sábado, janeiro 28, 2006

E agora, José?


Agradeço a todos vocês.
Quando o Blog do Bean entrou no ar, em outubro de 2004, nunca esperava chegar tão longe. Aos poucos, ele foi sendo estruturado, montado e modelado com o objetivo de ficar o mais próximo da "cara" desse que vos escreve e também dos leitores.

O processo de mudança nunca pára. Ainda mais num espaço como a web, que nunca fica estático.
Com um pouco de estímulo dos seus comentários, acredito que o Blog do Bean possa sobreviver mais algumas milhares de entradas.
Porque esse cantinho não é só meu...



E continua o "disse-não disse" sobre a vitória do Hammas nas eleições palestinas do meio da semana.
Analistas vêm quebrando a cabeça para tentar explicar o que esse novo panorama do conflito no Oriente Médio representará para todos os envolvidos. O trabalho é duro.

A princípio, Israel se opõe a qualquer negociação com um governo palestino que inclua membros do movimento islâmico extremista (e terrorista) Hammas.
O primeiro-ministro israelense em exercício, Ehud Olmert, afirmou na noite de quinta-feira que o país irá ignorar o governo do Hammas, que não é um parceiro de Israel.
O Ministro da Defesa Shaul Mofaz afirmou que Israel irá insistir para que o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, mantenha seu compromisso de desarmar os militantes palestinos.
Já Abbas disse que vai iniciar imediatamente as consultas sobre a formação de um novo governo, que será estruturado pelo Hammas.

Na foto um membro do grupo na frente de um panfleto.
Nele, o xeque Ahhmed Yassin, assassinado por Israel há alguns anos.


E as idéias não são poucas.
O líder palestino sugeriu que as futuras negociações com os israelenses poderão ser conduzidas pela OLP (Organização pela Libertação da Palestina), como forma de contornar um governo liderado pelo Hamas.
A OLP foi fundada na década de 1960 para ser uma instituição que abarcasse as organizações palestinas, mas sua importância diminuiu desde o estabelecimento da ANP, em 1994.

A Israel interessa prioritariamente verificar o que farão esses novos personagens, conhecidos como inimigos, agora no governo. Tudo indica que formarão uma "Autoridade Palestina islâmica".
É ainda difícil prever que tipo de medidas tomarão em relação ao país que querem destruir.
Abaixo, o Hammas comemora nas ruas de Gaza (com lança-foguetes...)

Muitos estão afirmando que Israel tem uma parte significativa de responsabilidade pelo processo de enfraquecimento da liderança palestina moderada e secular e o fortalecimento do grupo militante islâmico.
Segundo o analista Gideon Levy, o primeiro-ministro Ariel Sharon não deu a Abbas nenhuma chance de apresentar avanços significativos para o seu povo.

"Sharon não concordou em libertar prisioneiros, não levou o povo
palestino em consideração quando planejou o traçado da barreira
na Cisjordânia nem concordou em iniciar qualquer negociação com a AP."

De acordo com Levy, Israel causou o colapso da Autoridade Palestina, provocando um vácuo político e social no qual o Hammas teve condições de florescer.
Em abril de 2002, quando Israel reocupou as cidades da Cisjordânia, toda a infra-estrutura civil da Autoridade Palestina foi destruída, inclusive delegacias da polícia e escritórios dos diversos ministérios.

Concordo em parte.
A própria Autoridade Palestina (digo, o partido Fatahh) também tem sua boa parcela de culpa.
E diante de tantas perguntas, a maioria delas centradas no tradicional "onde erramos?", é preciso apontar que não existem somente "culpados" nessa história toda.
O Hammas vem, há 10 anos, utilizando-se de projetos sociais, fortalecendo as denúncias de corrupção dentro da Autoridade Palestina e praticando atentandos suicidas em Israel para ganhar a simpatia dos palestinos .
São "méritos". Não deixa de ser. Por isso ganharam. Fácil.

A charge abaixo foi rascunhada ainda no ano passado.
Logo depois do anúncio que o Hammas participaria das eleições, o autor satirizou o pleito.
E muito bem por sinal.

Na noite de quinta-feira, dei mais um boletim das eleições para a Rádio França Internacional.
Para ouvir, clique aqui!

ps1: E ontem tive uma boa surpresa.
Na página da Rádio França Internacional, colocaram uma pequena notícia escrita sobre a vitória do Hammas e, abaixo da nota, fui agraciado com uma citação retirada do meu nervoso boletim ao vivo.
Está lá, pra quem quiser ver. Legal, não!?
Para a página da RFI, clique aqui!

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Post parênteses: Eleições Palestinas


O clima no Oriente Médio é histórico e ao mesmo tempo de MUITA expectativa e tensão.

Pela primeira vez em uma década, palestinos depositaram seus votos para escolher um novo Parlamento. E o Hammas, responsável por tantos ataques terroristas em solo israelense, entrou no páreo.
Analistas já afirmam que qualquer que seja o resultado (ainda indefinido), ficou claro que o partido Fatah não é mais a única grande força política na região governada pela Autoridade Palestina.

Falei sobre as eleições ontem e hoje pela Rádio França Internacional.
Na segunda delas, ao vivo, deu pra sentir o meu nervosismo.
Não tenho experiência em nada ao vivo. Depois da transmissão, tive que fumar uma narguila, tomar um banho e comer um doce.
Que as próximas sejam mais fáceis...

Para o boletim da quarta-feira à noite, clique aqui! (está no minuto 1' 25)
Para o "ao vivo" de hoje de manhã, clique aqui! (está no minuto 1' 05)

O post é curto. Todas as informações (ou quase todas) sobre as eleições estão nos dois boletins.
Lembrando que as gravações só ficam no ar por 24 horas.
Abaixo, uma palestina votando em Gaza.


terça-feira, janeiro 24, 2006

Bem-vindo a Israel...

" Se você quiser eu vou te dar um amor
Desses de cinema.
Não vai te faltar carinho,
Plano ou assunto ao longo do dia."

Dois pequenos vídeos para animar o meio de semana.

1) Um homem desembarca em Israel e vai diretamente ao controle de passaportes. A funcionária do Aeroporto insiste que ele não parece com a foto estampada no passaporte.
O vídeo é curto e debochado.
Está em hebraico e nem é necessário qualquer tradução. É possível entender sem problemas.

Se você não entende nada de hebraico, basta entender que a policial diz que o cara não parece a pessoa da foto do passaporte. O resto não é difícil de entender.
Mesmo assim, coloco a tradução logo abaixo.
Vale a pena assistir! (é só clicar no botão de play, no centro da tela, e esperar o vídeo carregar).



- Você não parece como na foto.
- Na foto eu tô de óculos, então talvez... agora.
- Ainda não.
- Agora!?
- Tá um pouco parecido, mas ainda não é você.
- Agora?
- Tá chegando perto, mas ainda não parece.
Você tem certeza que esse é seu passaporte?
- E agora?
- Ah! Bem-vindo a Israel.

2) Essa é sem dúvida a solução para o conflito entre israelenses e palestinos.
No alto da torre de uma base incravada nos territórios ocupados, um soldado israelense brinca com algumas crianças palestinas, "presas" do outro lado da grade.
Fico imaginando o que o comandante fez com o sujeito depois que ele descobriu (se descobriu...)
Bacana?




ps1: Estou tentando encontrar ânimo e tesão para não matar o pobre coitado Portal Kadureguel.
Depois de dois meses parado, consegui atualizá-lo por duas vezes na última semana. Estou pagando pra ver o que vai acontecer. É muito difícil manter dois blogs. Até porque o "Kadureguel" é apenas um blog secundário.
O recado está dado. Visitem!!!

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Post Parênteses: Atentado em Tel-Aviv

Um atentado suicida deixou pelo menos 15 feridos na cidade litorânea de Tel-Aviv, em Israel.
Um deles está em estado grave.
A explosão ocorreu às 15h50 dessa quinta-feira, horário local.

Falei agora na Rádio França Internacional.
É só clicar aqui! (está no minuto 0' 50)
Outro boletim, clique aqui! (está no minuto 7' 10)
Abaixo, um policial procura por mais bombas no local...


terça-feira, janeiro 17, 2006

Compre, compre, compre...

"Tudo é uma questão de manter a mente quieta,
a espinha ereta e o coração tranqüilo."

Eles não assistem televisão (ou dizem que não), não vão ao cinema e também não surfam na internet (ninguém garante).
Mas consomem. E como.

Como adaptar a linguagem publicitária convencional para atingir os judeus ortodoxos em Israel? Como apresentar um produto novo a esse grupo?
Quais as maneiras de seduzir o consumidor? Como vender o peixe?

O pessoal sangue-sug..., digo, publicitário, anda quebrando a cabeça aqui para vender aos urub..., digo, ortodoxos. É a lei da selva capitalista...
Sabem a novidade? Muitos deles são tabém judeus ortodoxos!
Em reuniões que mais parecem encontros de discussões do talmud, definem estratégias de venda e criações de peças publicitárias.
Para quem entende um pouco de hebraico, é possível assistir aqui no Blog do Bean uma pequena reportagem sobre o assunto (é só clicar aqui!).



Parece mesmo que esse assunto está cada dia mais em pauta por aqui.
Também pudera. Tem cada dia mais "men in black" desfilando pelas ruas...

Fiquei pensando aqui com os meus botões que tipo de propaganda eu faria se fosse um publicitário decidido a vender uma marca nova vodka, por exemplo.
Vodkabala...
Querem ver?



ps1: A empresa Free Time Products começou a comercializar capacetes na cor laranja em que estão escritos slogans como "Ao ataque", "Vamos lá" e "Venha, Holanda, venha".
Não, meus amigos, não se trata de nada relacionado ao perigoso marketing laranja dos territórios ocupados.
De olho na Copa do Mundo, eles querem é faturar dinheiro!

Detalhe que os capacetes são do mesmo "modelo" utilizado pelos nazistas.
A empresa holandesa oferece o produto pela Internet e seu design reproduz o que era usado pelos soldados alemães na Segunda Guerra Mundial.
Eles já venderam 15 mil unidades em menos de duas semanas, a 14 reais cada.



Os autores da idéia afirmam que se trata de "uma piada" que tem por objetivo "estimular os jogadores holandeses e provocar os alemães", e acrescentaram que até agora não receberam muitos comentários negativos.
Se a moda pega...

ps2: Enquanto isso...



ps3: Continuo (sempre) ansioso para ler seus comentários tanto aqui quanto na comunidade "Eu leio o Blog do Bean" no Orkut.

sábado, janeiro 14, 2006

Nem que fosse um monstro

"Era só mais um Silva, que a estrela não brilha.
Ele era funkeiro mas era pai de família".



Acabou a euforia.
Os médicos já reduziram a um nível mínimo os medicamentos que mantêm Ariel Sharon sedado, porém ele ainda não abriu os olhos. O dano cerebral aparentemente é mais grave e, segundo alguns especialistas, se não houve uma melhora até agora, e se houver uma melhora, levará muito tempo.

Médicos do hospital Hadassa Ein Kerem disseram (não-oficialmente) que quanto mais passa o tempo sem ele acordar, mais preocupante é.
O neurocirurgião argentino Félix Umansky, responsável pelo tratamento, afirmou que "é normal" que após a total eliminação do sedativo do organismo o paciente permaneça "adormecido" por dias ou semanas, sem mudanças bruscas em seu estado.
Não sei não.

O que é possível dizer sem nenhum "pé atrás" é que os dois argentinos da equipe médica viraram celebridades nacionais.
Na última quarta-feira, foram entrevistados pela respeitada jornalista (também argentina) Ilana Dayan em seu programa "Uvdá" ("Fato"), no canal 2.



Foram bastante simpáticos (quem diria!)
Falaram sobre as primeiras horas de Sharon na sala de cirurgia, o que passou por suas mentes, os procedimentos e os medicamentos.
Reconheço que me surpreendi. Com o profissionalismo e a consciência dos dois médicos.

Perguntado se sentiu algo especial em operar o cérebro do primeiro-ministro Sharon, o neurocirurgião José Cohen (o mais novo, na foto abaixo), com voz mansa, respondeu sem balbuciar.

"Sim, foi especial. Assim como um menino de 8 anos que chega atropelado, uma grávida de 23 ou 30 anos, uma idosa na cadeira de rodas. Foi especial."

Cohen também afirmou que não teria dúvidas que se estivesse caminhando pelas ruas de Rosário, na Argentina (sua cidade-natal) e fosse reconhecido, perguntariam à ele por que não deixou "esse monstro" morrer.
"Nem que fosse mesmo um monstro", respondeu.
Abaixo, alguns shots da entrevista.



ps1: Na imprensa árabe, nenhuma piedade.
Sharon continua tomando forma de demônio, vampiro, assassino...
Jornais jordanianos, sírios e egípcios publicaram um festival de cartoons debochando de Sharon. Aliás, não fizeram nada mais do que vêm fazendo há vinte anos.
Notícia velha.

Não há muito o que fazer. Faz parte do preço que o mundo paga pela imprensa livre.
A charge abaixo é do cartunista jordaniano Jalal al-Rafai, publicada no periódico al-Dustour. E olha que a Jordânia é, dos países árabes, o que possui melhores relações diplomáticas com Israel. Imaginem o que deve estar acontecendo lá pelas bandas da Pérsia...


Para ver mais charges, clique aqui!

ps2: É hora do jabá!
Há muito tempo a comunidade "Eu leio o Blog do Bean" no Orkut está respirando por aparelhos, abandonada como um indigente faminto.
O espaço continua aberto. Tanto lá quanto aqui.
Para ver (e entrar) na comunidade, clique aqui!

quarta-feira, janeiro 11, 2006

De Jerusalém para a Rádio França Internacional


Que tal um post de áudio?
Ontem transmiti pela primeira vez como correspondente em Jerusalém para a Rádio França Internacional (RFI).
Falei um pouco sobre a situação do primeiro-ministro Sharon e a melhora gradual do seu estado de saúde.

Resumindo, são grandes as chances do Sharon sobreviver às três cirurgias que sofreu no último fim de semana em decorrência de uma forte hemorragia cerebral.
O filho mais velho de Sharon continua seguindo recomendações dos médicos. Nessa terça-feira, ele colocou músicas de Mozart e levou um shawarma (um sanduíche de carne de ovelha) para tentar estimular o cérebro do primeiro-ministro. Fiquei imaginando a cena...
Abaixo, Omri Sharon (que vive mergulhado em escândalos de corrupção) agradece a todos pela preocupação e pelas rezas.



Ontem, um dos médicos disse que se Sharon estava na beira do precipício, agora está a 5 metros dele...
Sharon, que completa uma semana de internação, está sendo despertado progressivamente do coma induzido. Os médicos dizem que apenas em alguns dias será possível saber quais as sequelas do derrame e se o primeiro-ministro ficará com o lado esquerdo do corpo paralizado.

Para ouvir a gravação do jornal, clique aqui!
O assunto começa a partir do minuto 3´30. Comentem...

ps1: Foi-se o tempo em que "vendiam" Israel para os turistas através da arqueologia ou de alguma religião.
O Ministério do Turismo israelense resolveu apresentar o país com toques de sexo e festas: loucura loucura...

É o que mostra o comercial veiculado na Grã-Bretanha pela secretaria do ministério na Inglaterra.
O site "Think Israel" apresenta o município litorâneo de Eilat como "a cidade em que a chuva nunca cai" e Tel-Aviv como "a cidade mediterrânea das 24 horas". Tudo recheado de modelos, entre nós, picantes.



A campanha, que custou cerca de 1,5 milhões de dólares, começou oficialmente no fim do ano nos canais pagos da Sky TV na Inglaterra.
Apenas a cidade de Jerusalém foge das modelos no comercial. Aqui, todas as propagandas são discretas.
Imagina uma modelo dessa posando em frente ao Kotel?
Enfim, querem "vender" Israel como um destino divertido, comparado à Grécia e Turquia. Eu gostei. É esse o país que eu vivo. Entenderam?
Preciso ir imediatamente ao Mar Morto. Ver se essa mulher realmente existe...

Para assistir ao comercial, clique aqui!
Para matéria do JPost (em inglês), clique aqui!

sexta-feira, janeiro 06, 2006

A última batalha de Arik

As pessoas estão confusas. O país parou.

A condição de saúde do primeiro-ministro Ariel Sharon é muito grave. Ele está internado na UTI do hospital Hadassah Ein Kerem, em coma induzido porém com os sinais vitais estáveis. Os três maiores canais de televisão (canais 1, 2 e 10) transmitem sem interrupção desde a noite de quarta-feira.

Não creio que alguém em sã consciência entre no "Blog do Bean" para saber notícias do primeiro-ministro. Até porque isso não é uma agência de notícias.
Claro que sei de muitos rumores e muitas opiniões que não são retransmitidas pela imprensa brasileira, por exemplo.
Abaixo, vocês terão um pequeno guia que elaborei para a acompanhar, de fora de Israel, o drama político que vive o país - com a luta do primeiro-ministro pela vida e o milagre que todos (ou quase todos) estão esperando.
Eis o guia.

1) Não acredite e não leve em consideração nenhuma análise político-econômica-futurística feita por qualquer jornalista ou colunista que não esteja nesse momento pisando em terra israelense. No Brasil, por exemplo, não existe sequer um jornalista da grande imprensa capaz de analisar com competência o que Israel está passando.

2) O mundo está perguntando, nesse momento, quem é Ehud Olmert. Esse cidadão (que assumiu o cargo de primeiro-ministro logo após o derrame de Sharon) teve atuação destacada no exército, foi prefeito de Jerusalém por dez anos, ministro da Economia e é chaver Knesset (membro do Parlamento) há mais de trinta anos.
Não subestimem esse homem. Querendo ou não, o cargo de primeiro-ministro "matím lo" ("combina com ele"). Até porque pesquisas de opinião de última hora garantem que Olmert (e o partido Kadima) ganhariam com folga as eleições.

Na época da hitnatkut, ele afirmou em um artigo no jornal Yediot Aharonot que a retirada de Gaza era a única forma de Israel se manter judaico e democrático. Ele lançou um alerta sobre a alta taxa de natalidade entre palestinos, afirmando que, em breve, vai haver mais árabes do que judeus nos territórios ocupados por Israel.
Segundo o raciocínio de Olmert, para Israel se manter fiel à tradição judaica, seria necessária a criação de uma nova fronteira, com o máximo de judeus possível na parte judia.
Nessa ocasião, os políticos que representavam os colonos no gabinete de Israel o acusaram de estar cedendo diante do "terrorismo".
Abaixo, Olmert e Sharon.



3) Não existe nem existirá caos algum em Israel.
Apesar de muita gente teimar em comparar a situação atual com as consequências do assassinato de Yitzhak Rabin, em 1995, nada é motivo para pânico. As instituições democráticas israelenses estão suficientemente desenvolvidas para evitar um colapso.
Teremos eleições em pouco mais de dois meses. Tempo suficiente para cada um dos três principais candidatos mostrarem suas propostas e assumirem o comando do país.
É impossível negar o caráter de liderança de Ariel Sharon.
Mas não é o fim do mundo.

4) Israel não é Brasil. Não acredito em teorias da conspiração. Não acredito nem um pouco que poderia fazer o que fizeram com o presidente Tancredo Neves, ou seja, esconder seu possível falecimento.
Portanto, Sharon não morreu. Está vivo. Arik venceu todas as batalhas que disputou na vida. Ninguém sabe quais serão as sequelas ou sequer se ele sobreviverá. Mas ele está vivo.
Se ouvirem algo contrário que não seja oficial, ignore.

5) Não existe nada homogêneo na imprensa árabe. Aliás, é muito difícil falar em "imprensa árabe" hoje em dia.
Porém, apesar de algumas manifestações de ódio (com as do maníaco presidente iraniano e a da foto abaixo, tirada em Gaza), é possível dizer que a imprensa árabe está se comportando bem no caso.
Vi hoje na televisão que jornalistas egípcios têm ligado para colegas de trabalho israelenses para saber de novidades e análises sobre o futuro do país. Políticos libaneses já demonstraram preocupação no futuro das possíveis relações entre Israel e Síria.
Assim, não generalize a imprensa árabe.



Como disse, muitos rumores circulam sobre a saúde do primeiro-ministro.
Fiquei sabendo de alguns.Da equipe de cinco médicos que operou Sharon na madrugada de quarta para quinta-feira, dois deles são imigrantes argentinos que estudaram Neurologia na América do Sul.
O primeiro deles é o professor Félix Omansky, que chegou em Israel em 1973 e hoje é o diretor do departamento de Neurocirurgia do hospital Hadassa em Jerusalém. O segundo é o doutor José Cohen, nascido em 1966 e israelense desde 2002.

Todos já sabem que Sharon ficará sedado e em coma enduzido provavelmente até a manhã de domingo. Segundo algumas fontes não-oficiais que ouviram os dois médicos, eles estão pessimistas quando à recuperação do primeiro-ministro.
Enquanto isso, rezemos. Cada um pelo que deseja.

Abaixo, um judeu religioso observa o homem mais visto e conhecido de Israel nos últimos dias: Shlomo Mor-Yosef, diretor-geral do hospital Hadassa Ein Kerem e responsável pelos boletins de saúde do primeiro-ministro.


O que o futuro reserva para Israel? Deixe seu comentário.