilo, as transições são excelentes e as letras, nem se fala.
Duas músicas me chamaram a atenção. A primeira se chama "Malach" ("Malárr", "Anjo"), que fala sobre uma pessoa alertando uma mulher que o "anjo dela" na verdade é violento, é traficante, falsificador e não terá tempo pra ela. A outra é uma gozação: chama-se "Ima shelach zonah" ("Ima shelárr zoná", "Sua mãe é uma puta"). É muito engraçada, não dá pra parar de cantar hehehe...


Para comprar o cd e ouvir algumas faixas, clique aqui!
Para o site oficial do Mercedes Band, clique aqui!

ps2: SEX AND THE CITY - A VERSÃO ORTODOXA

A abertura de um pub que oferece comida kasher (segundo as normas da religião judaica) e também a possibilidade de manter relações sexuais no banheiro se transformou em uma da atrações de Tel-Aviv.
Segundo o Yediot Aharonot, trata-se de um local que respeita "escrupulosamente" as normas da "kashrut", e ao mesmo tempo permite que jovens ultra-ortodoxos combinem livremente as comidas com o sexo.
O estabelecimente chamado "Meidele" ("neném", em yidish) é na verdade um pub para ortodoxos, que a princípio devem chegar em estado de pureza, como suas futuras esposas, ao casamento.

A atividade sexual é comum dentro das instalações do "Meidale", disse um dos frequentadores em condições de absoluto anonimato, e quem as pratica "têm a ilusão de que ninguém falará deles depois", acrescentou.
As atividades no local começam na madrugada, disse o cliente, quando homens e mulheres - proibidos pela religião - "dançam juntos, bebem tequila e finalmente não podem controlar-se".
Os sócios do "Meidale", Mickey Leizerovich e Hanan Najmani investiram no florescente negócio um equivalente a 175 mil dólares mas, ao transcender a existência do pub em um órgão de imprensa da minoria ortodoxa, podem perder a autorização de kashrut.
Para ler a notícia (em inglês), clique aqui!

ps3: A diplomacia israelense está com os cabelos em pé depois das declarações ignorantes do primeiro-ministro inglês Tony Blair.
Tudo porque, segundo esse fantoche, o conflito entre palestinos e israelenses instiga o terrorismo internacional. Consequentemente, Israel teria certa responsabilidade pelos ataques terroristas em Londres.
À princípio, o gabinete de Sharon recusou-se a responder às acusações de Blair, e inclusive instruiu o governo para não comparar os ataques à capital inglesa com os similares em Israel.
Justamente para evitar futuras comparações.
Acho que não preciso comentar isso, né!? Ficaria até amanhã escrevendo...
Para ler a nota (em inglês) que chama Blair de hipócrita, clique aqui!


Blair e Sharon


ps4: Vejam essa!
O Jerusalem Post anunciou que uma vacina experimental para pacientes com AIDS desenvolvida no Centro Médico da Universidade Hadassah em Jerusalém está se mostrando promissora em proteger o sistema imunológico de infecções.
A vacina, que ainda está na fase de testes, foi desenvolvida pela equipe da dra. Rivka Aboulafia-Lapid juntament com cientistas do Centro Médico Kaplan e do Instituto Weizmann de Ciência, em Rehovot.
O produto, ministrado a 13 pacientes em 33 aplicações demonstrou não ser tóxico e dobrou o nível de células T brancas do sangue, chamadas de cd4, que são destruídas pelo vírus HIV.
Mais pacientes serão vacinados em Beer-sheva e Tel Aviv (Israel) e na França. A expectativa é que venha ser usada como tratamento suplementar ao "coquetel" de medicamentos para os portadores do vírus HIV.

quarta-feira, julho 06, 2005

Hitkabalti!!! (התקבלתי)

Meus amigos, finalmente fui aceito!

Recebi a notícia hoje e, para comemorar, fui direto comer um falafel caprichado na rua King George.
Apenas uma nota triste: o curso que iria fazer (Mestrado em Relações Internacionais e Ciências Políticas, dos dois departamentos juntos) não será mais ofertado. Isso quer dizer que tive de escolher entre o Mestrado em Relações Internacionais (com ênfase em Ciências Políticas) ou o contrário; em Ciências Políticas (com ênfase em Relações Internacionais).
A carta de aceitação (com a primeira opção) chegará na minha casa ainda essa semana e, depois, faltarão somente (somente?) as provas de hebraico e inglês.
À partir de 3 de Agosto, estarei frequentando o campus da Universidade todos os dias.
Ah, e antes que eu me esqueça. Hitkabalti quer dizer "fui aceito".
E, nesse caso, com um sufixo: "estou dando socos no ar de alegria".

E já que hoje o post concentrou seu foco em cima do Bean (o que, convenhamos, não é comum), coloco aqui algumas fotos do making-off do curta (aguardem!!!!!!!) que gravamos aqui em casa no último final de semana.
Com a direção de Fábio Hofnik e, estrelando, nóis!!! Ah, e sou o de blusa branca...


Making-off 1


Making-off 2


ps1: É cada notícia que encontro por aqui... algumas não posso deixar de comentar. É patético.
Vejam o título:

Sexóloga cataloga vocabulário sexual de ortodoxos.

Explico.
Os ortodoxos têm um vocabulário específico para falar das relações sexuais.
Por exemplo, "fazer as pazes" significa "furunfunfar"; "pincel" significa... (não precisa dizer o que significa, né) e, para o órgão genital feminino, são usadas expressões como "O Lugar" e "telefone".
Segundo a sexóloga Guila Brunes, em entrevista ao Yediot Acharonot, o dicionário tem como objetivo, a princípio, cooperar com os médicos que nem sempre entendem a que se referem quando os que sofrem de impotência marcam consultas - após o conselho de seus rabinos - para que lhes receitem medicamentos a fim de combater o problema.
Tratam-se de religiosos que cumprem rigorosamente o preceito bíblico da procriação. "A paz do lar" é um dos principais preceitos para os dois cônjuges na vida matrimonial.
E não é só isso.
Uma das empresas que produzem pílulas para combater a impotência organizou um curso para sexólogos e "médicos de família" a fim de ensinar a interpretar as metáforas com que os ortodoxos se referem ao sexo.

ps2: Vi uma ótima hoje.
Depois do famoso slogan "Judeu não expulsa Judeu", a esquerda resolveu dar o troco. E em ótimo estilo.
Já é possível encontrar por aí um pequeno adesivo colorido com a frase "Judeus não esfaqueiam Judeus".


Judeus não esfaqueiam judeus


Tudo isso por causa do incidente da última Parada Gay aqui em Jerusalém.
Para quem não se lembra (ou está por fora), basta ler o último post!

ps3: E começa amanhã mais uma edição do "Festival de Cinema de Jerusalém".
Apenas ontem tive acesso à programação do Festival, que vai de 7 a 16 de Julho. A cidade está lotada de cartazes, placas e faixas.
Não tive tempo de ver muita coisa, e nem sei se vou perder meu tempo com isso. Sabe por que?
Tenho o cartão de anuidade da Cinemateca, que me permite ver quantos filmes eu quiser durante os 12 meses.
Porém, durante esses 9 dias, terei que pagar para entrar na Cinemateca. Bando de safados!


Festival de Cinema de Jerusal[em


Hoje, por exemplo, a sessão de abertura será o filme "Guerra dos Mundos", lá na Piscina do Sultão (que é um lugar grande, aberto. Provavelmente irão colocar um telão gigantesco lá no meio).
Pois bem. Achei que todos aqueles que têm a carteirinha da Cinemateca entrariam de graça. Mas não.
Esse país está cada dia mais se parecendo com o Brasil....

ps4: Antes de terminar, quero deixar registrado mais uma vitória do meu Galo em cima dos urubus.
Tudo bem que ultimamente esse time só me dá tristeza e desgosto, mas ganhar do Flamengo continua na pauta principal do clube. Ano passado 6 a 1, esse ano 3 a 1....
Abaixo, com vocês, o poderoso Marques!!! É isso aí.



"Marques é meu pastor e nada me faltará."
Para ver o gol de Marques, clique aqui!
Para o gol que fechou a goleada, clique aqui!
Para ouvir os gols, clique aqui!

sábado, julho 02, 2005

Aqui não é Sodoma. É Jerusalém.

Depois de uma polêmica decisão da Suprema Corte de Israel, realizou-se enfim a Parada Gay em Jerusalém.
E, no fim, tudo quase terminou em tragédia. Como era esperado.

Na noite de quinta-feira, cerca de 2000 pessoas concentraram-se no centro da cidade, na rua Ben Yehuda, e partiram em direção a um parque próximo aqui da minha casa.
Com o tema "Amor sem fronteiras", a parada também tinha outras pretenções. Uma participante, que veio de Haifa, afirmou que "o arco-íris une a todos, pessoas contra e a favor da evacuação de Gaza". E era essa a idéia.
Tudo poderia ter corrido tranquilamente, como todas as paradas desse estilo que acontecem pelo mundo. Mas não.
Havia, aqui, um grande obstáculo. Aqueles mesmos, os que se vestem de preto.

Não é preciso afirmar que a parada foi alvo de muitos protestos por parte dos judeus ortodoxos.
"Homossexualismo é imoral", dizia um dos cartazes carregados pelos oponentes. Na entrada de Jerusalém, pessoas erguiam um cartaz com a frase: "Bem-vindo à Sodoma".
Querem o fim da história?

No incidente, que ocorreu exatamente no momento em que os participantes alcançavam um cruzamento que passo todos os dias, o agressor atacou a facadas um homem de meia-idade que acompanhava o desfile com suas duas filhas adolescentes.
Em seguida, feriu uma jovem e um terceiro homem, que sofreram apenas lesões leves.



Segundo estimativa da polícia, cerca de 200 religiosos foram ao local da parada. E, apesar dos protestos que incluiu gritos de "doentes" e "pedófilos", o eventou prosseguiu.
Fiquei pensando com os meus botões.
A comparação exdrúxula entre homossexualidade e pedofilia é similar à acusação de que os judeus preparam matzá com o sangue dos cristãos. Mas não, a insistência dos religiosos não tinha fim.

Fiquei tentando imaginar uma conversa entre mãe e filho ortodoxos.

_ Mãe, eu ouvi que pessoas más que sodomizam crianças estarão nesse desfile.
_ Sim, meu filho. serão eles.
_ Mas por que logo aqui em Jerusalém, mamãe?
_ Não sei, filho. Ao invés de fazerem isso, eles deveriam procurar um tratamento. São doentes.
_ Mãe, não quero sair de casa hoje. Estou com medo!

Credo, ficou um diálogo meio trash, meio surreal. Mas não deve ter acontecido algum papo muito diferente disso.
Não sou homossexual nem simpatizante, porém tive mais uma vez que tomar partido. Esses religiosos aqui me tiram cada vez mais do sério.
Ah, e o louco das facadas foi preso. Menos um.



ps1: Agora acabou a brincadeira! Nada de juntar os amiguinhos de laranja e ir para Gaza aprontar confusão.
O Exército de Israel declarou a Faixa de Gaza como "área militar fechada".
Depois de mais um dia de violência em Gush Katif, o Ministro da Defesa Shaul Mofaz reuiniu a alta cúpula do exército e ordenou que Gaza fosse fechada.
A entrada nos assentamentos está, a partir do meio dessa semana, permitida apenas para os moradores dos 21 assentamentos da região. Para quem quiser sair, a porta da rua é a serventia da casa. E muito obrigado.

Ouvi ontem uma frase boa do Sharon.
Sim, de vez em quando ele solta uma boa.
"O vandalismo não é estilo do judaísmo".
Está aberta a temporada de caça aos agentes violentos do marketing laranja. A frase é do próprio senhor Sharon.

"Os cidadãos do país devem compreender esse perigo, e deve ser tomada
toda medida possível para terminar com essas desordens."

Se precisar de ajuda, senhor, estou aqui. À sua disposição...


ps2: E para quem AINDA acha que os laranjas são maioria no país, uma pesquisa do Yediot Acharonot mostrou que o aumento no número de manifestações violentas da direita fez com que a porcentagem de apoio ao plano de desconexão aumentasse em todo o país.
Tudo isso já dá para ser percebido até mesmo em Jerusalém.
Contra as famosas fitas e bandeiras laranjas, já estão circulando pela cidade em bolsas e carros uma porção de fitas da cor azul. Exatamente, à favor da hitnatkut (a desconexão)!
E continua a guerra das cores em Israel. E que seja no máximo e apenas de cores...

ps3: Coloco aqui um link para assistir a um show do grupo israelense Gaya.
Ele foi realizado no último dia 5 de Junho, aqui em Jerusalém, para um grupo de turistas (o famoso programa Taglit-Birthright).
Um show de percussão, batucadas, músicas típicas e famosas. Vale a pena assistir um pedaço.

Para ver o show, clique aqui!
Depois, na coluna da esquerda, clique em "Gaya - part 1" ou "Gaya - part 2".
Uma dica. Clicando na parte 2, é possível assitir logo de cara a música mais famosa do grupo: Shir Haahavah (Canção do Amor), mais conhecida como Iachad ("iárrad", juntos).