sábado, dezembro 31, 2005

The Effect Lula

Não quero desanimar ninguém.
Mas já vi esse filme antes.
Um ex-operário em busca de credibilidade internacional contrata publicitários para modificar sua imagem desgastada de humilde operário. Cabelo tingido, sorriso mudado e pose de estadista.

Amir Peretz não fala inglês. É a bola da vez dos programas de humor e principal protagonista das novas piadas que estão rolando na boca suja. Como essa:
"Por que Peretz não tem uma segunda língua?"
"Porque para ter uma segunda língua é preciso ter uma primeira".
Sei.

Com o slogan "Porque chegou o momento", Peretz lançou essa semana oficialmente sua candidatura à primeiro-ministro pelo Avodá. Um Peretz de terno, introspectivo, pensador, olhando para o futuro. Como seu sósia brasileiro na campanha de 2002, quer deixar para trás a imagem de líder sindical e provar para os eleitores que pode manejar o país.
Estão sendo planejados vários outros slogans para a campanha.
Com o palavreado populista-tradicional do estilo "Estudante, chegou a hora de alguém pensar em você" e "Pensionário, é hora de alguém cuidar de você", a patota de Peretz já está se articulando.

Não há como não remeter a imagem de Amir Peretz ao nosso pobre presidente Lula.
Se eles têm condições de governar Israel e Brasil, respectivamente, nunca tive dúvidas. Continuo não tendo. Tudo depende de quem estará por trás deles, no bom sentido. Tanto Peretz quanto Lula, sozinhos e sem acessoria, não chegam a lugar algum.

E ficam as perguntas: quem será o Zé Dirceu de Peretz?
Estaria aberta a temporada do "Chodashão", o mensalão versão sabra...?
Abaixo, a mudança de imagem. O antes e depois.



Amir Peretz, nasceu em 1952 em Boujad, Marrocos. Emigrou para Israel aos quatro anos de idade.
Seus pais eram simples operários e a família morava em cabanas improvisadas, hoje na cidade de Sderot. Foi oficial do exército israelense em uma unidade de pára-quedistas e gravemente ferido no Sinai (só não perdeu parte do dedo).
Depois do serviço militar, tornou-se agricultor em um moshav, onde cultivava rosas ornamentais e alho. Foi prefeito de Sderot e chefe da Histadrut, a união dos trabalhadores israelenses.
Estaríamos a caminho da "lulização" de Israel?
Ou de apenas um "effect Lula"?

ps1: Terroristas disfarçados de militantes palestinos não economizaram balas para o alto durante o aniversário de 41 anos da fundação da vila Mosallah Al-Shuhada, próxima a cidade de Jenin.
O detalhe da foto (da AP) fica para as assustadas crianças sentadas nas cadeiras de plástico.
Certa vez, Golda Meir disse que só haveria paz com os palestinos no momento em que eles amassem suas crianças mais do que odeiam Israel.
Não deixa de ter certa razão...



ps2: Essa é uma das maiores e mais manipulativas porcarias que eu já vi em toda minha vida na Internet.
Uma sátira do filme "Matrix" que conclama todos os judeus do mundo a ir para Israel. Em inglês e elaborada por um site pró-Aliá chamado Kumah, a animação "Free your mind" é ridícula.
Pelos diálogos e pela mensagem. Por tudo.

Tudo bem que fiz aliá, que moro em Israel.
Mas não creio que aqui seja o lugar de todos os judeus. Prefiro encarar tudo isso como uma tentativa americana disposta a enfiar na cabeça dos "american jews" que o "Neo-Sionismo" é o caminho.
Bullshit! Messiânico demais para o meu gosto.

O fime é um sucesso na internet, com críticas em vários blogs saxônicos.
Abaixo, Morpheus de peiot...



O "Neo-Sionismo" surgiu como um ataque ao "Pós-Sionismo", que sustenta que o Estado de Israel já está formado.
Nem uma coisa nem outra, na minha opinião.
Tenho visto e ouvido cada vez mais conhecidos que resolvem fazer aliá, morar em Israel, tornar-se cidadãos. Nunca, em hipótese alguma, tentei convencer ninguém a vir. Nem a ficar no Brasil. As dificuldades existem. Não nego nenhuma delas nem escondo nada.

O ano de 2006 está chegando. Se você pensou nesse ano como o ano da Aliá, não dou nem os parabéns nem os pêsames. Dou apenas força e ajuda. Porque você vai precisar.
No Brasil ou em Israel, com Sionismo ou sem Sionismo, com Lula ou Peretz, com paz ou Guerra, desejo um excepcional ano de 2006!

Ou escolha entre as pílulas azul e vermelha. E fique sentadinho "no trono de um apartamento com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar"...


Para assistir ao filme, clique aqui!
Para crítica (em inglês), clique aqui!

domingo, dezembro 25, 2005

Sou mais Natal

"E volta o cão arrependido.
Com suas orelhas tão fartas,
o seu osso roído e o rabo entre as patas..."

Mais uma vez, Papai Noel teve negado seu visto de entrada em Israel.
Como acontece todos os anos.

Pouco me importa o que se comemora no Natal. Toda aquela coisa de Jesus, três reis magos e estrela de Belém não me importa nem um pouco. Nunca me importou. O que realmente faz falta é o espírito do Natal: as ruas iluminadas, as lojas enfeitadas, os shoppings cheios, os programas na televisão.
Tudo bem que em Israel comemora-se, praticamente na mesma época (em 2005 as datas coincidiram), a festa de Chanuka. Festa sem graça, sejamos sinceros.

O mês de dezembro possui uma magia diferente no ar. Não aqui em Israel, digo. Por aqui, nada pára. As crianças estudam, as pessoas trabalham.
No Brasil, tem gente que aguarda os 365 dias do ano pelo prazer de comprar os presentes, de enfeitar a árvore e pelo sabor e o cheirinho do peru na ceia.
É por essas e outras que sou mais Natal. Pelo clima sempre batido de paz, esperança e um ano de realizações.

Em Israel, apenasa cendem-se algumas velas em Chanuka (a festa das luzes). Não sei explicar direito todos os detalhes dessa festa. Nem me importa muito.
Tenho mesmo saudades do Natal. Sou mais ele...



ps1: Vale a pena ler o pequeno texto que o jornalista Nahum Sirotsky escreveu sobre o Natal em Belém (daqui, não do Pará).
Curto, interessante e revelador.

ps2: E não tem mesmo pra ninguém.
Em se tratando de humor, "Eretz Nehederet" (algo como "Terra Maravilhosa") é o programa mais visto, comentado, bajulado, copiado e adorado pelos israelenses. Uma mistura (de detalhes bons e ruins) de "TV Pirata", "Pânico na TV" e "Casseta e Planeta", transmitido de um estúdio com auditório e tudo.
Bem à moda antiga.
No último dia 8, "Eretz Nehederet" foi eleito o melhor programa de televisão de Israel em 2005.



Tudo começou no fim de 2003. Para mim, brasileiro, um formato já batido: humoristas fantasiados de figuras públicas, fazendo imitações e piadas sobre as atualidades. Ninguém escapa das anedotas: Ariel Sharon e sua corte, Maradona, Ronaldinho (chamado aqui de "Ronaldínio") e por aí vai.
Confesso que, apesar de bom, não é meu estilo de programa favorito.
Até porque, no Brasil, a comédia já desenvolveu-se um pouco mais e ultrapassou a fase da pura imitação.

Mas é impressionante como "Eretz Nehederet" consegue moldar, do seu jeito debochado, alguns conceitos e até introduzir gírias no palavreado israelense. Não há como, nesse caso, não comparar as consequências do programa com o que vem acontecendo com o "Pânico" no Brasil.
Acho que funciona do mesmo jeito. É fantástico o poder de comunicação desses humoristas. Como o Ceará, o Emílio e outros integrantes do "Pânico".

O grande mérito de "Eretz Nehederet" é fazer, apesar de tudo, um humor extremamente israeli. É prceiso viver um bom tempo em Israel para entender as piadas, as sutilezas, as paródias que eles usam.
Pouco a pouco eu chego lá.
A trupe? Mariano Idelman, Orana Banai, Alma Zak, Dov Navon, Eli Pinish, Tal Fridman e Eyal Kitzis.
Abaixo, o "Sharon".


Para o site oficial do Eretz Nehederet, clique aqui!

terça-feira, dezembro 20, 2005

A "Casa de Bonecas" surreal

"Mas Marge, se Deus é onipresente, então por que temos que ir à sua casa?
E se escolhemos a religião errada? O verdadeiro Deus vai ficar furioso!!!"
Homer Simpson, não querendo ir a igreja.

Era uma vez dois grandes amigos que se conheceram no colégio. Segundo grau, cidade de Natânia, norte de Israel.
Dois músicos, meados dos anos 90.
Devagar, começaram a tocar juntos, na garagem de casa, um som bacana.
Mas veio a época do exército.

Após três anos como soldados, fizeram o que a maioria deles costuma fazer após o serviço obrigatório. Viajaram.
Antes da jornada, foram convencidos por outros amigos a gravar um cd de demonstração com algumas poucas músicas. E assim fizeram. Entregaram dez cópias para alguns conhecidos e embarcaram.
Depois de uma passagem pelo México, desembarcaram na América do Sul. Colômbia. Lá, encontraram outras dezenas de israelenses que, como eles, aproveitavam a viagem pós-exército.
Um deles, surpreendentemente, conhecia o som dos jovens israelenses Amir Atias e Itai Schiff.



Lá, ficaram sabendo que as dez cópias originais haviam se transformado em centenas. E já estavam atingindo todas as partes de Israel.
Se empolgaram, voltaram rapidamente a Israel, juntaram mais alguns amigos e estava formada a banda "Beit Habubot" (Casa de Bonecas), que passou um bom tempo tocando em bares e pubs até explodir. Gravaram seu primeiro cd, Madafim, no ano passado.
E em 2005 passaram a viver, pelas palavras do vocalista Amir Atif, "um sonho surreal".

Músicas como "Sigapô" e "Lemaani" não param de tocar nas rádios. Os clips são repetidos exaustivamente.
Fui num show do Beit Habubot há duas semanas, aqui em Jerusalém.
Superou minhas expectativas. Eles são bons.
A foto tosca abaixo foi tirada por mim, no pub Maabadá.


Para excelente reportagem do JPost (em inglês), clique aqui!
Para matéria do Ynet sobre Beit Habubot (em hebraico), clique aqui!
Para álbum de fotos, clique aqui!

ps1: "No tempo que Dondon jogava no Andaraí..."
Quem não sem lembra das gostosas Darnele e Jaqueline, da cachorra Laura, do canalha Renato Mendes e do poderoso Lineu Vasconcelos?
Todos os dias às 18h40 (com reprise a 1 da tarde do dia seguinte), a novela Celebridade entrou na programação do canal Hot3.
Não faço idéia da audiência da novela. Nem quero saber. Sei que, quando estou em casa nesses horários, tenho diversão garantida.
Eu sou fã do Renato Mendes...

Engraçada a descrição em hebraico no site sobre a novela: "essa é a história de Laura, moça pobre e revoltada com Maria Clara, mulher influente e dona de uma empresa de shows de sucesso.
Laura tenta por todos os caminhos fazer mal a Maria Clara, conquistando sua felicidade e sua glória."

Abaixo, alguns shots da novela. "Hachatichot" do Andaraí ("as gostosas"), Laura "hacalbá" ("a cachorra"), Renato "hanaval" ("o vilão") e a pergunta que não quer calar: "mi arag et Lineu?" ("quem matou Lineu?").



ps2: Ariel Sharon, como vocês devem saber, sofreu um "derrame cerebral leve". O que quer que isso possa significar, Sharon está mais consciente do que os inimigos podem pensar.
Líder do novo partido Kadima (que, como disse, significa algo como "avante"), já mandou um recado para seus adversários (principalmente ao Bibi Cachorrão Netanyahu, que venceu ontem as preliminares do partido Likud). Disse em alto e bom tom o que foi manchete em vários jornais na manhã do dia seguinte:
"Ani beseder. Namshich kadima." ("Eu estou bem. Continuemos 'kadima').

O mais assustador de tudo (fora o boato que correu de que o primeiro-ministro havia perdido a consciência) foi a entrevista do médico particular de Arik Sharon.
Perguntando pelo âncora do telejornal, Chaim Yavin, se Sharon não deveria perder peso, o médico respondeu:
_ Brigamos contra o peso já há quase 30 anos. Mas Arik está bem.
Fazemos um check-up uma vez por ano, e está tudo bem.

Uma vez por ano? Um senhor de 78 anos, hiper-obeso e super atarefado não pode se dar ao luxo de fazer um simples check-up apenas uma vez por ano. Ainda mais o primeiro-ministro.
Medo. Muito medo.
Abaixo, Sharon saindo do hospital Hadassa, em Jerusalém, hoje (terça-feira).


quinta-feira, dezembro 15, 2005

A esperança vencerá o medo?

Política é mesmo uma sacanagem atrás da outra.
Já ouvi muita gente por aqui dizendo que a campanha para as eleições de Março será mais um capítulo do "jogo de forças" sobre o conflito com os palestinos. Mais uma vez, as propostas e promessas sócio-econômicas darão lugar a ataques particulares e ilusões totalmente manipuladoras.

Netanyahu é o campeão dessas coisas. Ele e a quadrilha do Likud, não tenho dúvidas, usarão de artifícios nada morais para tentar burlar o eleitorado.
E já deram o peontapé.
Tudo começou quando um acessor de Ariel Sharon, Kalman Gayer, teria citado na revista Newsweek que o primeiro-ministro estaria disposto a entregar 90% da Cisjordânia e também partes de Jerusalém para o estabelecimento do Estado Palestino.
Sharon negou. Mas Bibi, como sempre, atacou.

Segundo fontes do Likud, Netanyahu já está preparando sua campanha com a mesma cara de 1996, quando venceu. Nela, um dos slogans era "Peres quer dividir Jerusalém".
Em 2006, dez anos depois, "Sharon quer dividir Jerusalém".

Tenho muito medo desse cidadão de codinome Bibi. Nojo e medo.
Não duvido que ele vá se debruçar nesses assuntos. Não é isso que o israelense quer. Por exemplo, certamente Netanyahu passará metade da campanha falando sobre o Irã, distribuindo um medo irresponsável, tentando arrebanhar os indecisos.
Aquela mesma historinha da "esperança" e do "medo".

Querem saber?
O conflito com os palestinos ainda não deixou de ser o fator definidor na salada dos partidos políticos em Israel. Mas já deixou de ser entre a população.
A maioria dos israelenses quer um partido (e um governo) comprometido com o próprio país: saúde, educação, empregos, impostos, habitação.Infelizmente, como sempre, os extremistas (sempre a minoria) fazem barulho, tomam a atenção. São "a verdade verdadeira".
Tenho certeza que, mais do que nunca, o voto do israelense sairá do círculo "guerra-territórios-palestinos" e rondará o terreno do sócio-econômico.
Para o desespero da imprensa internacional.

ps1: De raspão, o Knesset aprovou ontem uma lei interessante.
Nela, os sobreviventes do Holocausto ganharão descontos de até 75% em remédios, impostos e outras coisinhas. Os gastos para o governo ficarão entre 60 e 90 milhões de shkalim (entre 13 e 20 milhões de dólares).
Houve até manifestação de sobreviventes na porta do Parlamento.
Preço justo?


Para ler sobre a lei (em inglês), clique aqui!

ps2: A fotografia abaixo foi eleita a "foto do mês" da Agência Reuters.
Ela mostra um soldado israelense inspecionando um palestino na cidade de Hebron, que visitei há poucas semanas. O interessante da foto é que ela pode ser usada (e bem) tanto para um antissemita ou anti-israeli quanto para um defensor incondicional do Estado de Israel.
Não sou nenhum dos dois.
Deixando de lado as acusações (dos dois lados), é uma foto triste.
Muito triste.



Tenho certeza absoluta que todos estão constrangidos.
Reparem no semblante do velho. Na cara assustada da criança. O olhar atento do jovem na porta de casa.
Se pudéssemos ver a cara do soldado... posso imaginar. Ele também não está feliz, não está satisfeito.
Apenas faz seu desolado trabalho.

Nas entrelinhas...

"Ei, pessoal, algum voluntário???"


"Ei, pessoal, algum voluntário???"



ps3: O número de acessos ao Blog do Bean vem crescendo bastante. Obrigado!
Mas os comentários estão diminuindo.
Comentem. Seu comentário é o meu contracheque...
E visitem também o coitado do Fotolog do Bean...

Trilha sonora do post: Pescador de Ilusões, O Rappa.
Post dedicado a Gabriel Toueg.

domingo, dezembro 11, 2005

Apenas strogonoff dentro de um crepe

"Quanta gente, quanta alegria!
A minha felicidade é um crediário das Casas Bahia."

Nem sempre quando misturamos dois "ingredientes" diferentes eles formam uma nova "coisa".
Essa não é necessariamente uma regra (química, física ou seja lá o que for).
Azul com amarelo vira verde. Vermelho e amarelo vira alaranjado. Massa, queijo, tomate e orégano vira pizza napolitana. Mistura-se cimento, areia, água e brita e tem-se concreto!

Porém, às vezes não existe simbiose alguma. "Uma coisa" mais "outra coisa" resulta em nada mais do que as duas "coisas" juntas. Uma simples mistura heterogênea.
Como um crepe e um pouco de strogonoff dentro.
O gosto? Apenas strogonoff dentro de um crepe.
Ou quando se mistura leite e chocolate. Ou água e óleo. E por aí vai.

Outro exemplo?
O novo partido "Kadima" (abaixo, "com Sharon").



O reajuste político (que muitos ainda teimam em chamar de "caos") continua a todo vapor em Israel.
Hoje foi a vez do Ministro da Defesa Shaul Mofaz abandonar o partido Likud e ingressar no recém-nascido "Kadima", de Ariel Sharon.
A imprensa israelense surpreendeu-se com a notícia. Isso porque Mofaz já havia declarado que disputaria a liderança do Likud com Netanyahu. E de repente pulou do barco do Likud. Ou jangada furada, como queiram.
O próprio Sharonfoi o responsável por convencer Shaul Mofaz a associar-se ao Kadima. Segundo o primeiro-ministro, "eu sugeri que ingressasse no Kadima e continuasse servindo como Ministro da Defesa no próximo governo".

Sharon, Peres e Mofaz juntos serão nada mais que Sharon, Peres e Mofaz juntos.
Sem simbiose. Apenas três coisas juntas.
Como um crepe, strogonoff e uma lata de coca. Cada um com seu sabor.
E que podem, juntos, no máximo formar uma "refeição".



ps1: A foto abaixo rodou vários jornais no planeta.
Ela mostra um palestino carregando uma galinha discutindo com um soldado israelense (o árabe, não o galináceo). Tudo porque a barreira de Al-Bathan (que fica próxima da cidade palestina de Nablus) foi fechada pelo exército. E o senhor Muhammad queria passar.
A foto (da Reuters) foi tirada ontem.



O que esse simpático senhor careca segurando bizonhamente uma ave estaria dizendo ao soldado israelense?
Algumas sugestões:

- Está vendo? Nenhum bomba acoplada na galinha...
- Deixe-me passar ou a galinha morre!!!
- Ela é apenas a chefe da polícia palestina...
- Eu não queria machucá-la, eu juro! Só queria comê-la...
- Como assim, senhor soldado? Frangos não passam gripe...
- Não está entendendo, senhor soldado? A galinha está dizendo "có" "có" "cól tuv" pra você...

E, no fim, uma piadinha clássica anti-israelense:
- Por que a galinha não pode atravessar a rua?
Porque o "Exército de ocupação Sionista" construiu uma barreia para impedir a galinha de exercer seu direito legítimo de ir para o outro lado da rua.

ps2: Enquanto isso, o senhor Sharon continua apoiando a imigração de jovens russas.
Para ter o que admirar nas horas vagas.
"Belo turres, senhorita!"



Post dedicado ao coelhão, campeão da Taça Minas Gerais.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Semelhanças e diferenças

"Sabe quando você quer muito uma coisa e você fecha os olhos e faz um pedido?
Deus é o cara que te ignora."

Já pensaram o que algumas figurinhas carimbadas têm em comum com alguns homônimos famosos pelo mundo? Leiam as entrelinhas. E tirem conclusões. Ou não...


_ Sharon Stone fez "Instinto Selvagem" e ainda provoca "furacões".
_ Ariel Sharon também.

_ Sharon Stone tem asma.
_ Ariel Sharon provoca asma.

_ Sharon Stone não se preocupa em fazer qualquer regime.
_ Ariel Sharon tampouco.


_ Paris Hilton é a celebridade feminina mais procurada na internet.
_ Quem procura Peres?

_ As cores favoritas de Paris Hilton são o rosa e o vermelho.
_ Antigamente, Peres simpatizava-se com o vermelho.

_ Paris Hilton vive de festa em festa.
_ Shimon Peres também.

_ Paris Hilton nunca foi uma trabalhadora.
_ E Shimon Peres foi trabalhista?


_ Bibi Ferreira já foi sucesso. Hoje está fora de moda.
_ Bibi Netanyahu também.

_ Bibi é uma atriz completa: canta, dança e atua.
_ Bibi Netanyahu também.

_ Bibi Ferreira se diz uma "otimista responsável".
_ Bibi Netanyahu é um "pessimista irresponsável".

ps1: Quem sabe não poderá ser o sucesso do próximo Natal? "Give the jew girl toys" já está implacando nas paradas. É meio piegas, mas para quem entende bem inglês dá pra se divertir um pouco.

Para assistir, clique aqui!

ps2: Desculpem pelo post curtinho. Volto com muitas novidades no final de semana. Espero a sua volta!

domingo, dezembro 04, 2005

Um certo safari...

"Não quero ser triste
como o poeta que envelhece lendo Maiakovski na loja de conveniência.
Não quero ser alegre
como o cão que sai a passear com o seu dono alegre sob o sol de domingo"


Ela é fascinante e ao mesmo tempo incompreensível.
Estive lá na última sexta-feira.
São apenas 27 quilômetros que separam a minha casa em Jerusalém da cidade de Hebron, na Cisjordânia. Após passar por várias barreiras militares, sentimos como se estivéssemos num safari. Ônibus blindado, segurança do exército. Não se dá um passo em Hebron sem estar acompanhado de pelo menos dois ou três soldados.

Vejam que ridículo. São mais de 100 mil árabes espremidos nas ruas estreitas e inclinadas de Hebron (para os árabes, Al-Khalil) e aproximadamente 500 colonos israelenses.
Colonos que, aliás, tornam a vida em Hebron bastante tensa.
Cidade sagrada para judeus e muçulmanos. Querendo ou não, são quase os mesmos "profetas". Abraão, Yitzhak, Sara e por aí vai. Estão todos enterrados lá. Ou pelo menos acredita-se que estejam.



É a segunda vez que piso em Hebron.
Na primeira delas, a 6 anos, praticamente passei todo o tempo dentro do ônibus. Dessa vez, caminhei bastante. Conversei, escutei, fotografei, enfim... senti o clima da cidade.
Da primeira vez, tenho várias recordações. Uma delas cheguei a compartilhar no Blog do Bean; uma crônica escrita logo após a visita (chamada "Meu amigo soldado").

Dessa vez não tem crônica. Não tem romantismo, nem saudosismo.
Dessa vez, infelizmente, transmito pessimismo. Pelo que vi, no geral.
Hebron é mesmo incompreensível. Humanamente falando. É a única cidade nos territórios ocupados que árabes e judeus são vizinhos de parede. Mas que, em cada quarteirão, há um posto do exército. Que, a cada ano, a luz no fim do túnel fica mais distante.
Qual seria a solução?
Para mim, uma nova evacuação.

Certa vez, Shimon Peres disse que não teria constrangimento algum se tivesse que usar seu passaporte para ir a Hebron visitar a tumba de Avraham.
Eu também não teria.
Porém, evacuar Hebron seria milhões de vezes mais complicado do que evacuar Gaza. Por todo o simbolismo. E extremismo. E imbecilidade.
Ali sim, presenciaríamos muita violência. Mas não vejo outra solução.
Abaixo, foto que bati de um soldado em Hebron.
Breve, todas as fotos do "passeio".


Para crônica "Meu Amigo Soldado", clique aqui!
Para saber mais sobre Hebron (em inglês), clique aqui!
Para site da comunidade judaica de Hebron, clique aqui!

ps1: Comentei algum tempo atrás sobre a banda israelense Shotei Hanevuah (em português, "Os tolos da profecia"). Algumas pessoas não gostaram.
Para quem tem a memória ruim (ou entra no Blog do Bean só pra ver as fotos), escrevi que o Shotei Hanevuah era uma "banda fogo-de-palha".

Ontem, tive o prazer de ir num show do grupo aqui em Jerusalém
Gosto deles. Dizer que são "fogo-de-palha" não significa que eles são ruins. Muito pelo contrário. Os caras fazem um som bem bacana.
Mas não nego o que escrevi.
O Shotei Hanevuah é composto por oito malucos que misturam todo o tipo de música: do reggae ao pop, do "Oriente Médio" ao rap. Banda formada em 1998 e com dois cds de sucesso, ganharam o prêmio de melhor banda do ano.



Mais uma vez, afirmo: os caras são realmente muito bons.
Tanto é que acabam de voltar de uma turnê de duas semanas nos Estados Unidos. Com elogios. Mas não acho que eles possam sobreviver por tempo suficiente para tornarem-se tão respeitados como outras bandas.
Sobreviver, até podem. Famosos, já são. Bons, também. Porém, eles não têm aquele "algo a mais" que os faria passar de uma banda famosa para uma banda-mito. Como fez Kaveret ou Mashina.

Por isso disse que são "fogo-de-palha". E continuo achando que são.
Têm música de qualidade, mas devem manter os olhos abertos.
Porque senão a palha acaba. Toda queimada.
Abaixo, uma foto que tirei no show de ontem.


Para o site oficial do grupo, clique aqui!
Para álbum de fotos do último show, clique aqui!
Para ver clip, clique aqui!
Para ouvir algumas músicas, clique aqui!

ps2: Para quem não reparou, há uma nova enquete no canto direito...

Post dedicado ao formando Lepra.