segunda-feira, fevereiro 12, 2007

País Tropical

Ano de 1977.

Um compositor de 36 anos deparou-se com uma árdua e quase impossível missão: traduzir para o hebraico uma dezena de sucessos da música popular brasileira.
E já que tinha competência, conseguiu.
Aos poucos, esse homem foi se tornando um dos maiores ícones da história da música israelense.

Estou falando de Ehud Manor.

O mito Ehud Manor faleceu aos 64 anos vítima de uma parada cardíaca, deixando mais de mil composições, algumas delas consideradas clássicas.
Isso em 2005.
Lembro-me que, na época, as redes de rádio e de televisão israelenses suspenderam as programações para dedicá-lo uma homenagem atrás da outra.



Mas, como disse no início, estamos nesse post em 1977.
Manor era um apaixonado pelo que fazia.
Tanto é que, mesmo sem dominar com maestria a língua portuguesa, fez um trabalho primoroso.

O primeiro a "comprar a idéia" do compositor foi um kibutznik de 28 anos que começava a carreira de cantor.
A segunda foi uma jovem de 21 anos, com uma bela voz e recém-saída do exército israelense.
Os dois ficariam, mais tarde, incrivelmente famosos no país.

Foi assim que surgiu o projeto "Eretz Tropit Iafá" ("Lindo País Tropical"): com Ehud Manor de fundo e, no palco, Mati Caspi e Yehudit Ravitz.
O primeiro show, filmado no kibutz "brasileiro" de Bror Chail ("Bror Ráil"), logo chegou à tv israelense e aos famosos "festivais", também comuns por aqui.

Depois, o disco com o "samba e a bossa-nova israelense" foi lançado, causando um terremoto na música em Israel.



Mas chega de blá blá blá.
Sei que os leitores do Blog do Bean querem ver o resultado disso tudo.
Nem que 30 anos depois...

Apresento pra vocês 3 músicas.

A primeira que disponibilizo por aqui foi o carro-chefe do projeto.
"País Tropical", de Jorge Ben (Jor), tranformou-se num dos maiores sucessos do fim da década de 70.



A segunda veio de Martinho da Vila.
A versão de "Casa de Samba" é cantada por Mati Caspi (no vocal principal, de camisa amarela) e Yehudit Ravitz (com a flor amarela na cabeça).



A terceira, rebatizada de "Eize Kadureguel" ("Que Futebol"), é a inesquecível "Fio Maravilha".
E prestem atenção no sujeito que entra no palco para "bater uma bolinha".
De uniforme vermelho, camisa 10 nas costas e uma mistura de Valderrama com Seu Madruga...


No Youtube, é possível assistir a outras versões (inclusive uma de Vinícius de Moraes).

É só clicar aqui, aqui e aqui!

ps1: Esses dias, vi um cartaz bem perto da minha casa que me chamou a atenção.
Foi só abrir um pouco os olhos e percebi que ele está pela cidade toda.


"Memshelet Luzerim" ou, num bom português, "Governo de perdedores".

O recado "para casa!!!" é mandado para o psycho-ministro de Assuntos Extratégicos Avigdor Liberman, para o primeiro-ministro Didi Mocó Olmert e para o metalúrgico-ministro da Defesa Luís Inácio Peretz da Silva.

Eu engrosso o coro!

ps2: Esse post está "audio-visual" demais pro meu gosto.
Ou não?

domingo, fevereiro 11, 2007

Violência em solo sagrado

Os distúrbios estúpidos chegaram à Cidade Velha de Jerusalém.
Demoraram, mas chegaram.

Antes de explicar as origens e o que aconteceu realmente na tarde da última sexta-feira no Monte do Templo (ou Esplanada das Mesquitas), assistam ao vídeo abaixo.



Tudo começou com o início das obras para a construção de uma nova rampa que liga o pátio em que se encontra o Muro das Lamentações até a Esplanada das Mesquitas.
A antiga, de madeira, será substituída...

Árabes-muçulmanos temem (ou fingem que temem) que a construção da rampa de acesso provoque danos à Esplanada, chamada de Monte do Templo pelos judeus e de Santuário Nobre pelos muçulmanos.



Israel garantiu que a reparação da estrutura não causaria qualquer problema aos lugares sagrados do Islã.
Já a UNESCO emitiu um comunicado mostrando a sua preocupação com os trabalhos, esperando que estes "não alterem o valor universal da Cidade Velha".

Várias organizações muçulmanas e Estados árabes protestaram de imediato, considerando que o objetivo último era a "judaização" da zona.
O próprio mufti de Jerusalém afirmou estar-se perante "uma agressão" às mesquitas.

Não é preciso ser Nostradamus para prever o que estava prestes a acontecer...

Trinta e duas pessoas - 17 manifestantes e 15 policiais - ficaram feridas no maior "quebra pau" desde que, em Setembro de 2000, o então líder do partido de oposição Likud, Ariel Sharon, visitou a Esplanada.

Depois dos episódios, a polícia israelense fechou todos os portões da Cidade Velha de Jerusalém e desconectou os alto-falantes por meio dos quais líderes incitavam os manifestantes.
O Kotel (Muro das Lamentações) também foi evacuado para evitar maiores problemas...


E se for depender dos líderes árabes, as manifestações não vão ficar por isso mesmo.
No sábado, já atacaram um
ônibus de turistas canadenses...
Pelo menos vou ter um pouquinho de distração aqui bem pertinho da minha casa... (que mórbido!)

ps1: Abaixo, o novo comandante das Forças Armadas de Israel.


Gaby Ashkenazy.

O programa humorístico Eretz Nehederet dedicou boa parte do seu último programa para, como sempre, debochar do próximo "Ramat Kal".
Inventaram uma luta de boxe entre Gaby Ashkenazi e Rocky Balboa.
Fantástico.

Não consegui disponibilizar aqui no blog pra vocês, apenas o link! (cliquem no play!)
Aliás, a boa alma que conseguir fazer o download desse vídeo será bem recompensado...

Ah, e por falar no sujeito, falei sobre sua nomeação na semana passada para a Rádio França Internacional.
Tudo bem que a notícia já passou, mas aproveito a oportunidade para quem deixou passar...

Para ouvir a matéria, clique aqui! (a partir do minuto 2´17)

sábado, fevereiro 03, 2007

Apenas mais uma de amor

Há algo de podre no "reino" de Israel.
Quanto mais mexem, mais fede...

Se fosse seguir o conselho de Lulu Santos, o ex-ministro da Justiça israelense Haim Ramon guardaria o que pensou como "uma idéia que existe na cabeça e não tem a menor pretensão de convencer".
Mas não.
Eu conto a história.

Em 12 de Julho do ano passado, horas antes do governo declarar guerra ao Hizbollah, realizava-se uma festa na sede do Ministério da Defesa de Israel.

O divorciado Haim Ramon, de 56 anos, chegou sozinho e logo flertava como uma soldada de 18 anos (que, ao que tudo indica, gostou da aproximação).
A soldada passou a visitar o então ministro da Justiça...
Uma foto imortalizou o momento.



Depois, sabe-se lá o que aconteceu.
A soldada alega que Ramon a agarrou e a beijou contra a sua vontade quando ela foi vê-lo em seu gabinete, após ter cumprido o serviço militar.
O ministro admitiu o beijo em seu depoimento, mas alegou que havia sido consensual.

De qualquer forma, uma juíza do tribunal distrital de Tel-Aviv declarou que não foi um beijo de afeto e que, segundo ele, "o incidente tem todos os elementos de um crime sexual".
Mais um para o país.

No fim de janeiro, Haim Ramon será julgado em definitivo.
Foram três segundos de beijo que podem transformar-se em três anos de prisão...
Abaixo, uma curta matéria publicada pelo site Ynet (em hebraico).



Falei na rádio RFI sobre o incidente.
Aliás, até
no site colocaram uma declaração minha.... bacana, não?
Para ouvir a matéria, clique aqui! (a partir do minuto 1´10)
Para mais informações sobre o caso,
clique aqui!

ps1: Essa foi publicada no blog do Hofnik e já vinha sendo anunciado há algum tempo.
Trata-se de um jogo de estratégia chamado
PeaceMaker.
O jogo baseia-se no conflito entre palestinos e israelenses e, como dá pra notar, tudo depende de suas ações.



Existem 8 "personagens" para interação em várias perspectivas (povo israelense, povo palestino, mundo árabe, ONU, Estados Unidos e por aí vai) e, dependendo do desenrolar do jogo, você pode ganhar o Nobel da Paz ou provocar uma guerra generalizada.

Tudo é minucioso: existem reuniões na ONU, manchetes de jornais, tudo influenciando no conflito.

O preço do download da versão integral é 20 dólares e o jogo tem censura 13 anos.
Abaixo, um trailer do game...



ps2: Já deu pra perceber que cada vez mais uso o Youtube aqui no Blog do Bean.
Por isso, disponibilizo para vocês a minha página no Youtube.
Lá, é possível rever vários vídeos que foram publicados por aqui nos últimos meses e também dar uma fuçada nos "meus favoritos".
É só clicar aqui!

Aliás, tem caído o número de visitas no blog (e o de comentários).
Será que é por causa das férias no Brasil?
Fiquei mais chato que de costume?
Vai saber...