quarta-feira, maio 31, 2006

Audio Post 3: Trapalhadas na linha de tiro

this is an audio post - click to play

domingo, maio 28, 2006

Judia de mim!!!


Mais uma sacanagem desse país de malucos.
Imaginem só se a Rede Globo resolvesse cobrar 100 dólares dos cidadãos para assistir à Copa do Mundo?
Rebelião? Revolta nacional? Depredação de patrimônios públicos?
O Brasil viraria de cabeça para baixo.

Aqui em Israel, resolveram cobrar. E muito.
A Copa será transmitida apenas por um canal da tv a cabo. Cada telespectador deverá desembolsar a quantia de 492 shkalim (algo como 110 dólares).
Absurdo. É isso mesmo.
Os donos do direito de transmissão resolveram, da cabeça deles, que é mais lucrativo arrancar o dinheiro diretamente dos telespectadores ao invés de usar a publicidade.

Uma matéria do jornal Haaretz informou que o preço pra lá de extorsivo não é culpa só da empresa retransmissora, mas também do novo ministro da Economia (o sujeito do lado direito da foto acima, que já afirmou que 110 dólares é um "preço justo").
Ele é quem teria decidido não passar comerciais durante os jogos obrigatórios nas TVs abertas (o que diminui o lucro da retransmissora e faz com que ela tenha que elevar o preço para o telespectador).
A FIFA obriga a retransmissão de graça nos canais abertos a partir da semi-final.
Até lá, ou paga-se o preço ou procura-se um bar.



Parte da população já se mobilizou.
Foi criado um site em que é possível assinar uma petição. Um abaixo-assinado.
Segundo os organizados, 172 mil internautas israelenses já assinaram (a foto lá de cima foi retorada do site. Nela, a frase: "Parando o pagamento para a Copa").

Hoje fiquei sabendo que o jornal Yediot Acharonot, através dos canais Sport 1 e 2, comprou os direitos de transmissao da Copa através do www.ynet.co.il.
Dá pra saber mais por aqui!



Enquanto isso, sigo meus passos lá pelos ambientes militares.
E rezo para, nalgum dia desse período maldito, conseguir assistir a pelo menos um jogo do Brasil.
Um passe do Ronaldinho Gaúcho. Um gol do Gordo. Mais um título...
Cenas dos próximos capítulos...

Para ler mais sobre a confusão (em inglês), clique aqui!

ps1: E falando sbre o exército, faltam duas semanas para acabar o inferno de "Michvê Alon".
Depois, não adianta perguntarem. Não sei para onde vou nem sei o que vou fazer nos próximos 5 meses de tzavá.
Só espero que seja perto de casa...

Abaixo, nossos alojamentos na base (os "megurim").
Prediozinho mais ou menos...


quinta-feira, maio 25, 2006

Audio Post 2: pensando com as pernas...

this is an audio post - click to play

sábado, maio 20, 2006

Mais um gueto

"Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo os canhões."


Não adianta discutir.
A cultura israelense está mergulhada no exército. O país inteiro é influenciado pelo serviço militar.
Política e economicamente é totalmente sabido. O grande problema está, como disse, no aspecto cultural e social da população.

No Brasil, por exemplo, é comum dois jovens se conhecerem e conversarem sobre os mais diversos assuntos. Futebol, profissão, negócios, vida particular.
Em Israel, o papo sempre começa ou termina em "o que você fez na tzavá?"

A Tzavá (exército) determina a entrada do jovem na universidade, no mercado de trabalho.
Coloca jovens, que no caso do Brasil estariam escolhendo seu curso superior, em robôs condicionados a obedecer ordens e cumprir leis militares.
Por volta dos 24 e 25 anos, retornam de suas viagens volta-ao-mundo pós-tzavá (regadas a drogas e "libertação") e começam a pensar no que fazer da vida.

Mexe com o país. Na base. Lá no fundo.
Querendo ou não, o exército faz parte da vida de todo mundo.

Para os olim chadashim (os novos imigrantes), o grande mito está no fato da tzavá ser uma oportunidade gigante e sem precedentes do recém-chegado adentrar mais a fundo na sociedade israelense.
Sentir-se mais israelense justamente quando se está fora dela, quando é liberado do serviço obrigatório.

No meu caso, a história é diferente.
Senti uma certa frustação quando cheguei na base e deparei-me com quase 100 olim. Todos juntos para fazer a primeira parte do programa de 6 meses.

Ora bolas!
Perder a grande oportunidade de conhecer mais israelenses numa base em que mais parece um merkaz klitá (os famosos centros de absorção de olim)?
Fechar-se mais uma vez no "gueto" de imigrantes?
Abaixo, um pedaço do meu quarto (compartilhado com outras 20 cabeças) na base em Machvê Alon, no norte.



Existem, porém, vantagens.
Estou numa base de "educação", ao contrário do que acontecia normalmente com os imigrantes. Existe um plano, um projeto bacana de ajuda aos olim.
Lá, dá-se um grito e já aparecem três ou quatro para ajudá-lo. O que não acontecia antigamente.

Estou ainda matutando se foi uma vantagem ou desvantagem esse novo programa para olim. Se não seria desperdiçar um tempo destinado a mergulhar na sociedade, conviver com israelense.
Por outro lado, os responsáveis pelo projeto estão dispostos a ajudar.
É uma sinuca de bico.
O que vocês acham???

ps1: Querem me ver na base do exército?
Divirtam-se com o videozinho...




ps2: Visitem o Fotolog do Bean. Atualizadíssimo.
E no meio da semana tem mais audio post. Direto da base...

quinta-feira, maio 18, 2006

Audio Post 1: da base...

this is an audio post - click to play

sábado, maio 13, 2006

Mudança de Hábito

Eu sou apenas um rapaz latino-americano
sem dinheiro no banco.
Sem parentes importantes e vindo do interior
Antes que perguntem, não.

Não é uma despedida.
É só uma mudança de esquema.

A partir de amanhã, o Blog do Bean fica diferente. Por uma questão óbvia.
Hoje é meu último dia como civil aqui em Israel pelos próximos 6 meses.
Amanhã já serei um soldado do Exército de Defesa de Israel.
Um soldadinho chinfrim, mas vai ser bacana.

Me sinto como uma criança arrumando a mochila naqueles bons tempos de machané, os acampamentos (ou colônias) que o Habonim Dror, o movimento juvenil em que fiz parte por 14 anos, proporcionava nas férias.

Sem mais delongas, o esquema é o seguinte.
Durante a semana, tentarei fazer um ou dois audio posts de lá da base (ou quartel, como chamam no Brasil). Será apenas apertar a tecla play e ouvir.
Nos finais de semana em que eu voltar para casa, em Jerusalém, prometo que o Blog do Bean será atualizado da maneira como os leitores merecem.

Apesar das mudanças (já esperadas), espero não perdê-los (ó queridos leitores).
Quando voltar, quero ler seus comentários.
Aqui, na comunidade do Orkut ou até no Fotolog.

ps1: Deixo de bônus para essa pseudo-despedida um clip do cantor israelense Daniel Salomon.
Salomon nasceu em 1973 na cidade litorânea de Haifa.

Aos 12 anos, começou a estudar piano clássico e em 1988 conheceu o famoso cantor Aviv Gefen.
Foi o pianista da banda até lançar sua carreira solo. Boa, por sinal!


quinta-feira, maio 11, 2006

Essa tal religião. Ou o que fazem dela.

Mais dois capítulos da série "Cafagestafem no Oriente Médio"

Capítulo 1: Prestem atenção nesse sujeito abaixo.



Ele é Israel Asher Valas, um charedi (judeu ultra-ortodoxo) de 19 anos e morador da mesma cidade que eu: Jerusalém.
Aluno de uma yeshivá, casado, pai de um filho.
Ou era.

Valas
é o principal suspeito de ter assassinado seu filho de 3 meses de idade simplesmente atirando-o na parede porque, a princípio, o bebê estaria chorando muito.

Tudo bem, alguns podem pensar.
Loucos psicopatas existem aos montes e podem ser judeus, cristãos, muçulmanos, budistas e por aí vai.
Não precisaria pegar no pé do religioso por causa disso.
Pelo menos não no sentido que eu pretendo.

Abaixo, a ambulância saindo com o corpo do bebê...



Agora me respondam: o que deve ocorrer com o suspeito de um homicído? Ser preso, não!?
E foi exatamente o que aconteceu...

O que não foi normal (apesar de comum) foi a reação de parte da "comunidade" ultra-ortodoxa de Jerusalém.

Com sua ignorância e brutalidade já conhecidas, vários charedim foram às ruas do bairro Mea Shearim e, como de costume, prostestaram imbecilmente contra a prisão de Valas.
Eles afirmam que foram usados "métodos descabíveis" no depoimento do acusado, sendo "fabricada a confissão" do crime.
Uma proteção estúpida, um "corporativismo" tolo dessa gangue que se finge de religiosa mas que não passa de uma quadrilha de arruaceiros que usam o nome de Deus para justificar suas safadezas.

Vejam abaixo um pouco do estrago feito pelo comportamento selvagem dos ultra-ortodoxos no bairro (bloqueado e incendiado por eles).


Segundo a mulher de Asher Valas (a mãe do bebê), "o problema é que eles são charedim e não árabes, por isso o comportamento é tão cruel".
Estúpida ao quadrado.

De qualquer forma, a história é bem mais complicada.
Estão envolvidos tios, primos, um advogado que só conversa em ídishe com o réu, prisão domiciliar e outras picuinhas.
Mas deu para entender o que eu quis dizer...

Para um pequeno vídeo da confusão, clique aqui!
Para ler mais sobre o caso (em inglês), clique aqui!

Capítulo 2: Assistam ao pequeno vídeo abaixo.

Vejam só (e notem) a sinceridade desse senhor que reza (pelo menos, teoricamente, é o que ele deveria estar fazendo) numa
mesquita aparentemente no Irã.

É o homem que está sendo apontado com uma seta vermelha na foto abaixo.
Ao olhar para a câmera e perceber que está sendo filmado, toma uma atitude inesperada (para a gente)...
Velho sem vergonha!


Para assistir ao vídeo, clique aqui!

Tudo isso é para vocês, leitores, enxergarem que esse Oriente Médio está mergulhado (dentre outras coisas) em mentiras, em fraudes, em tragédias.
E boa parte da culpa vem da religião. Ou do que fazem dela. E não importa qual.

Desculpem-me os religiosos. Mas aqui, o negócio é sério...
"Rapadura é doce mas não é mole não..."

ps1: Como eu prometi, vai mais um clip israelense.
Lembram do cantor Mosh ben Ari?

Prometi que postaria uma música dele no Blog do Bean.
E promessa é dívida.
Aproveitem que o som é bacana!!!


sexta-feira, maio 05, 2006

Comemorar. O quê mesmo?

No Brasil, tudo é motivo para sair às ruas.
Em Israel, não.

Bonito ver as pessoas comemorando nas ruas por aqui o Yom Haatzmaut (Dia da Independência).
Bonito mesmo. Se fosse isso mesmo o que elas fizeram.
Não é.

Verdade é que as ruas ficam lotadas. Muita gente, no país inteiro.
Há festas em boates, em pubs, em casas de família, em "repúblicas". É dia de festa em Israel.
Mas engana-se quem pensa que as pessoas saem para comemorar o Dia da Independência.
Bobagem.
Dizem até que o sentimento vem diminuindo a cada ano.



Em Israel, não é costume as pessoas saírem e fazerem tantas festas assim.
Yom Haatzmaut virou um pretexto. Muito bem aceito por sinal.

O povo sai porque todo mundo sai. Festeja porque todo mundo festeja. Entram na onda.
A Independência fica em segundo plano.
De relativo, apenas as bandeiras penduradas em várias e várias janelas - em todo cantinho de Israel.



Na noite de festa, são crianças correndo com sprays de creme nas mãos, dando marteladas uns nos outros com martelos de plástico.
São garotinhas de 13 e 14 anos desfilando maquiadas e com roupas esdrúxulas fingindo que são adultas (ou adúlteras, sabe lá).
São jovens que saem para encher a cara. Embebedar-se, no melhor estilo.
São senhores e senhoras que saem apenas para "ver o movimento".

Se fosse um costume comemorar e sair às ruas em Israel, talvez o Yom Haatzmaut fizesse mais sentido.
Fosse mais emocional e menos pretexto. Falta muita coisa.
Para mim, o Yom Hazicaron (Dia de Lembrança dos Soldados e Civis mortos nas guerras e atentados) é o verdadeiro Yom Haatzmaut.

Abaixo, um pequeno vídeo que fiz na "festa" de Yom Haatzmaut aqui na Kikar Tzion (praça Tzion), no centro de Jerusalém...



ps1: Alguém se lembra do Amir Peretz? Aquele mesmo!
Pois é.
Num conchavo político, Peretz (ex-líder da Histadrut e atual do Avodá), o Lula do Oriente Médio, acabou assumindo ontem o cargo de Sar HaBitachon (algo como o Ministro da Defesa), o cargo político mais importante do país.
Virou motivo de chacota. E com razão.



ps2:

Separados no Nascimento 5 - Celebridades




ps3: Questionaram aqui no Blog do Bean que a foto publicada no post do Yom Hazicaron seria a mesma daquela do ano passado.
Como disse lá nos comentários, é mentira.

Mesmo assim gostei dos vários comentários. Continuem (que eu continuo)!!!
Abaixo, a foto do post de 2005 (confiram: é diferente!)...


segunda-feira, maio 01, 2006

22.123

22 mil 123 pessoas.

Entre 20h e 20h01 dessa segunda-feira, uma sirene fez ouvir-se em todo o território israelense.
Iniciavam-se as cerimônias de Yom Hazicaron (antigamente, apenas em memória dos soldados caídos nas guerras. Hoje, por causa de uma decisão da Suprema Corte, também pelos civis vítimas de atentados terroristas).

O país pára e homenagea 22.123 pessoas que, desde os primórdios do Estado de Israel, participaram tragicamente de sua história: sejam lutando pelo país, guerreando, sejam vítimas de um ato de barbárie.

O ato oficial, realizado no início da noite na frente do Kotel (o Muro das Lamentações), contou com a presença de todos os figurões.
O primeiro-ministro Ehud Olmert afirmou que "eles (os caídos) são nossos filhos. Deram a vida pela gente. O nosso débito e respeito por eles é incomensurável".



Enquanto escrevo esse post, uma grande cerimônia está sendo realizada na Praça Rabin, em Tel-Aviv.
Com muitas músicas, artistas famosos e histórias de tragédia e dor.
Quando vejo e sinto a dor das famílias que perderam seus entes por Israel, e vejo como é Israel atualmente... até penso que seria possível consolá-las.
Nas verdade, elas mesmas se consolam. Exatamente por viverem nessa terra.

Está tocando o Hatikva, o hino de Israel. Nesse momento.
A praça está lotada...

Manhã de terça-feira...
Às 11h em ponto, mais uma sirene (dessa vez, durante 2 minutos).
Todo mundo (ou quase todo mundo) pára imediatamente de fazer o que estava fazendo: seja trabalhar, estudar, dirigir, caminhar.
As solenidades continuam pelo país.



Não há o que fazer. O país pára mesmo.
O Yom Hazicaron termina oficialmente às 20h dessa terça-feira numa tradicional cerimônia de acendimento de uma tocha no Monte Herzl, em Jerusalém. No ano que vem, tudo igualzinho.

Assim, dá-se início às movimentadas comemorações do Dia da Independência (Yom Haatzmaut) em cada cantinho do país.
Assim mesmo, do nada. Do dia mais triste do ano para o mais feliz. Sem hipocrisia.

Cárra ze...assim é Israel...
Mas isso ainda é cena dos próximos capítulos...


Para escutar a sirene de Yom Hazicaron, clique aqui!
Para vídeo da cerimônia do Kotel, clique aqui!
Para vídeo da sirene (em Tel-Aviv, pelo Hofnik), clique aqui!
Para matéria do Ynet (em inglês), clique aqui!
Para notícia do JPost (em inglês), clique aqui!

ps1: Comentários me dão tesão, vontade de escrever mais.
Acho que é uma troca, né!?