sábado, abril 30, 2005

Trem pra Jerusalém? Neeeeeem.......

Como disse, estive em Tel-Aviv anteontem.
Um dia. Não a passeio. Ou não totalmente.

Fui, com o Fábio, arrumar nosso aparelho de DVD que estava estragado há meses. História patética.
A assistência técnica oficial da Daewoo em Israel é um muquifo sem precedentes. Aqueles de fundo de rodoviária: uma portinha, dois russos trabalhando, várias peças espalhadas pelo pequeno cômodo.
Trocaram o leitor de cd. Tudo bem. Um dos russos consertou na hora, me entregou o aparelho, virou-se e continuou a trabalhar. Ninguém pediu papel algum com garantia, nota fiscal, nada.
Olhei para o Fábio e não tive dúvida. "Vamo embora!".
E fomos à praia, sem saber se fugimos ou não da assistência.
De qualquer forma, posso agora assistir alguma coisa no tempo livre...

Voltamos de trem para Jerusalém. A famosa linha de trem, tão comentada nas últimas semanas. Sim, uma viagem confortável.
Trem é trem, não "trem" comparação. Mas, de Tel-Aviv para Jerusalém, não recomendo.
Primeiro; é mais caro (tudo bem que tenho carteira de estudante, mas mesmo assim).
Segundo; é mais lento. Meia hora a mais numa viagem que duraria 45 minutos de ônibus faz uma baita diferença.
Terceiro; a estação de trem de Jerusalém fica no (perdão!) cu da cidade. Além disso, é preciso caminhar uns 500 metros para fora da estação, numa subida, para chegar ao shopping center Malha e aos pontos de ônibus que levam ao centro da cidade. Ridículo.
Quatro; são poucos os horários entre Tel-Aviv e Jerusalém. Já os ônibus saem de 15 em 15 minutos.
Trem pra Jerusalém? Neeeeeeem..... (é só notar minha cara de "totalmente satisfeito").

ps1: Isso aconteceu há alguns dias. Achei que poderia ser mais um fogo de palha, mas parece que a situação está se arrastando. Por isso virou pauta do blog.
A Associação Britânica de Professores Universitários vem boicotando, já há alguns dias, as Universidades israelenses de Haifa e Bar-Illan. Eles votaram pela suspensão de todos os vínculos com essas duas instituições, concordando em divulgar entre seus membros declarações de organizações palestinas conclamando para um boicote total aos acadêmicos israelenses.
A Universidade de Haifa foi acusada de destratar um palestrante que seria antissemita. A decisão foi, obviamente, condenada por grupos acadêmicos judaicos na Inglaterra. O Board of Deputies, entidade judaica britânico, descreveu a medida como "uma ação irresponsável e perigosa".
Apesar de ser preciso averiguar exatamente o que aconteceu com esse tal palestrante, eu descrevo a medida como racista. E fim de papo.
Para ler novidades sobre o caso (em inglês), clique aqui!

ps2: Não tenho dúvidas de que, se não quiserem sair pelo bem, sairão sentindo o bolso.
Uma fábrica de helicópteros militares localizada na zona industrial de Atarot, no norte de Jerusalém, perdeu cerca de 8 milhões de dólares em 2004. Motivo? O estabelecimento localiza-se do outro lado da Linha Verde, ou seja, dentro do território palestino.
Por esse motivo, os Estados Unidos deixaram de investir na fábrica.
A direção dirigiu-se ao Ministério da Segurança solicitando a transferência da fábrica a um terreno em Lod, próximo ao aeroporto internacional Ben Gurion. Mas o governo israelense e a prefeitura de Jerusalém negaram por motivos políticos.
E vão continuar negando, até que a fábrica entre em falência. Tomara. Porque assim, sai na marra!

ps3: Não quero fazer apologia (credo), mas achei legal divulgar essa campanha.
Uma organização israelense chamada Yad Leachim ("iad learrim" - "Mão aos irmãos") trabalha para "recuperar" mulheres judias que se apaixonam por árabes. Calma, vou explicar.
Depois de um tempo vivendo com eles, suas vidas se transformam várias vezes para pior. Muitas são maltratadas e proibidas de saírem às ruas do povoado árabe ou palestino em que vivem.
Segundo a organização, não são um ou dois casos. São centenas. Normalmente, essas mulheres têm filhos com os árabes, o que resulta numa complicação a mais (por questões de educação, cultura, essas coisas).
No fundo, essa organização ajuda essas mulheres a ter uma vida normal ou até mesmo voltar às cidades judias, se é do desejo delas.
Abaixo, um cartaz da campanha: "Quando uma criança judia chama-se Ahhmed".


Yad leachim

quinta-feira, abril 28, 2005

Post parênteses - Homenagem

Só pra não passar em branco...
Minha homenagem ao melhor jogador de futebol que vi jogar...
Sou fã, não nego. Romário é rei!

Despedida do Romário

ps1: Hoje fui pra Tel-Aviv. Tenho muitas histórias pra contar, algumas novidades, boas fotos também. Aguardem o post de amanhã (que, prometo, não terá nada de futebol).

ps2: Já tô começando a odiar essa história de ter que ir lá no mercado árabe comprar pão porque essas desgraças desses supermercados não vendem chametz nessa semana (expliquei no post anterior o que é chametz). As pessoas não entendem que nem todo mundo é religioso e por isso nem todos cumprem esses rituais ou sabe-se lá o quê.
Acho que vou abrir uma comunidade no Orkut: "Eu tenho direito de comprar pão!"

quarta-feira, abril 27, 2005

Tire a viseira de burro!

Me sinto um fracassado quando percebo que, apesar de TUDO, vivo fechado nesse mundinho.
Nesses mesmos problemas, mesmas discussões, mesmos apelos.
Falo de Israel. E esse conflito já insuportável e seus capítulos que assisto todos os dias ao vivo.

Há dois anos, quando encontrei esse livro numa feirinha lá na Faculdade de Direito da UFMG, não hesitei. Comprei na hora. Vinte reais. Um calhamaço de quinhentas páginas com um título sugestivo:
"Gostaria de informá-lo de que amanhã seremos mortos com nossas famílias".
A história: a guerra e o genocídio em Ruanda, no coração da África, há cerca de 10 anos.
O livro é fantástico, e a história me balançou.
Mas com toda essa história de "morar e estudar em Israel", o assunto "morreu" na minha cabeça. Sobrou somente "palestinos", "exército", "Sharon", "atentados", "processo de paz". Essas coisas que vocês estão acostumados a ver todos os dias aqui no blog.

Porém ontem, a luzinha mais uma vez brilhou.
O responsável foi "Hotel Rwanda", um filme que faz um bom recorte do conflito entre hutus e tutsis no país.
Confesso que, antes de ler o livro, sabia quase nada. Me interessei.
Quando assisti ao filme, ontem, já sabia muita coisa. E sempre me impressiono mais. Não sou nenhum expert ainda, mas pretendo me aprofundar ainda mais.
É um conflito que em importância geopolítica não chega perto do Oriente Médio, mas em crueldade, mediocridade e intensidade deu de 10 a 0. É impressionante.

Acho que já falei demais. O toque está dado. Até para os judeus que acham que Israel é o centro do mundo e esse conflito com os palestinos deve ocupar toda as atenções, é bom abrir um pouco a viseira e perceber que existem outros conflitos, maiores, que envolvem diretamente mais pessoas, que precisam de muito mais ajuda, que morre muito mais gente.
Abaixo, um frame do filme. O ator Don Cheadle, que faz o papel de Paul Rusesabagina (a história é real), foi indicado ao Oscar de melhor ator. Merecido.


Hotel Rwanda


Para ler mais sobre o filme (em português), clique aqui!
Para a página do filme no IMDB (em inglês), clique aqui!
Para o site oficial (com trailer), clique aqui!

ps1: Vi essa notícia no jornal de ontem. Esses são roots...
Para atender à demanda de centenas de jovens israelenses viajando pelo Nepal e pela Índia, o Beit Chabad realizou um seder de Pessach em Kathmandu para quase duas mil pessoas. E eles fazem isso por lá há 22 anos!!!
Segundo o Jerusalem Post, este é um dos 1.241 jantares organizados pelo Chabad em 389 cidades em todo o mundo.
O rabino Hezki Lipschitz conversou com os repórteres por telefone e disse que os mochileiros israelenses planejam suas viagens já contando com o seder de Kathmandu.
Alguém anima pro ano que vem? Tô brincando....

ps2: Pra rolar de rir, tem outra notícia boa. Ou patética. Ou sei lá.
Todo mundo sabe que durante Pessach não se come pão, massas, nada que seja fermentado (estou entrando em crise de abstinência de shnitzel (peito de frango à milanesa frito)). Em relação aos medicamentos, não há restrições, desde que não tenham hametz (fermento).
Mas a religião judaica permite que sejam tomados remédios de todo o tipo em caso de vida ou morte (pois a vida vem sempre em primeiro lugar).

Este ano, a novidade esdrúxula ficoupor conta da proibição do consumo de Viagra, que embora seja kasher (de acordo com as leis dietéticas judaicas), dizem ser envolto por uma camada que cobre a cápsula que contêm hametz.
Como parar de usar o Viagra não incorre em perigo mortal, rabinos israelenses proibiram seu consumo durante os dias de Pessach.
Entenderam? É cada uma que me inventam...

ps3: Estou prestes a destruir minha vida. Por favor, me ajudem!!! Socorro!!!!
Um amigo norte-americano que mora em Tel-Aviv está vendendo seu Playstation 2 (ou mais conhecido como "Porta-Winning Eleven") por míseros 500 shkalim, pouco menos de 300 reais. Não dá pra resistir. Mas não posso! O que fazer? Preciso estudar....
Ai, que dúvida! Por favor, me mandem sugestões. Desencorajando-me. Ou não...

terça-feira, abril 26, 2005

Esse tem que respeitar!

Durante sete anos, foi o Presidente de Israel.
Nascido em Tel-Aviv no longinquo ano de 1924, ele cresceu na cidade de Haifa e fez carreira nas áreas militar e política. Era sobrinho do primeiro presidente do Estado de Israel, o cientista e líder sionista Chaim Weizmann (1949-1952).
Era também bastante conhecido aqui por sua brilhante carreira como piloto das forças aéreas do país. Foi também Ministro da Defesa, justamente arquitetando o primeiro acordo de paz entre Israel e um país árabe: o Egito, em 1979.

Ezer Weizman, falecido no último domingo, pertencia à primeira geração de dirigentes políticos nascidos em Israel.
Apenas um episódio manchou sua carreira. Em 1993, Weizman foi eleito para o cargo de presidente de Israel. Reeleito em 1998, renunciou ao mandato em julho de 2000. A renúncia foi provocada pela revelação de que Weizman havia recebido 450 mil dólares em presentes de um empresário francês entre 1988 e 1993 --período em que atuou como membro do Knesset, antes de assumir a presidência.

Seguindo as homenagens, o Jerusalem Post de hoje veio com um caderno especial para Weizman. E não podia deixar de ser. Nele, o líder israelense é elogiado por várias figuras do cenário internacional: o príncipe Hassan da Jordânia, a viúva do líder egípcio Anwar Sadat, o presidente egípcio Hosni Mubarak e outros.
Weizman morreu em sua casa, em Caesarea (Cesaréa), junto aos parentes, por complicações causadas por uma pneumonia.
Acho que ele e o Rabin têm muito o que conversar. E terão bastante tempo pra isso. Que descanse em PAZ!


Ezer Weizman

Para ler matéria do JP(em inglês), clique aqui!
Para ler editorial do Haaretz (em inglês), clique aqui!
Para uma biografia de Weizman (em inglês), clique aqui!
Para outra biografia (em inglês), clique aqui!
Para ler matéria em hebraico, clique aqui!

ps1: Como eu previ aqui mesmo no "Blog do Bean", aquela coisa da Parada Gay em Jerusalém ainda vai dar o que falar...
Nesse fim de semana, incendiaram um bar frequentado por homossexuais aqui na cidade. Até o Terra noticiou. Para ler a notícia, clique aqui!

ps2: Mais dois Serviços "Bean" de Utilidade Pública.
Para quem gosta de baixar vídeos e músicas (israelenses) da internet e usa o programa Emule, recomendo o site israelense "Donkey". Entre e faça a festa!
E, para alegria geral da nação, os trens inter-municipais de Jerusalém já começaram a circular. Eles ainda não chegam em todo o país (é preciso fazer baldeação). Para o site com horários, preços e destinos é só clicar aqui!
O trem interno, que circulará na cidade, só ficará pronto em dois ou três anos. Até lá, Jerusalém continuará um canteiro de obras. Até parece que a Marta é a prefeita...

ps3: Muitos perguntaram, respondo coletivamente. O nick para me encontrar no Skype é o tradicional "bean-bh", criado nos áureos tempos de Mirc e usado até hoje.
Aliás, Deus salve o Skype e seus criadores! Depois da roda, a melhor invenção da humanidade...!!!

ps4: Fiquei amigo de um simpático vendedor de coisinhas de narguila, lá no shuk árabe de Jerusalém. Seu nome é Adam: um árabe bem ocidentalizado que já morou na Califórnia e era amigo também do Nababu (aliás, Nathan, aparece aí!).
Moral da história: ele me chama pelo nome, me faz bons descontos, até fiado ele vende pra mim.
Comprei uma mangueira nova pra minha narguila. Linda, com aquela ponta parecida com a cobra Naja. Alta qualidade. Mas era cara, não tinha dinheiro suficiente.
"_ Tudo bem, pra você não tem problema. Quando você vier aqui, me deixa uns 10 shkalim a mais e morreu a história!"
E foi o que fiz.
Quando estiverem em Jerusalém e quiserem comprar narguilas e tabacos, me avisem. O desconto e a qualidade são garantidos... (não é propaganda, até porque não levo nada por fora. Até seria uma boa idéia hehehehe.....)

sábado, abril 23, 2005

Um "problema" de cada vez

Ganha um doce quem responder à pergunta:
"O que irrita mais? Árabes mal educados ou judeus mal educados?"
A disputa está cada vez melhor (ou pior).

Ontem, pude comparar os dois tipos de falta de educação simultaneamente. Trabalhando no hotel, tive que lidar com ambos os "problemas", e o pior: ao mesmo tempo.
De um lado, os mal-educados árabes que não têm pudor algum em dar de espertinhos para servir suas mesas mais rapidamente. Furam filas, roubam pratos das bandejas dos outros...
Claro que não posso generalizar. Fora o Mustafá (que agradeço todas as vezes que trabalha conosco) e uma ou outra excessão, o resto é brincadeira!
Ontem, consegui ficar nervoso com um. "Eu que nem sempre calmo, mas nunca preocupado". Os caras são tão cara-de-pau que gritei com um na fila da comida, chamei-o de "ladrão", na cara dura. O safado só riu. Espertalhão. Sabia que estava errado.

Do outro lado, os também "simpáticos" judeus religiosos. Mais uma vez não posso generalizar, mas muitos tratam os garçons como lixo. Um senhor de barba, religioso, não parava de reclamar.
Quando acabava de sair do problema com o árabe e me aproximava da mesa dos convidados com uma bandeja lotada de pratos, este senhor mais uma vez reclamou. Parei, olhei para ele. "Paciência, senhor religioso!", gritei. O velho ficou sem reação.

E hoje promete ser pior. Pela primeira vez nos últimos anos, não terei um seder (jantar) de Pessach. Pelo contrário. Trabalharei num. É isso.
A Terra pode ser santa. Mas esses dois povinhos... de santos não têm nada!

ps1: Na edição de especial de Pessach do jornal Haaretz, uma grande matéria com o primeiro-ministro Ariel Sharon nos chama a atenção. Está em inglês. Quem tiver paciência, aqui está o link!

ps2: Pra não dizer que sou um judeu desnaturado, coloco aqui um link para quem quer saber um pouco mais sobre a festa de Pessach. Não que eu tenha lido. Essas coisas de religião me dão cada vez mais alergia. Coceira, sabe!

ps3: Encontrei essas fotos na net. A qualidade não está boa, mas achei que seria legal colocar aqui.
Tratam-se de alguns soldados da artilharia israelense, no meio do deserto, celebrando "Pessach" em 1976. Bonitas as fotos.


soldados em Pessach 1


Soldados em Pessach 2


Disponibilizo também algumas musiquinhas de Pessach. Aquelas que vou me encher de tanto ouvir hoje. Em mid mesmo. É só clicar para escutar.

Tudo isso foi tirado de um site alemão, por incrível que pareça...

ps4: E hoje começa mais um calvário do Galo. Não poderei escutar o jogo por causa do trabalho, mas estarei atento pela internet do celular. Aliás, complicada a situação do Galo. Precisamos de mais alguns jogadores, urgente! Como li em algum lugar, "Habemus Reforssus!!!"

ps5: Rato (e curiosos), as fotos da Jordânia só na semana que vem. Mas valerá a pena esperar. Estão muito legais!

quinta-feira, abril 21, 2005

A minha verdade

Não, de forma alguma. Não sou o dono da verdade.
Aliás, boa discussão essa. "Pano pra manga" em qualquer faculdade de Comunicação.
Sem maiores rodeios, quando o assunto é a "verdade", "objetividade" a "imparcialidade" no fazer-jornalístico, costumava gostar de citar um texto que li há tempos atrás: "A objetividade como um ritual estratégico", de Gaye Tuchman. Para a jornalista-socióloga, a notícia nunca espelha a realidade. Descobrimos a pólvora, hein!?
E o "Blog do Bean", coitado, muito menos reflete algo 100% concreto e imutável.

Quando faço comentários sobre os religiosos, sobre os árabes, sobre os russos, os etíopes ou sobre qualquer coisa, tudo sai da minha cabeça. É o meu olhar. É o meu recorte. É a verdade minha. E de mais ninguém...
Disse que costumava citar o texto da Gaye Tuchman porque encontrei um outro bem mais exato, mais preciso. Mais poético.

A Verdade

Carlos Drummond de Andrade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com o mesmo perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta.
Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar.
Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

ps1: Recebi agora uma notícia totalmente sem pé nem cabeça. Não encontrei nenhuma referência nos sites israelenses, e só espero que não acusem Israel de alguma conspiração maluca dessas. A nota:

"Pelo menos quatro pessoas desapareceram no litoral israelense nesta quarta-feira à noite, depois que a embarcação na qual viajavam afundou, disse o Exército de Israel, acrescentando que se trata de um navio de carga procedente do Egito, com destino à Síria.
Outro barco que navegava na área resgatou dois sírios e um egípcio, que contaram fazer parte de uma tripulação de sete membros. O navio, que transportava cimento do Egito para a Síria, afundou cerca de 56 quilômetros a oeste da localidade israelense costeira de Nahariya (norte).
Os resgatados foram levados para a Síria em um barco com bandeira deste país. A rádio pública israelense anunciou que o navio era de bandeira norte-coreana, mas a informação não foi confirmada pelos militares."

ps2: Está sendo noticiado que o gord.. ops, o craque Ronaldo visitará os territórios ocupados no início de maio. Ronaldo fará uma visita curta de dois dias, nos quais visitará a parte oriental de Jerusalém e a cidade de Jericó.
O brasileiro recebeu o convite da Unicef e da UNRWA, a Agência da ONU para os Refugiados palestinos. O atacante brincará com um grupo de crianças palestinas no acanhado estádio de futebol do campo de refugiados de Ukbat Yaber, e posteriormente se reunirá com o governador da cidade autônoma de Jericó.

ps3: Depois do sucesso da viagem para a Jordânia, a próxima já está sendo planejada. Provavelmente, o Egito: Sinai, Cairo e Luxor. Aguardem...
E aproveito o "ps" para um serviço de utilidade pública. Disponobilizo alguns sites de agências de viagens aqui em Israel. Existem várias opções de pacotes para p***quepariu, se me permitem dizer.

ps4: Já que o post de hoje está com traços intelectualóides, coloco aqui o link para uma matéria da BBC Brasil com o teólogo Leonardo Boff sobre o novo Papa. É só clicar aqui!
Aliás, foi muito bem recebido o nome do novo papa aqui em Israel. Pelo seu país de origem e o bom relacionamento que tem com as comunidades judaicas.
E como li em algum lugar, já que nunca paguei o dízimo e apoio o uso de métodos anticoncepcionais, não tenho autoridade para comentar mais nada sobre o Papa....

ps5: Que delícia esse "chofesh" (feriado)!!! Agradeço aos judeus (ou hebreus) que saíram do Egito há milhares de anos. Por causa deles, tenho duas semanas de recesso das aulas.
Em termos. Os livros de hebraico me aguardam lá no meu criado. Daqui a pouco eles me puxam!!!


terça-feira, abril 19, 2005

Habemus Papam

Num post adendum de hoje, não poderia deixar de dar os parabéns ao novo Papa.
Papa Willy Fritz Gonser, célebre narrador dos jogos do Clube Atlético Mineiro.
É o Galo, no caminho certo...!!!
ps: No fim do ano, teremos a Missa do Galo mais legal da história do Cristianismo...


A "Eilat" pobre

antes de começar o post, cante a musiquinha da National Geographic.
Dá um sabor especial...

National Bean Geographic - Áqaba

O telhado de um albergue no centro de Áqaba, no sul da Jordânia, foi o destino de nossa primeira noite. Quente, barato e com uma vista privilegiada. Para chegar até lá, é preciso atravessar a fronteira que fica a poucos quilômetros de Eilat, cidade-resort mais ao sul de Israel (e pagar uma gorda taxa de saída).
Isso sem contar as várias horas de viagem até chegar à Eilat... ônibus cheio, passei três horas sentado no corredor. No que diz respeito ao quesito "dor nas costas", equivaleu a um dia de trabalho naquele hotel!!!

Áqaba é uma cópia pobre de Eilat. Apesar do clima de "cidade de praia", aquele "cheirinho de mar", não é tão charmosa como a versão israelense. E, como não é difícil imaginar, são poucos os turistas e as mulheres caminhando pelas ruas.
Mas tem bons restaurantes, disso não tenho dúvida.
Um "kebab indiano" foi a pedida do jantar. Delicioso. O melhor da viagem.
O centro de Áqaba fica movimentado até bem tarde. Aliás, foi o que percebi em toda a Jordânia. Ás 11 da noite, os comerciantes começam a pensar em fechar suas lojas. Isso possibilita passear à noite pelas ruas até tarde, ver o movimento, entrar nas lojas e conversar com as pessoas.
De engraçado, uma movimentada "lojinha de sucos" que monopolizou os pedrestes de uma das ruas paralelas à orla. A apelidada pelo Didi de "Refrescaria", como aquela do Chaves, é sucesso em todo o país. Em cada buraco existe uma dessas refrescarias.

Para ir até Petra, pode-se pegar um táxi, mas não recomendo. É caro. Fomos de ônibus, aquelas "princesinhas do agreste" caindo aos pedaços que atravessam o deserto quase sempre sem nenhum turista a bordo (menos de dez vezes o preço da passagem de táxi). Duas horas de viagem.
Aliás, um parênteses. O "dinar jordiano" (apelidado pela gente de "dinheiro" - "um dinheiro", "dois dinheiros", "dez dinheiros") vale mais que o dólar. Dez dólares equivale a "sete dinheiros".

Saímos bem cedo de uma Áqaba ainda vazia, com a certeza de que não é preciso mais do que poucas horas para conhecê-la. Aos poucos, a bandeira gigante da Jordânia que tremula na cidade (e pode ser vista de Eilat) foi ficando para trás.

ps1: Hoje o post vai ser um pouco interativo. Por exemplo, para verem uma foto minha em Áqaba, é só montar o quebra-cabeça que está no link abaixo.... não é difícil!

ps2: Estamos chegando próximo da tão esperada (para os outros) festa de Pessach, que celebra a saída dos judeus do Egito (aquela mesma do filme "O Príncipe do Egito"). Pra mim, mais um motivo que os judeus arrumaram pra fazer banquetes e comer como animais a noite toda. Mas tudo bem, faz parte.

O seder (jantar) é agora no sábado. Devo passar trabalhando, já que pagam uma fortuna por hora durante esse feriado e não faço questão alguma de "passar o Pessach de forma tradicional". Êta judeuzinho de "meia-tigela" esse...
Ah, e antes que eu me esqueça.
Para assistir a uma divertida animação sobre o chag (rrág, festa), clique aqui! (e espere começar...)

ps3: Ainda não li nada sobre isso aqui, mas a notícia é do site Omelete.
Em 19 de Maio, estréia em Israel um filme sobre Adolf Hitler. Segundo algumas fontes, o filme trata da "face humana" do ditador, baseado em relatos de testemunhas. Segundo o site, "a decisão foi tomada após uma exibição teste em Jerusalém, quando 91% do público foi favorável à exibição do filme no país, lar de aproximadamente 280 mil sobreviventes do Holocausto."
Ninguém proibiria o filme de passar aqui, o que seria clara censura. Mas não acredito que ele dê muito ibope no país...
E, pra embalar no assunto, ontem vi no jornal daqui que um ministro alemão que não lembro o nome discursou na cerimônia de 60 anos da libertação de um campo de concentração próximo à Berlim. Contrariando a opinião de alguns "intelectuais" que afirmaram na última semana que o fim da Segunda Guerra foi uma derrota triste para a Alemanha, o ministro mais uma vez classificou o Nazismo como parte do "passado negro" do país.
Abaixo, um frame do filme.


Cena do filme de Hitler, A Queda


Para ler a matéria do site Omelete, clique aqui!
Para uma resenha de "A Queda - As Últimas Horas de Hitler" (em português), clique aqui!
Para a página oficial do filme (em alemão), clique aqui!

ps4: O post sobre Gush Katif fica pra depois, mas não me esqueci...

segunda-feira, abril 18, 2005

Quebrando preconceitos sim!

Tudo bem que fiz essa viagem com a cabeça bem aberta.
Tudo bem que sempre me interessei e respeitei a cultura árabe, tanto é que por muito tempo frequentei classes do idioma árabe em BH.
Tudo bem que aqui em Israel defendo a devolução de todos os territórios ocupados.
Mas duvido que qualquer pessoa (de sã consciência, não esses direitistas malucos que se vê por aqui) que visite a Jordânia não se surpreenda com o que verá. Que não quebre barreiras e preconceitos que já estão incorporados.

O povo jordaniano é bem simpático e hospitaleiro. Os "súditos do rei Abdallah" são curiosos e sabem tratar bem o turista, o visitante, o estrangeiro. E isso é bem típico da cultura árabe mesmo.
Quando me preparava para pegar o ônibus de Petra para a capital Amã, encontramos um senhor no meio da rua (vestido à caráter) que, curioso, nos perguntou de onde éramos.

"- Que bom, sejam bem vindos à Jordânia. Se vocês não tivessem indo viajar agora, os convidaria para um chá na minha casa. Motorista, cuide bem dos meus amigos brasileiros..."

E, no fim, ainda nos comprou uma barra de chocolate que serviu de café da manhã. Isso é só um exemplo, poderia contar vários outros. Casos dessa viagem à Jordânia é o que não faltam...

Amã.
Cidade, ao contrário do que dizem sobre o Cairo (nunca fui, mas irei em breve), bastante organizada. Trânsito normal, mistura de avenidas largas e ruas bem estreitas, umas mistura de popular com um toque moderno, bem parecida com qualquer capital brasileira. As diferenças aparecem apenas nas pessoas que andam pelas ruas (suas roupas, seus véus e seus bigodes), as mesquitas gigantes e o que vendem nas infinitas lojas que enchem o centro da cidade.
E não é à toa que o centro é parecido com o de Belo Horizonte, por exemplo. Foram os árabes, os turcos e os judeus, tradicionais comerciantes, que começaram tudo isso nas grandes cidades do Brasil.

Agora me perguntam: "você não disse que era judeu, né? Disse somente que era brasileiro, essa coisa de Ronaldinho e tal?... se tivesse dito que era judeu, seria tratado da mesma maneira?"
Como bom mineiro, respondo com outra pergunta: "e o contrário? Se um jordaniano desses as caras lá em Tel-Aviv... seria diferente?"

ps1: A grande maioria das fotos da Jordânia estão com o Didi, mas prometo colocá-las na net ainda essa semana. Dividirei em álbuns específicos (Áqaba, Petra, Amã e Jerash), com pequenos comentários em cada foto.
Abaixo, uma pequena prévia da minha visita ao "reino". E continuo esperando os comentários, pra saber sobre o que exatamente escrever sobre lá. Ou querem que eu mesmo decida?

ps2: Não tive a oportunidade de ler a última (ou penúltima) revista Veja.
Aliás, há uns três anos retirei essa tal revista da minha vida. Totalmente dispensável. E não falo da boca pra fora. Fiz faculdade de Comunicação Social, elaborei trabalhos e acompanhei pesquisas científicas que, dentre várias conclusões, indicaram que aquilo não é jornalismo.
Mas parece que essa matéria de capa em que me refiro acertou em cheio: "Democracia no mundo árabe". Pelo que li em outro sites, a matéria condena o terrorismo, o racismo, a omissão da ONU e também prega a liberdade nos países árabes.
Vale a pena também um elogio ao outdoor que apareceu em algumas cidades. Nele, a chamada dizia "Democracia: O terror dos terroristas".
O site "de Olho na Mídia", que na verdade não gosto muito, foi feliz no comentário.

"Democracia: O terror dos terroristas". Na Mosca. Ou como a história mostra, nunca houve uma guerra entre duas democracias. Israel é uma. Será que seus vizinhos se tornarão também? Só o tempo dirá..."

ps3: E está começando a "evacuação" de Gaza, cumprindo a vontade do Sharon. É bom ficar atento ao noticiário nos próximos dias. Sem querer dar uma de "mãe Dinah", mas com essa sociedade borbulhando por causa dessa tão discutida saída de Gaza, tudo pode acontecer.Que tudo corra sem maiores problemas. O que acho difícil.Num post futuro, quero escrever um pouco sobre o maior fenômeno atual em Israel: o assentamento judaico de Gush Katif, em Gaza.

sábado, abril 16, 2005

Postando da Jordania...

Sim, meus amigos. Estou na Jordania. Nesse exato momento.
Mais precisamente, em Aman. Mais precisamente, numa "internet cu sujo" que fica bem embaixo do hostel que estou hospedado.
Isso aqui eh uma viagem!!! Tudo eh bem diferente e, no fim das contas, aprende-se muito e tiram-se muitos preconceitos da cabeca. Historias, tenho aos montes pra contar. Eu e o Didi estamos passando dias realmente bem divertidos por aqui.
Vamos combinar o seguinte entao. No meu proximo post, que sera escrito de Israel, contarei algumas impressoes que tive do pais. Voces me deixam nos "comentarios" o que querem saber, porque assuntos e direcoes a tomar eh o que nao faltam.
Entao, fora os meus comentarios, voces decidem o que querem ler sobre a Jordania. Se querem um pouquinho do lado turistico, do lado humano, do lado religioso, do lado cultural, do lado economico. Posso falar um pouquinho sobre tudo, mas acho que vai ficar muito chato.
Combinado assim?
Espero entao a opiniao de voces. Agora vou dar mais uma saida pelo centro de Aman, falar um pouquinho de arabe pelas ruas e ver o que mais me espera nessa viagem inesquecivel que faco agora pelos confins jordanianos.
Salam a'leicom!!!

terça-feira, abril 12, 2005

O Bean responde

Hoje vou dedicar o post (que será um pouco comprido) para responder a uma pergunta que me fizeram aqui no blog.
Tentarei ser curto. Isso quer dizer que se alguém quiser perguntar algo, farei o possível para responder. Não sou enciclopédia, mas posso tentar ajudar.
Taí a pergunta. E a minha resposta.

Ô Reiss,
Li numa entrevista na "Caros Amigos" de um judeu brasileiro - Georges Burdukan, troço assim - já há alguns anos atrás, em que ele diz que a grande quantidade de imigrantes vindo do Leste Europeu e URSS após o fim do comunismo é responsável pela guinada à direita da política de Israel.
Os caras vindo da Rússia e outros países sem tradição democrática acabam engolindo mais facilmente o discurso chauvinista do Likud, essa é a teoria do cara.

Bom, Nikolas, a minha resposta é "em termos".
O primeiro de tudo é que os conceitos de "esquerda" e "direita" não se aplicam muito aqui em Israel. O sistema de partidos políticos possui variáveis inexistentes em outros países. Aqui não existe uma linha clara, com as tradicionais extremidades "esquerda" e "direita", na qual se encaixam os partidos.
Na verdade, são várias as linhas, já que são também muitas as variáveis. Os partidos se distinguem pelas vertentes "laico-religioso", "à favor da devolução de territórios-contra a devolução de territórios", "ashkenazim-sefaradim" e também "judeu-árabe", dentre outras.
Chamar o partido Likud de "direita" e o partido Avodá de "esquerda" não significa utilizar-se dos conceitos pré-estabelecidos e utilizados em outros lugares, como no Brasil.
Vou dar um exemplo.
Nas últimas campanhas eleitorais em Israel, muito se criticou sobre as propostas econômicas e sociais de ambos os partidos (os dois maiores). Isso porque eram propostas praticamente idênticas. É preciso ter muito cuidado para utilizar esses dois termos quando se referir aos partidos políticos em Israel. Não é simples.

Quanto aos russos.
Mais de 1 milhão de russos chegaram a Israel desde o início dos anos 90, e hoje são quase 20% da população total.
Segundo pesquisa realiada há poucos meses aqui no país, 60% dos russos eram à favor da retirada de Gaza. O dr. Eliezer Feldman, especialista na imigração russa, disse no relatório que a razão mais surpreendente que ouviu para apoiar a iniciativa é que após o desligamento “não haverá tantos árabes em Israel”.
É verdade, portanto, que boa parte dos russos se encontra no que muitos convencionaram chamar de "direita" em Israel, apesar de que muitas vezes eles funcionam, junto com os religiosos, como fiel da balança. Dependendo do que receberem de recursos, podem apoiar tanto um governo do Likud quanto um do Avodá.
O que eu posso dizer é que algumas vezes os imigrantes russos tem os mesmos anseios que a população em geral, e em outras vezes, suas preocupações são especificamente russas.

Acredito que o "trauma socialista" possa ajudar a moldar o comportamento dos russos, mas não creio que seja 100% decisivo quando o assunto é o conflito com os palestinos: seus problemas, seu dia-a-dia, sua solução.
Quero dizer que não foram os russos os responsáveis pela guinada à "direita" que tomou o Estado de Israel na última década. O assassinato do primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin (em 1995) e alguns dos seus desdobramentos (como o fracasso do ex-primeiro ministro Ehud Barak), creio eu, contribuíram muito mais para essa guinada do que a imigração russa.

Terminando: apesar de me considerar "de esquerda", não acredito que o discurso do Likud seja chauvinista. Mas isso já é uma outra discussão...

ps1: Já aviso, de princípio, que o filme que recomendarei aqui não é para todos. Não é um filme de apelo comercial.
Assisti esses dias à adaptação para o cinema de "O Mercador de Veneza", de William Shakspeare. Desde os meus primeiros estudos sobre a história do Antissemitismo, apaixonei-me por essa peça e não entendia como nunca havia sido feito uma produção hollywoodiana sobre ela.
No filme, é possível assistir à mais um show de atuação de Al Pacino, que vive o papel do judeu Shylock. Sensacional.
Trata-se de uma produção conjunta entre quatro países (EUA/ Itália/ Luxemburgo/ Reino Unido).
A sinopse abaixo é do site "Adoro Cinema".

Na cidade de Veneza, no século XVI, Bassanio (Joseph Fiennes) pede a Antonio (Jeremy Irons) o empréstimo de três mil ducados para que possa cortejar Portia (Lynn Collins), herdeira do rico Belmont. Antonio é rico, mas todo seu dinheiro está comprometido em empreendimentos no exterior.
Assim, ele recorre ao judeu Shylock (Al Pacino), que vinha esperando uma oportunidade para se vingar de Antonio. O agiota impõe uma condição absurda: se o empréstimo não for pago em três meses, Antonio dará um pedaço de sua própria carne a Shylock. A notícia de que seus navios naufragaram deixa Antonio em uma situação complicada, com o caso sendo levado à corte para que se defina se a condição será mesmo executada.

Sugiro assitirem ao filme e depois podemos conversar, comentar, o que quiserem. É difícil falar de "O Mercador de Veneza" para quem nunca assistiu à produção ou tampouco leu a obra.


Para assistir ao trailer, clique aqui!

ps3: No último domingo, mais uma manifestação contra a retirada de Gaza foi realizada aqui no país, desta vez em Tel-Aviv. Na capa do site do jornal Haaretz destacou-se um rapaz, no meio da multidão, segurando uma bandeira e uma vela.
Era o Naresi, o campineiro-israelense que até já foi citado nesse blog. Ele me ligou, no meio da manifestação, todo empolgado, me mandando entrar no site imediatamente...
-Calma aí, Naresi, onde é que ocê tá agora? Cê tá ainda aí na manifestação?
Ele respondeu.
-Não. Tô num bar aqui perto, assistindo o "Real Madrid e Barcelona".
Coisa de brasileiro mesmo...

ps4: Tem enquete nova na parada. Aqui, do lado direito da página!!!

sábado, abril 09, 2005

Igual mas diferente

Ontem não trabalhei em festa de casamento alguma. Até porque ninguém se casa aqui nas Sextas-Feiras.
A bola da vez foi um Bat-Mitzvá.

Um parênteses:
Nos últimos tempos, costuma-se realizar a cerimônia de Bat-Mitzvá para as meninas, "equivalente" ao Bar-Mitzvá dos meninos. À partir dos 12 anos, as judias são responsáveis por cumprir com os preceitos e mitzvot (mandamentos) do Judaísmo.
Esse costume de celebrar o Bat-Mitzvá tem relação direta com o avanço dos direitos da mulher e todas as transformações iniciadas a partir da década de 1920. Considera-se a filha do rabino Mordechai Kaplan como a primeira "Bat-Mitzvá" conhecida publicamente. Esse rabino foi o fundador da linha reconstrucionista no Judaísmo religioso, o que corresponde mais ou menos entre o conservador e o reformista. Isso quer dizer que os ortodoxos não celebram Bat-Mitzvá, até porque parece não existir nenhum relato nos "livros sagrados" sobre essa festa.

Mas voltemos ao dia de ontem.
Cheguei bem cedo. Arrumei todo o salão, junto com um sujeito árabe chamado Samer. Mesas, cadeiras, toalhas, talheres, copos, guardanapos, mesa de saladas, de café. Depois, fui montar o Kabalat Panim (a Recepção, com o bar e os salgadinhos).
E chega a família. A menina, uma loirinha mais maquiada que drag-queen. O pai, um senhor bem gordo, fumando sem parar e comendo todos os salgadinhos antes da hora. A mãe correndo pra lá e pra cá. E os dois irmãos menores ensaiando o discurso no microfone.
As pessoas começam a chegar. Recolho pratos, sirvo bebidas, indico o banheiro e até converso com um velho louco que debruçou no bar e explicava que estava bebendo tanto vinho "para compensar as pessoas que não puderam vir". De tanto servir vinho pro cara, acabei deixando uma garrafa pra ele de presente.
A menina, a Bat-Mitzvá, parecia preocupada. Alguém que ela queria muito que viesse, não chegava. A mãe explicava que a tal pessoa acabara de sair do hospital, que iria se atrasar. A menina chorou, fez pirraça.

"O que você quer, minha filha? Me diga. Quer começar o discurso?"
"Não, não quero nada!"

Pirraça mesmo. Coisa de menina de 12 anos.
E a festa começou. Os discursos vieram e tudo acabou bem tarde.
Depois de 9 horas de trabalho, cheguei em casa (fui sentar para almoçar no hotel quando já passavam das 4 da tarde). Dormi às 18h30, acordei hoje às 9h30. Apelei.
E fico por aqui. Preciso estudar. Amanhã começa tudo outra vez...

ps1: Todos os jornais, sites, rádios e tvs noticiaram. Não posso deixar de comentar.
Ontem, no funeral do Papa João Paulo II, chefes de Estado de todo o mundo comparecem. Dentre eles, o presidente de Israel, Moshe Katzav. Dentre eles, o presidente da Síria, Bashar el-Assad. Dentre eles, o presidente do Irã, Mouhhamed Katami.
E eles se encontraram. E trocaram cumprimentos.
O presidente israelense e o sírio cumprimentaram-se por duas vezes!!! Segundo o líder sírio, o aperto de mãos todavia não tem nenhum significado político.
É bom lembrar que Israel e Síria não possuem relações diplomáticas, e que as conversações de paz entre os países foram encerradas no ano 2000, quando o primeiro-ministro israelense era ainda o trabalhista Ehud Barak.

Katzav, que é iraniano de nascimento, conversou com Katami no idioma farsi.
O presidente iraniano foi enfático em declaração à rádio oficial do Irã. "Eu nego categoricamente que apertei a mão de Katzav, que me encontrei ou que falei com ele". Mas fontes disseram que os dois conversaram por bastante tempo. Dentre os assuntos, a cidade iraniana de Yazd, cidade-natal de ambos os líderes.
Israel não tem relações com o Irã desde a Revolução Islâmica de 1979.

Quanto ao Irã, não quero ser pessimista, mas creio que os senhores foram apenas cavalheiros. O enterro do Papa não seria a melhor das ocasiões para demonstrações de ódio ou de repugnância. Foram cavalheiros. Nada além disso. Uma pena.
Quanto à Síria, ainda tenho esperanças. Sites norte-americanos (como o Newsmax.com) informou que Assad teria até se disponibilizado para o reinício das conversações, desta vez com Sharon. Quem sabe...
Na foto, o senhor de cabelos brancos é o presidente de Israel. Logo atrás dele, o presidente sírio. O crédito da foto é do Canal 2.


Encontro Histórico?


Para ler a notícia no Jerusalem Post (em inglês), clique aqui!
Para ler a notícia no Haaretz (em inglês), clique aqui!
Para ler a notícia no Ynet (em hebraico), clique aqui!

Ah, e antes que eu me esqueça. Uma curiosidade. Apenas duas pessoas ainda vivas foram citadas no testamento do Papa João Paulo II. O arcebispo Stanislaw Dziwisz, seu secretário particular, e o ex-Grão Rabino de Roma, Elio Toaff. Segundo o papa, "como poderia deixar de me lembrar do Rabino de Roma?"

ps2: E vem mais trabalho por aí. A Associação dos Hotéis de Israel (IHA) divulgou esta semana que cerca de 250 mil turistas passarão em hotéis o feriado de Pessach, o que representa um aumento de 30% em relação ao ano passado.
O Ministro do Turismo Avraham Herschson está todo empolgado. Eu, nem tanto...

quinta-feira, abril 07, 2005

Crises são como ônibus. Passam.

Debatamos hoje sobre "crise".
Muitos já se debruçaram por horas em cadeiras pouco confortáveis e quebraram a cabeça discutindo sobre o conceito de crise. Dentre vários, posso citar Freud, Gramsci, Habermas...
Eu, nos últimos dias, pude definir beatzmi (por mim mesmo) o que viria a ser crise. Sem essas frescuras filosóficas. Tudo vindo inteiramente de experiências próprias.

"Crise" significa um período (curto ou longo) em que, direta ou indiretamente, vários aspectos importantes da vida começam a dar errado em sequência.

Existem vários tipos de crise. "Crise de comportamento", "crise nos estudos", "crise na relação" ou simplesmente "crise". Os motivos, como disse, podem ser tanto diretos quanto indiretos.
Mas o mais importante de toda crise é nunca se render. É, depois das pancadas, sempre se levantar. O mais rápido possível. Sabe-se lá o que o futuro nos espera, não é?

Não vejo a hora de chegar a quinta-feira da semana que vem. Saio de férias. Deixo um pouco essa cidade (e as festas de casamento) e vou respirar outros ares por alguns dias. Sai Jerusalém, entra Amã. Dou notícias.

ps1: E preparam-se. Segundo uma estimativa do jornal Jerusalem Post (tudo bem que não é muito recomendável acreditar em estimativas de jornalistas), o numero de "imigrantes potencias" da Etiópia para Israel chega perto da casa de 50 mil pessoas.
A história real sobre os "judeus etíopes" não é das mais simples. Pelo contrário. Os "judeus negros da Etiópia", integrantes de várias ramificações da tribo "Beta-Israel", são conhecidos aqui no país como "Falashas". Vou tentar explicar um pouquinho. Se não tiverem paciência, podem pular de ps.

Durante os últimos 30 anos, grandes grupos de "falashas" migraram de suas pequenas vilas para a capital da Etiópia, Addis-Abbeba. Depois das duas grandes operações realizadas por Israel para trazer esses judeus (Operação Moishe - 1984 e Operação Shlomo - 1991), o Ministério de Absorção permitiu que fossem realizadas as aliot (imigrações para Israel) seguindo não a "Lei do Retorno", mas uma nova lei: a "Lei da Reunificação Familiar.
"A "Lei do Retorno", criada poucos anos após a Independência de Israel, permite a qualquer judeu (ou filho de judeu até a terceira geração) tornar-se cidadão israelense. Sem querer entrar na discussão, alguns ignorantes acusam a lei de segregacionista. Mas falo sobre isso em outra ocasião.

Voltando aos etíopes. Hoje, segundo dados (muitas vezes contraditórios) do governo , vivem cerca de 80 mil falashas em Israel. Desses, metade vieram nas duas grandes operações.
Conheci vários etíopes durante esses meses. Têm uma mentalidade muito mais "latina" do que "israelense". Afinal, são africanos. Falam bastante, são alegres, comunicativos, não passam despercebidos. Falam um idioma totalmente ininteligível e, como os russos, já possuem lojas voltadas especialmente para suas "necessidades". No shuk (mercado) Mahane Yehuda, por exemplo.

Acredito que um dos grandes problemas da história do "recém-criado" Estado de Israel é a maneira como os governos trataram da absorção dos novos imigrantes ("olim chadashim"). Desde 1948, grandes massas de olim costumam ser mandados para o que aqui chamam de "cidades em desenvolvimento". Essas "cidades em desenvolvimento" (como Ashkelon, Sderot, Kfar Saba, Kyriat Gat) acabam transformando-se em grandes bolsões de pobreza e criminalidade.
Cito um filme que fez sucesso no ano passado: "Sof haolam smola" ("Fim do mundo à esquerda"), que mostra exatamente a história de algumas famílias indianas que chegam à Israel na década de 60 e são "alojadas" numa "cidade em desenvolvimento" no meio do deserto.
Afinal, que governante em plena sã consciência colocaria, por exemplo, 50 mil iemenitas morando em Tel-Aviv em plena década de 50????


Judeus etíopes

Para ler sobre os primórdios dos falashas (em português), clique aqui!
Para ler a matéria do Jerusalem Post (em inglês), clique aqui!
Para ler a história dos judeus da Etiópia (em inglês), clique aqui!

ps2: Para quem gosta das discussões sobre Racismo e Futebol, coloco aqui no blog um link para o Editorial do jornal Haaretz de hoje.
Clamando pela erradicação do racismo nos estádios, o artigo coloca em discussão a "fanática" torcida do Beitar Yerushalaim.
O Beitar, para quem não sabe, é tão odiado pelas torcidas adversárias em Israel quanto o Corinthians é no Brasil. Além do mais, é uma equipe tradicionalmente composta por torcedores que, digamos, não gostam muito de árabes. Disso para manifestações racistas é um pulo. Pulo, aliás, que já foi dado.
Para ler o editorial (em inglês), clique aqui!

ps3: No próximo post, entra no ar a nova "Enquete do Bean". "Onde o Bean deve passar o seder de Pessach"? (o jantar da Páscoa judaica).
Aguardem as opções de resposta...

terça-feira, abril 05, 2005

Não gosto de "meia-boca"

Tempo significa possibilidade de conquistas.
Falta de tempo leva, muitas vezes, a abrir mão de futuras conquistas.
Quando digo que minha vida está corrida por aqui, sou quase sempre ovacionado. Engraçado isso.

"Puxa, que bom!"
"Tempo livre demais significa merda na cabeça!"
"É bom ter o dia cheio!"

Tudo bem, não posso reclamar das minhas conquistas até aqui.
Estudo, trabalho.... ôpa, o que mais eu faço? Ah, viajo (quando dá), saio (quando dá), leio (quando dá), vejo algum filme (quando dá). O "quando dá" ficou tão freqüente (ou infreqüente) que estou sempre tendo que me remodelar. Questão de prioridades. Questão de falta de tempo mesmo.

O fim é sempre o início de outra coisa. Já dizia o poeta.
Mas poderá algo ter acabado sem nunca ter realmente começado? Digo, não na concepção exata da palavra.
Quando entro em alguma coisa, quero sempre me doar ao máximo. Não gosto de deixar nada em segundo plano. É claro que os problemas sempre aparecem, já que é humanamente impossível dedicar-se a tudo em 100%.

Quando algum relacionamento chega ao fim, começamos a pensar em todas as burradas que fizemos.
E a burrada da vez foi exatamente não ter dado o máximo de mim.
Toda essa babozeira é pra dizer que tive que terminar com a minha namorada. Na boa. Por uma questão de tempo. Por não poder me dedicar à ela como deveria e como queria. Por não ter tempo. Por me decepcionar toda vez que não consigo me doar ao máximo para alguma coisa que eu quero. Por não querer magoá-la, por não querer vê-la sofrer. É melhor assim.
Não estou sendo egoísta, pelo contrário. Pensei muito mais nela que em mim.
Se for estudar, me dedico totalmente. No trabalho, o mesmo. E num relacionamento não pode ser diferente.
Ela não entende uma só palavra de português, por isso não poderá ler nada do que escrevo aqui. Mas não tem problema. Tudo isso ela já ouviu da minha boca.

Mas a vida continua, com alegria. Não foi nem a primeira e nem será a última vez que tenho de deixar alguma coisa para trás porque não consegui me dedicar 100%. Fracassei, de novo. E fracassarei outras vezes. Sem perder minhas convicções. E também sem perder o bom humor!

ps1: Já que hoje o post está muito mais narcisista do que de costume, coloco aqui um link para a minha página pessoal do MSN. O "Espaço do Bean" já está no ar. Não sei para quê serve, mas "tá lá".

ps2: Não posso deixar de continuar a falar do falecido Papa. Aliás, nem escreverei muito.
Disponibilizo aqui dois artigos sobre a atuação do Papa na melhoria das relações entre judeus e cristãos. Vale a pena, para quem se interessa, dar uma passada de olho.

Para ler o primeiro deles, um artigo bem curto (em espanhol), clique aqui!
Para o segundo, do jornal Haaretz (em inglês), clique aqui!
Para comentários de leitores do jornal sobre essas relações, clique aqui!

Sempre fui um crítico feroz da Igreja Católica. Como instituição. Ao longo da história, ela influenciou negativamente a vida de gerações não só de judeus, mas de vários outros povos. Volto a afirmar que sempre admirei a figura do Papa João Paulo II. Como figura humana, como "diplomata do Vaticano".
Mas, da Igreja, sempre dá pra tirar um sarro.


Perdão da Igreja


ps3: Essa eu tirei do Observatório da Imprensa. Até porque não vi nada publicado sobre isso aqui em Israel.
Segundo a nota da AP, a comunidade judaica estaria preocupada com o atual best-seller da Turquia: a reedição de Mein Kampf (Minha Luta). O livro, escrito por Adolf Hitler enquanto esteve preso em Landsberg am Lech, expõe suas "teorias" antissemitas e era tido como "a Bíblia do Partido Nazista".
Pelo menos duas editoras turcas publicaram a obra recentemente, segundo a nota do último dia 24.
Diplomatas alemães em Istambul já estudam sobre como tomar medida legal para conter a disseminação do livro no país. No mês passado, foi necessário procedimento deste tipo na Polônia.
Os direitos sobre Mein Kampf pertencem ao governo do estado da Baviera, que não os concede a editoras para evitar a proliferação dessa tal ideologia.
Para ler mais sobre o caso (em português), clique aqui!
Para um estudo sobre a concepção do Estado e Educação nazista (em português), clique aqui!

domingo, abril 03, 2005

O Papa missionário

"Mas que Belo Horizonte!"
A frase foi dita pelo próprio Papa, após avistar minha cidade do alto do bairro Mangabeiras. Em Julho de 1980, o Papa João Paulo II esteve em Belo Horizonte.
Estima-se que cerca de 1 milhão de pessoas saíram as ruas.
"Rei-Rei-Rei, o Papa é nosso rei": assim o povo mineiro recebeu sua Santidade. Em 1980, o Galo tinha, junto com o Flamengo, o melhor time do Brasil. Nosso maior ídolo era Reinaldo, cujo "grito de saudação" foi "emprestado" à João Paulo II. Desde então, a praça Israel Pinheiro, onde ele celebrou a missa campal, passou a ser denominada Praça do Papa.


Praça do Papa


Em Março de 2000, o Papa visitou Israel. Dentre suas passagens, foi até o Kotel, o "Muro das Lamentações".
Lá, o Papa acariciou com sua mão já trêmula as pedras amareladas do Kotel. Dentre as rochas milenares que a formam, deixou um pedido formal de desculpas da Igreja Católica pelos séculos de perseguições aos judeus.

"Deus de nossos pais, que escolheu Abraão e seus descendentes para trazer Seu nome a todas as nações. Estamos profundamente entristecidos pelo comportamento daqueles que, ao longo do curso da história, provocaram o sofrimento de Seus filhos e, pedindo perdão, desejamos nos comprometer com a fraternidade genuína entre as religiões."

Assistindo ao agonizante noticiário "morre - não-morre" sobre o Papa no sábado, muitas foram as entrevistas que vi sobre seu legado (o primeiro-ministro Ariel Sharon, por exemplo, referiu-se ao Papa como "amigo dos judeus".)
Apesar de seu estado de saúde debilitado nos últimos anos, Karol Wojtyla (apelidado por muitos de "O Papa neoliberal") marcou seu nome na história. Um Papa peregrino, que rodou o mundo levando sua mensagem de paz e se aproximando de líderes de outras religiões (percorreu cerca de 1,25 milhão de quilômetros em 104 viagens a cerca de 130 países). Um papa, enfim, comunicativo. Um papa missionário.

Comenta-se fortemente no mundo inteiro sobre quem seria o novo Papa. Especula-se que um negro estaria na lista. Seria bem interessante ver um papa negro, mas ainda acho que a Igreja não está preparada para isso. Como disse, acho mais fácil esse país ser transformado em "República Islâmica de Israel" do que ver um papa negro sendo anunciado nos próximos dias. Uma pena... (pelo papa, não por Israel...)
De qualquer forma, não importa quem seja o próximo papa. Continuará pregando contra o aborto, a contracepção, o sexo antes do casamento, o divórcio, o homossexualismo e a ruptura de "valores familiares tradicionais" (seja lá o que for isso nos dias de hoje). Sabe-se lá também até quando.
Abaixo, João Paulo II visita o Kotel Hamaaravi, o Muro das Lamentações.


Papa no Kotel


Para ler sobre a visita do Papa ao Kotel (em inglês), clique aqui!
Para ver fotos da visita, clique aqui!
Para ler sobre as visitas do Papa ao Brasil, clique aqui!
Para ler a notícia no jornal Haaretz (em inglês), clique aqui!

ps1: Segundo o Jerusalem Post, doze túmulos do Cemitério Militar "Har Herzl", em Jerusalém, foram profanados com pixações neonazistas, no segundo ato de vandalismo promovido no local nos últimos três dias.
Tudo é muito estranho. Dizeres em hebraico louvando Hitler pintados com spray foram encontradas por um pai que visitava o túmulo de seu filho. David Avidar disse que havia uma letra em cada túmulo formando as palavras "Hitler, o cérebro".
Menos de 72 horas antes, na parte destinada aos líderes israelenses, o monumento ao sionista Theodor Herzl fora também profanado. Além disso, a palavra Hitler foi pintada com spray no monumento ao ex-primeiro–ministro David Ben Gurion, no deserto do Neguev.
Para ler a matéria (em inglês) e ver a foto, clique aqui!

ps2: Essa notícia pode mudar alguns rumos do país.
A Suprema Corte de Israel aprovou todas as conversões realizadas fora do país, numa decisão sem precedentes. Isto significa a aceitação das conversões feitas por rabinos conservadores e reformistas fora de Israel, o que vai contra os ortodoxos. A discussão já vinha sendo levada há anos.
Essa decisão permite aos novos convertidos tornarem-se automaticamente cidadãos israelenses se desejarem residir por aqui. Exatamente como todo imigrante judeu que venha para Israel proveniente de qualquer parte do mundo (como eu).
Antes disso, as conversões tinham que ser ratificadas por um tribunal rabínico ortodoxo israelense após um ano de curso sobre Judaísmo.
Não sei se já disse isso aqui, mas os casamentos em sinagogas conservadoras e reformistas não são reconhecidos em Israel, motivo pelo qual muitos optam por casar no exterior (no Chipre, por exemplo).

ps3: Deixo aqui o meu grande abraço e feliz aniversário para o Urso (que, aliás, foi o responsável pela minha viagem relâmpago no fim de semana até o Kibutz Hatzerim. Valeu pelas cachaças!!!) e também para o Rato, meu irmãozão quase arquiteto que ainda não se acostumou com a idéia de ter 24 anos! Parabéns!