quinta-feira, março 31, 2005

Orgulho gay em Jerusalém?

Em Tel-Aviv é normal, mas em Jerusalém????
Os religiosos desse país estão sempre encrencando com alguma coisa.
Ontem, no jornal da noite, uma curta matéria me chamou a atenção. Vou tentar resumir.
Um grupo de homossexuais (ou alguma coisa do gênero) planeja, para o próximo verão, uma "Parada do Orgulho Gay Mundial" (Jerusalem World Pride) aqui em Jerusalém. Isso mesmo. Coisa grande mesmo. E, apesar da data já estar acertada (18 de Agosto), nada ainda está confirmado oficialmente. E a polêmica já começou.

Os argumentos:
Os organizadores defendem a idéia pelo fato de Jerusalém, que alguns dizem ter "paz" no nome (Yerushalaim - "yir" = cidade; "shalom" = paz), ser o local perfeito como símbolo da luta contra o preconceito e a discriminação. Segundo eles, não importa se serão judeus homossexuais, árabes homossexuais ou cristãos homossexuais. Será uma "grande festa de confraternização" (seja lá o que isso queira dizer) e trará muitos turistas a Jerusalém. Com eles, "euros e dólares".
Um dos possíveis organizadores é um dos secretários da prefeitura da cidade. Cidade que, aliás, é administrada por um judeu ortodoxo, ganhador das últimas eleições.
Assim, do outro lado da gangorra, entram os religiosos. Sempre eles. E nem precisa explicitar como abominaram a idéia.

Tenho o prazer de assistir aulas, todos os dias, com algumas francesas religiosas. Uma delas, sempre calada, soltou o berro hoje. Ficou vermelha. "Isso é um absurdo, não podem fazer esse desfile aqui!"
Na televisão, entrevistaram alguns dos principais rabinos da cidade. Falaram de Torá (a Bíblia), de vergonha, de Deus, de natureza...

Minha opinião? Não sou contra. Façam o que quiserem, cada um com sua preferência e sua luta. Posso até ir lá prestigiar, por que não. Ver as mulheres se agarrando entre elas (hehehehe). Quem sabe vender cerveja na rua, típico de brasileiro em dias de Copa do Mundo.

World Pride

Para ler mais (em português), clique aqui!
Mais informações (em inglês), clique aqui!

ps1: E, para quem não acredita, aviso que mais um árabe salvou Israel.
Barid, meio-campo da seleção israelense, marcou o gol de empate contra a França, ontem à noite.
Mais uma vez, torcedores gritaram frases de ordem como "morte aos árabes". Felizes e ao mesmo tempo revoltados.
Só mesmo em Israel para que o futebol tome uma faceta tão desprezível. Para empurrar a equipe, a torcida não grita o nome dos jogadores. Não grita palavras de incentivo. Grita, quase sempre, o famoso slogan "Israel, milrramá!!!" (Israel, guerra!!!). Comentários?
Ah, e para quem acha que o Brasil não tem um bom time, que veja então essas duas seleções jogando. Uma lástima.
Para ler sobre o jogo (em inglês), clique aqui!

ps2: Li esses dias que irão transformar a casa de Ahhmed Yassin, o líder espiritual e fundador do grupo terrorista Hammas morto no ano passado com uma bomba na cabeça em Gaza, num museu!
Para quem não se lembra, Yassin era um senhor idoso, deficiente físico e de barbas brancas e longas, bem parecido com o personagem Saruman do "Senhor dos Anéis". Além disso, era também um famoso líder terrorista.
Seu funeral levou mais de 200 mil pessoas às ruas, e a decisão de torná-lo um mártir foi óbvia. É como eu sempre digo: violência gera violência, rancor gera rancor. Ação gera reação.
Na época, publiquei (não me lembro aonde) um artigo condenando o ataque do exército israelense. Fui apoiado por uns, criticado por outros. Vou procurá-lo na Internet e coloco o link aqui quando encontrar.
Para ler sobre o tal museu (em espanhol), clique aqui!

terça-feira, março 29, 2005

O estereótipo perfeito

Mais uma história verídica.
Costumam dizer por aqui (com razão) que o "motorista de ônibus" em Israel é o estereótipo perfeito do "israelense comum": puto, mal educado, grosso, puto com a vida, puto com a religião, puto com o governo.
Ontem tive a minha experiência.

Quando cheguei para trabalhar no estacionamento do hotel, vi que todas as vagas destinadas a ônibus (umas 5 ou 6) estavam ocupadas por carros. Logo comentei com o El-hanan, um carioca gente fina que trabalha comigo:

"Ih, se chegar algum ônibus nós tamo fudido..."

Eis que aparece um ônibus de convidados para a festa, que estaciona justamente no local destinado aos ônibus da Egged, a empresa pública (o que é proibido). E lá vai o Bean correndo pra falar com o motorista.
Putz, e que mal educado. Acho que sua mulher deve dormir de calça jeans, não é possível. Xingou porque as vagas estavam ocupadas e não quis sair dali. Tentei ser educado. Depois de um tempo, não deu. Comecei a discutir, do melhor estilo "israelense ignorante".
Segundo o louco, quatro ônibus ainda estavam por vir. Disse a ele que resolveria o problema, mas o motorista não quis sair. Conseguimos, a princípio, três vagas para ônibus. Mas ele não queria ir até lá. Dizia que não cabia.

"Meu senhor, eu trabalho aqui nesse estacionamento todos os dias; e é o primeiro motorista de ônibus que vejo que não sabe dirigir".

O cara ficou mais louco ainda. A veia do pescoço quase saltava.
Resolveu sair, até que começou a discutir ferozmente com um pobre coitado de um senhor religioso que não queria dar uma ré para o ônibus passar (na verdade, era o ônibus quem tinha que dar a ré). E, pra variar, o motorista começou a gritar, dessa vez com o senhor religioso. Os dois de pé, no meio do estacionamento:

"Você sabe rezar, mas não sabe dirigir. Você é pequeno, folgado e não sabe dirigir. Avisa o seu D´us que você não pode dirigir".

Pensei que ele ia bater no velho religioso, que também esbravejava (a esposa esperava no carro). Já estava me preparando para pular no pescoço do motorista e enchê-lo de porrada no primeiro fio de cabelo que ele encostasse do senhor religioso.
Mas, como toda discussão entre israelenses mal-educados, tudo ficou só em palavras. Feias, mas palavras. Fui até o velho e disse que também tentara convencer o ignorante do motorista. O senhor foi até bem simpático comigo.

O motorista ficou lá no meio, reclamando. Resmungando.
Resolveu ligar pra polícia para avisar que carros particulares estavam estacionados nas vagas de ônibus.
Eu morri de rir.
De repente, chegou a polícia. A confusão já tinha se formado. O discurso era o mesmo que o meu. O policial disse para o revoltado motorista:

"Senhor, isso é um estacionamento privado. Não existe lei para isso. Não posso fazer nada. Eles escreveram ali que é para ônibus, e se carros estacionaram, o problema é do hotel".

Nossa, o cara ficou louco. Eu ajudei:

"Senhor, isso é particular. Se eu escrever numa placa que nessa vaga só estacionam mulheres gostosas e você estacionar, não posso fazer nada, muito menos chamar a polícia" .

Um dos outros motoristas chamou o colega louco:

"O que você está fazendo? Você bebeu?"

No fim, deu tudo certo. Os ônibus chegaram e conseguimos encaixá-los. Mas o motorista, coitado, deixou o lugar com cara de poucos amigos (o que é longe de ser problema meu). Entrou no salão, com a esperança de encontrar algum outro motivo e outra pessoa para começar a gritar. Típico de israelenses...

ps1: Um árabe salvou o Purim de Israel. Aos 45 minutos do segundo tempo, marcou o gol de empate da seleção (horrorosa por sinal) contra a Irlanda, no último sábado. Na quarta-feira, Israel enfrenta a França, aqui em Ramat Gan.
Uma vitória deixa os israelenses bem próximos da Copa. Para a tristeza dos amantes do bom futebol.

ps2: E consegui pendurar minha bandeira gigante no quarto. Descomunal. Vejam!


quinta-feira, março 24, 2005

Profissionais do garçonismo

"Boa noite, senhora. O estacionamento fica à esquerda."
"A entrada é pelas escadas."
"Desculpe senhor, mas não é possível estacionar aqui. Está reservado para ônibus."
"Há lugares ainda lá embaixo."
"O senhor poderia estacionar um pouco mais próximo do carro ao lado?"
"Obrigado, senhor."
"Boa noite, senhor. Meu nome é Carlos e lhes servirei esta noite."
"Aceitam algo para beber? Cerveja, Whisky, algum drinque..."
"O senhor quer peixe ou 'caved'?"
"Um instante, senhora."
"Posso retirar?"
"A senhora aceita um café ou um chá?"
"Sua bebida, senhor"
"Boa noite e obrigado"

Ufa... e amanhã começa tudo de novo. Sem folga.
Créditos do título do post para o Juliano, outro profissional do garçonismo!

ps: Como prometi, revelo como toda a pancadaria de Segunda-Feira começou (o que ficou conhecido entre os garçons como "Dia do Pesadelo").
Alguns convidados (os tais franceses judeus) queriam se servir de salada (no buffet) antes da festa começar e um árabe que trabalha exatamente no buffet foi avisá-los de que não podiam comer antes da festa começar. Os francesinhos parece que não gostaram muito e insultaram o árabe, falaram que ele não podia tocar na comida por ser árabe e tal.
Já que esse sujeito também é conhecido por aprontar confusões de vez em quando, ele empurrou algum francês e o pau começou do lado de fora. O resto vocês já sabem...

ps2: Um milionário americano acaba de doar 12 milhões de dólares para o Comitê Olímpico Israelense.
O velho judeu de 84 anos, que vendeu sua marca de vodka à Bacardi, embolsou mais de 2 bilhões de dólares.
Para ler a notícia completa (em inglês), clique aqui!

ps3: Já que Bean também é cultura (de vez em quando), indico para vocês uma boa leitura.
A obra se chama "Meu Inimigo sou Eu", escrita pelo jornalista israelense (e ex-paraquedista do exército) Yoram Binur. Calma, não se preocupem, o livro já foi traduzido ao português!
Trata-se da experiência de um repórter judeu nos territórios ocupados no fim da década de 80.
A pauta de notícias sobre a Cisjordânia tendia à repetição e à rotina, o que levou o repórter a sugerir ao editor uma abordagem diferente para uma série de reportagens. A idéia era oferecer uma nova perspectiva das relações entre judeus e palestinos, e avaliar seus próprios sentimentos (o que é o mais legal do livro). Para levar a cabo o projeto, o autor (que fala também o idioma árabe fluente) teve de adotar a aparência de um trabalhador palestino típico, o que exigia roupas e acessórios adequados, bem surrados e remendados, rosto sem barbear e inúmeros outros detalhes.

Durante seis meses, ele, um respeitado jornalista judeu, disfarçou-se de árabe, perambulou pela Faixa de Gaza e pelos campos de refugiados da Cisjordânia, foi explorado em Tel-Aviv e até namorou uma israelense! Foi objeto de desprezo, degradação e violência por parte do exército israelense.
As impressões que ele acumulou com a experiência formaram um quadro bastante complexo de medo e desconfiança dos dois lados. Vale a pena.

ps4: Serviço de utilidade pública: todos os hotéis de Israel numa só página. Pesquise, reserve, faça o escambau. É só clicar aqui!

ps5: E, antes que eu me esqueça, Chag Sameach (Boas Festas). Chegamos a Purim, o "carnaval dos judeus", uma festa alegre em que todos se fantasiam, pulam, dançam, bebem. Eu já escolhi a minha: garçom.
Para ler mais (em inglês), clique aqui!


Purim

terça-feira, março 22, 2005

Se a moda pega...

Mais um capítulo da velha história sobre o status de Jerusalém. Mas acho que desta vez pegaram pesado.
A notícia é da Folha de S. Paulo.
O governo do Canadá está recolhendo passaportes de cidadãos israelenses que têm como registro de origem a cidade de Jerusalém, porque as autoridades não reconhecem o local como pertencente a Israel.
Em resposta, um grupo de canadenses nascidos em Jerusalém entrou na Justiça contra o governo, alegando que não reconhecer a cidade como parte do território israelense é uma ação discriminatória (????).
Todo o problema começou quando israelenses que trazem em seus passaportes a cidade de Jerusalém associada a Israel não puderam renovar seus vistos. Eles foram informados pelas autoridades que as duas localidades não podiam constar na documentação.
O porta-voz do governo canadense disse que os passaportes recolhidos serão modificados, deixando apenas a cidade de Jerusalém.

"Isso vai contra a política do Canadá sobre o Oriente Médio, e essencialmente o governo canadense considera que a situação de Jerusalém pode ser resolvida apenas com um acordo israel-palestino", disse.

Por falar nisso, hoje fui fazer meu passaporte israelense. E, como foi feito aqui em Jerusalém, virá escrito o nome da cidade.
Como israelense, sou obrigado a entrar e sair de Israel usando o passaporte israelense (assim como os brasileiros usam passaporte brasileiro para entrar e sair do Brasil e por aí vai). Para entrar em outros países, posso escolher que passaporte usar: o brasileiro ou o israelense. Interessante, não?

Em tempo: apenas Costa Rica e El Salvador reconhecem Jerusalém como a capital de Israel (e mantém aqui suas embaixadas), enquanto o resto do mundo considera Tel-Aviv como capital. A embaixada brasileira em Israel também fica em Tel-Aviv, e não em Jerusalém.


Jerusalém

ps1: Poderia fazer um alarde sensacionalista do que aconteceu ontem no trabalho. Manchete de jornaleco mesmo, tipo "Pancadaria entre árabes e judeus sangra noite em Jerusalém". Mas não vou fazer. Prefiro tratar isso como um caso isolado.
Vou tentar explicar, em poucas palavras, o que vi e ouvi ontem (mais ouvi do que vi).

Por algum motivo ainda desconhecido por mim (que levou um árabe que trabalha conosco nos casamentos a "bater" numa convidada), o pau comeu. Pancadaria mesmo. Vários convidados da festa (formados quase por 100% de franceses judeus) e alguns árabes que trabalham nas festas travaram uma batalha campal no estacionamento aberto do hotel. Com direito a chutes, socos, pedradas, copos, gritos histéricos de mulheres, crianças chorando. Briga de rua mesmo.
Mustafá, um dos nossos chefes (que, pelo nome, nem precisa dizer que é árabe), também entrou na confusão, aparentemente para defender um outro árabe de levar uma surra. Gritou, tomou chute, deu outros.

Como disse, eu mais ouvi do que vi. Vi correria, vi pedradas, vi um chute ou outro, ouvi muitos gritos. Estava do lado de fora justamento quando começou o show de horrores.
Logo depois da confusão, tanto o árabe que bateu na mulher quanto o Mustafá, sumiram. E a festa enfim começou. Uma festa totalmente sem clima do lado de dentro, uma discussão interminável do lado de fora.
Alguns minutos depois, chegou um carro da tropa de choque da polícia do exército israelense. Daquelas famosas por espancar árabes.

Resumindo: ainda não sei o que vai acontecer com os árabes brigões.
Eu, por coincidência, acabei escolhido para servir a mesa onde estavam os francesinhos - também brigões (dentre as cinco que tinha que servir).
Ontem, também por coincidência, o responsável-mor pelos eventos no hotel também estava no casamento. Um francês, diga-se de passagem. Quando a festa começou, ele me chamou no canto e perguntou se era eu quem estava servindo os envolvidos. E disse: "Sirva bem a mesa. Leve três garrafas de vinho para lá. Seja atencioso com eles".

Conclusão: creio que, pelo comportamento dos responsáveis pelos eventos do hotel (outros também apareceram por lá no meio da confusão), irão abafar o caso.
Hoje haverá outro casamento (aliás, completam 10 dias que trabalho todos os dias, sem folga). Lá, poderei saber de mais detalhes (outros detalhes, porque 90% do que aconteceu, do que vi e do que ouvi não é possível colocar aqui no blog por causa do tamanho. Ficaria imenso).
A história é bem mais complexa do que tudo isso. Mas acho que deu pra explicar. Mas que o pau comeu, ah sim, comeu. E feio.

quinta-feira, março 17, 2005

Sigo pistas pra me achar

Não gosto de ser sentimentalóide aqui no Blog (e nem acho que serei), mas preciso postar isso.
Ontem estava aqui em casa, antes do trabalho, assistindo ao Acústico do Pato Fu. Banda mineira, de BH, que eu sempre gostei.
Lembrei-de uma música que, quando ouvi, putaquepariu (desculpem).... mas foi isso mesmo que pensei. Também não sou desses que fica procurando em letras de música um sentido pra vida ou alguma qualquer que possa se encaixar no que estou sentindo ou vivendo. Mas a música "Antes que seja tarde", querendo ou não, representa muito bem essa confusão que vivo aqui quase do outro lado do mundo. Caiu como uma luva.
Coloco aqui a letra. Quem tiver saco, leia, e me entenderá um pouco mais. Quem não quiser, já pode pular lá para os "ps". Ou procurar putaria na internet, o que queiram...

Antes que seja tarde (Pato Fu)

Olha, não sou daqui. Me diga onde estou.
Não há tempo, não há nada que me faça ser quem sou.
Mas sem parar pra pensar sigo estradas, sigo pistas pra me achar.
Nunca sei o que se passa com as manias do lugar porque sempre parto antes que comece a gostar de ser igual qualquer um, me sentir mais uma peça no final cometendo um erro bobo decimal.
Na verdade continuo sob a mesma condição distraindo a verdade e enganando o coração.
Pelas minhas trilhas você perde a direção.
Não há placa nem pessoas informando aonde vão.
Penso outra vez, estou sem meus amigos.
E retomo a porta aberta dos perigos.
Na verdade continuo sob a mesma condição distraindo a verdade e enganando o coração.

ps1: Capa de todos os jornais, a inauguração do Novo Museu do Holoucasto remexeu algumas estruturas que já estavam quase adormecidas no senso comum. O estudo do Holocausto, por exemplo.
Até aquela figura do Kofi Annan, nem sempre bem informado, soltou uma boa esses dias.

"O Holocausto não é somente uma questão judaica. É um fato de grande importância para todo o mundo, e dele todos nós temos que extrair uma lição. A principal tarefa do mundo agora é prevenir a repetição do Holocausto onde quer que seja".

"Hoje nossa tarefa fundamental é lembrar aqueles que pereceram. Mas esta lembrança é parte de nosso anseio por sabedoria para lutar por um mundo melhor. A ONU tem a responsabilidade sagrada de combater o ódio e a intolerância. Se as Nações Unidas falharem em ser um fórum da luta contra o anti-semitismo e outras formas de racismo, estarão negando a sua história e minando o seu futuro"

Aplausos de pé ou "tô pagando pra ver"?
Mais de 40 representantes de diversos países estiveram presentes à solenidade, entre eles, o primeiro-ministro francês, Jean-Pierre Raffarin, o presidente da Polônia Aleksander Kwasniewski e o ministro do Exterior alemão, Joschka Fischer. Aliás, gostei da declaração do alemão. Ele se referiu ao genocídio judaico na Segunda Guerra não com a palavra "Holoucast", e sim "Shoá". Foi legal.
Vou ficar atento à inauguração do museu a nós pobres mortais. Quero ir lá as soon as. Conto os detalhes aqui.
Abaixo, uma foto da solenidade.


Solenidade

Para conhecer o novo museu, clique aqui!

ps2: E mais etíopes se preparam pra chegar em Israel. Não sei se isso é bom ou ruim... aliás, necessitaria de uma análise bem mais profunda do que poucas linhas escritas no blog. Mas de qualquer forma, prometo um dia escrever algo a respeito. Por enquanto, coloco o link da notícia (em inglês). É só clicar aqui!

terça-feira, março 15, 2005

Não tenho tempo!

Como já dizia o sábio, "tá foda"!
A correria louca não me permitiu atualizar o blog esses dias. Realmente, não tenho tempo pra nada.
Um dia desses a patroa brigou comigo porque não tenho tempo pra ela. E acho que ela tem razão. No fundo, não tenho tempo nem pra mim.
Aliás, um parênteses. Mulher é difícil mesmo de entender. A coitada começou a gritar no telefone coisas do tipo "eu não acredito que você vai trabalhar hoje também, não é possível, você não tem nenhum dia livre....". E eu, na maior pureza, dei uma pequena risada e disse: "Mas eu preciso trabalhar, pagar as minhas contas..."
Putz, a mulher virou onça. "Por que você tá rindo? Não é engraçado..."
E quem disse que era engraçado?

Bom, mas voltando ao ponto. Estudo de domingo à quinta, trabalho praticamente de domingo à quinta também (essa semana também na sexta). Fazer as coisas que eu gosto está cada vez mais difícil. Ler, assistir filmes, cozinhar alguma coisa decente, tomar uma cerveja... putz, não me lembro a última vez que tomei um gole de cerveja. Credo, que coisa dramática...

Resumindo todo esse balagan (bagunça): o "Blog do Bean" vai ter que se remodelado, ainda não sei como. Espero que somente no número de posts, mas se começar a ficar mais apertado, terei que mudar inclusive o formato (que, entendam, é algo que por enquanto não vai acontecer e que também não quero). Beleza?

ps1: Hoje o filadaputa do Secretátio-Geral da ONU Kofi Annan foi o responsável direto pelo meu quase -atraso na aula. Saí mais cedo pensando que poderia chegar mais cedo e fazer um dos deveres que não tinha terminado.Mas eis que o cara está hospedado no Hotel King David, aqui em Jerusalém.

(Hoje é a inauguração do novo Yad Vashem - o Museu do Holocausto -, totalmente moderno e informatizado. Prometo que tratarei disso no próximo post). Coloco aqui uma prévia, em espanhol.

Pintura de Henri Pieck (1895-1972) retratando o Holocausto. Coleção do Yad Vashem

Mas pelo fato dele estar lá (e de vários chefes de Estado e de Governo - leiam a matéria), um milhão de ruas estão fechadas, o trânsito na cidade está um caos e a cidade cheia de soldados e caras de terno e gravata com armas que eu nunca vi antes. Resultado: por causa da demora, tive que fazer o dever de casa dentro do ônibus. Patético. Queria matar esse Kofi Annan.

Voltando da aula, não me deixaram passar na frente do Hotel (que fica bem no meio da rota até minha casa). Tive que dar uma volta e, quando vi, estava sim na frente do hotel, com milhões de jornalistas e soldados. Acho que sem querer driblei a segurança. Bela segurança...
O mais engraçado de tudo: alguém já chegou atrasado na aula por causa do Secretátio-Geral das Nações Unidas?

ps2: Hoje é aniversário do meu irmão Michel. Parabéns aê! Aliás, liguei pra casa hoje cedinho, eram umas 8 e meia da manhã. O safado tava dormindo. Ê vida boa...

ps3: Quer mandar uma cesta de Pessach (a Páscoa judaica) para um soldado israelense? É sério. Mais uma idiotice que os americanos "sionistas" inventaram para ajudar Israel. Para ver com detalhes, clique aqui!

sexta-feira, março 11, 2005

CAMPANHAS DE AJUDA

É muito bom ajudar ao próximo, mas também receber auxílios tamid kedai (sempre vale a pena)!
Estou lançando, através desse post, três singelas campanhas de ajuda a mim mesmo (putz, que coisa egocêntrica...). Sim. Vou explicar. São três campanhas, cada uma num âmbito diferente. Não é tão complicado assim...

CAMPANHA 1: FÍSICO
Depois de incontáveis horas de trabalho e pouco (muito pouco) descanso entre aulas e labor, minhas costas dóem em progressão geométrica. O nível da dor na Terça é o dobro da dor da Segunda, e assim vai aumentando até Quinta-Feira. Malditas bandejas.
Alguém por acaso poderia me dar alguma dica de massagem, terapia oriental ou qualquer coisa que pudesse me aliviar?

CAMPANHA 2: PSICOLÓGICO
Algum de vocês poderia me dar alguma dica de como eu faço para pelo menos diminuir a quantidade de "palavras feias" que eu uso, o tempo inteiro? Não que eu me importe tanto, mas acho que se eu reduzisse pela metade os "putaquepariu", "caralho" e sei-lá-o-quê, talvez alguma coisa mudasse para melhor.
Eu sempre falei muito palavrão. Acho que já chegou a hora de deixar parte deles de lado..

CAMPANHA 3: ACADÊMICA
Peço ajuda aqui para encontrar algum provedor ou alma caridosa que pudesse colocar na internet a minha monografia de fim de curso para download. Aliás, está completando um ano que me formei... (sábado farão um churrasco da turma, em BH, e realmente estou bem triste de não poder ir).
Explico aqui mais ou menos o tema da monografia, quem quiser mais detalhes pode me perguntar. O título é sugestivo:

A VISIBILIDADE DO CONFLITO
PALESTINO-ISRAELENSE NO JORNALISMO IMPRESSO:
Um estudo jornalístico e geopolítico sobre a cobertura incessante da batalha do Oriente Médio na Folha de S. Paulo, Estado de Minas e JB.

Transcrevo uma parte da introdução; acho que lendo o próprio trabalho fica mais fácil de entender:

"O objetivo deste trabalho é, tendo como base a intensidade da cobertura do conflito palestino-israelense nos veículos brasileiros e na mídia impressa mundial, a partir de primeiras observações, apontar razões jornalísticas para o fenômeno.
Trata-se, portanto, do cerne deste trabalho: o conflito palestino-israelense, sendo de extensa visibilidade na mídia, nos permite relacionar a questão da geopolítica com os valores-notícia e os critérios de noticiabilidade da cobertura internacional.
Em conseqüência, analisaremos não só a amplitude dessa visibilidade e suas causas, mas a pertinência dessa cobertura. Pergunta-se, porém: teria o conflito uma visibilidade midiática superior à que mereceria do ponto de vista geopolítico e jornalístico?
(...)Em suma: pretende-se proporcionar ao leitor a união de teorias jornalísticas e conceitos geopolíticos e histórico-políticos, demonstrando a complexidade dos estudos acerca da relação entre a notícia e políticas em geral, particularmente relacionadas ao conflito secular no Oriente Médio."

O mais importante: são 126 páginas num arquivo que ocupa 20 Megabytes. Existiria alguma alma caridosa disposta a me ajudar???? Os canais, para qualquer dica em cada uma das "campanhas" são os mesmos: por aqui ou pelo carlosreiss@terra.com.br . Valeu!
Amanhã o "Blog do Bean" volta a sua programação normal, com tudo aquilio que vocês estão acostumados a ver. Os pedidos de ajuda vêm de tempos em tempos, hehehehehehe....


Visibilidade do Conflito


ps1: Lançaram a camisa nova do Galo. Linda. Dêem uma espiada...


Manto sagrado

terça-feira, março 08, 2005

Pé no acelerador e mão na buzina

Que os israelenses (ou a maioria deles) não sabem dirigir, isso é fato notório.
Não se discute.
É cada um que me aparece dirigindo que se estivessem no Brasil, um país nem tão sério assim, não durariam uma semana sequer. São carros estacionados ao contrário, com as rodas sobre a calçada e um festival de buzinas e xingamentos! Para quem não conhece o país (ou essa cultura israelense de "eu dirijo mal mas ele dirige pior"), caminhar pelo centro de Jerusalém pode ser uma experiência assustadora.
As consequências de tudo isso são inevitáveis.

No início da semana, por exemplo, andava pela rua quando, como sempre, parei para ler as manchetes do jornal do dia. De longe, vi várias fotos de pessoas na capa, o que costuma acontecer quando há um atentado e querem estampar as fotos dos falecidos.
Mas dessa vez, não era atentado. Era algo muito mais comum e que mata muito mais gente do que terrorismo, principalmente em Israel. Era um acidente de trânsito. Pra variar...
Estive pensando esses dias o que faz o israelense dirigir tão displicentemente, ficar tão nervoso dirigindo e desrespeitar as leis de trânsito tanto quanto um homicida psicopata profissional mata suas vítimas (apelei!). Acho que o buraco é mais embaixo, faz parte de características culturais próprias que o povo vem criando aqui durante mais de meio século.

Já imaginaram o que aconteceria se resolvessem aparecer "flanelinhas" aos montes em Israel? Dêem uma olhada...


Flanelinha em Israel


ps1: Mais uma nota explicativa sobre essa budega aqui chamada blog. Assim como o "Blog do Bean" não é um diário, o "Blog do Bean" também não é uma Agência de Notícias!

Ontem, por exemplo, um árabe-israelense tentou entrar com uma bomba no Knesset (parlamento). É uma notícia importante, apesar da capa dos jornais de hoje destacarem outro assunto (o fato do Ministro do Tesouro Binyamin Netanyahu concordar em ceder alguns mil shkalim para o Shas, um partido religioso).
Mas algumas pessoas me cobraram por não ter colocado nada sobre o árabe no post de ontem. Peraí, isso aqui é o "Blog do Bean", não é a "Agência Bean"!!! O que também não seria má idéia existir hehehehehe...

ps2: (Putz Bean, futebol de novo?) Pois é, não dá pra deixar de falar sobre esse esporte que, dentre as coisas menos importantes do mundo, sem dúvida é a mais importante. Entenderam?Algum louco foi capaz de expressar em palavras o que muitas vezes é impossível: a paixão da torcida do Galo. Pra quem gosta, vale a pena ler. É só clicar aqui!

ps3: Aproveito aqui mais uma vez pra fazer o jabá. Para quem tem Orkut, vale a pena dar uma passada na comunidade "Eu leio o Blog do Bean". E se não metem o pau aqui, podem meter lá pelo menos. E aos que já chegaram, sejam bem-vindos!!!
Para entrar na comunidade, clique aqui!

ps4: Hoje é o Dia Internacional da Mulher. A história das operárias que foram queimadas dentro da fábrica todos conhecem, mas fora isso dou aqui os meus parabéns e repito uma frase que quem me conhece sempre ouve: "Se as mulheres tivessem idéia do poder que têm e soubessem usá-lo, coitados dos homens".
Parabéns, mulheres! Coloco o link para uma pequena matéria (em inglês) publicada hoje no jornal Haaretz. É só clicar aqui! E em homenagem...

"Mulher"
No teu ser, o encanto do ser...
A vida, tua história,
Marcada pelo desejo de ser
Simplesmente mulher
Em teu corpo carregas,
Como ninguém,o segredo da vida!
Na tua história a mancha da indiferença,da discriminação, da opressão...
Em você o amor mais lindo,a beleza mais transparente,o afeto mais puro,em formar um novo ser.

segunda-feira, março 07, 2005

Já disse que não fumo

Eu tenho cara de fumante?
Depois de ser parado 45 milhões de vez pela polícia, parece que encontraram mais alguma coisa pra me perturbar (ou não). A moda agora é me pararem na rua pra pedir cigarro. E eu nem fumo.

"Ei, talvez você tenha um cigarro."
"Brother, cê tem um cigarro?"

Nos últimos dois dias, foram três pessoas diferentes me abordando: um cara com gelzinho no cabelo estilo israelense; uma menina (acho que não devia ter mais que 15 ou 16 anos) e uma loira daquelas de parar o trânsito.
Mesmo sem fumar, estou começando a achar que chegou a hora de andar com um maço de cigarro no bolso. Para essas emergências...
Em tempo: isso daqui parece cada dia mais com "O Show de Truman".

ps1: Um atentado feriu dois soldados israelenses na cidade de Hebron, aqui bem pertinho de Jerusalém (cerca de 30 km ao sul).
O atentado a tiros ocorreu na manhã dessa segunda-feira. Hebron é uma das cidades sagradas (ou especiais, como queiram) para o Judaísmo (e também para o Islã), já que lá estão enterrados vários dos patriarcas: Abraão, Yitzhak, Yaacov e mais uma galera (dizem até que Adão e Eva estão lá também).
O lugar, que tive a oportunidade de visitar há 5 anos, chama-se Mearat Hamachpelá. Um lugar bonito. O local dos tiros foi bem próximo de lá.

Para ler sobre o atentado (em inglês), clique aqui!
Mais informações (em inglês), clique aqui!
Para leitura suplementar (em hebraico), clique aqui!

ps2: Alguém aqui se lembra de um sujeito chamado Yigal Amir?
Sem rodopios, foi um dos responsáveis pela guinada histórica que tomou o Estado de Israel e todos os seus percalços (escrevi certo?) nos últimos 10 anos.
Em 4 de Novembro de 1995, esse jovem judeu "religioso" assassinou o então primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin, após uma manifestação pela paz em Tel-Aviv.

Bom, vamos ao ponto novo. Hoje, a Suprema Corte Israelense negou o pedido de Amir para receber visitas íntimas em sua cela (sim, desde 95 ele está preso). A escolhida é sua "noiva" Larissa Trimbobler, uma imigrante russa, filósofa, divorciada e mãe de 4 filhos. Sejam bem vindos a mais um
capítulo da série "Só me faltava essa..."


Yigal Amir

Para saber detalhadamente quem é Yigal Amir (em iglês), clique aqui!
Para ler a matéria (em inglês), clique aqui!
Para opiniões dos israelenses sobre o assassinato de Rabin, clique aqui!

ps3: Eu sempre digo que Israel é um país-bebê: tem menos de 60 anos e ainda tem muito o que aprender. Outro dia, terminaram as investigações sobre um rombo milionário que fizeram no Banco Hapoalim, um dos maiores do país.
Aos poucos, Israel começa a conhecer um dos maiores vilões do Estado-Moderno: a corrupção.
Para ler a matéria (em espanhol), clique aqui!

sábado, março 05, 2005

Cada um com seu descanso

Deus criou o mundo em seis dias e no sétimo descansou.
Certo? Nem sempre.
Hoje estudei por sete horas seguidas. Tudo bem que fiz algumas hafsakot (intervalos) como, por exemplo, pra comer uma mixirica, ir ao banheiro e acompanhar um pouquinho do jogo em que Israel perdeu para a Inglaterra pela Copa Davis de tênis.
Mas se é descanso para mim, para outros não é.

Foi noticiado por aqui que a decisão do governo iraquiano de fazer do sábado o dia de descanso provocou uma confusão sem tamanho por aquelas bandas (que não são muito longe daqui). É que boa parte dos iraquianos, assim como vários outros muçulmanos espalhados pelo mundo, chamam o sábado de "dia de festa sionista".
Segundo o Arutz 7 (Canal 7 israelense de rádio), muitos iraquianos foram trabalhar no último sábado alegando que não descansam no dia em que os judeus descansam. Parece que querem que o "sábado" seja transferido para a quinta-feira.
Só me faltava essa.
O sindicato estudantil da Universidade de Mustansariayh em Bagdá (tipo um DCE) publicou uma carta metendo o pau no governo iraquiano por forçar a população a descansar no "dia da festa sionista".

Sem querer escrever mas escrevendo, tudo isso é uma bobagem. Um ódio descontrolado que se algum dia houve algum limite, já foi ultrapasso há muito tempo.
Aliás, convido a todos para ler a matéria original em espanhol. No fim da reportagem, existem comentários de leitores. E já que a notícia foi publicada num site "judaico", vocês notarão que a maioria dos comentários são de judeus. Alguns tão ignorantes e cheios de ódio quanto os muçulmanos do Iraque.
Eu sempre digo: a merda cheira mal dos dois lados...

ps1: Já que hoje falo sobre o Iraque, vou colocar também algo sobre o Irã.
Passando despreocupadamente os canais a cabo aqui em Jerusalém, deparei-me com um documentário brasileiro sobre o escritor Paulo Coelho num canal israelense.
Em português (e com legendas em hebraico, obviamente), o documentário mostrou uma visita desse senhor ao Irã, há alguns anos. Uma coisa impressionante. Segundo a matéria, mais de 4 milhões de livros do Paulo Coelho, devidamente traduzidos ao farsi, já foram vendidos no Irã. Um fenômeno.
Muita gente adora os livros deles. Outros dizem que o cara é um charlatão. Eu nunca li nada que ele tenha escrito, por isso não tenho opinião formada. Mas que não consigo acreditar em uma só palavra que ele diz, ah sim, é verdade.

ps2: Essa eu mijei de rir. Tá descrito como um vídeo que mostra uma consequência da TPM. Eu diria que é alguma israelense num dia "daqueles". Tirem suas dúvidas, e divirtam-se. Para assistir ao vídeo,
clique aqui! (com o botão direito do mouse e vá até a opção "salvar destino como")

ps3: É isso, hoje o post é curto. Preciso voltar aos estudos. E por falar nisso, alguém se arrisca a ajudar? É só dar uma olhadinha aí embaixo...


sexta-feira, março 04, 2005

Chegamos ao Orkut!

E, como não podia deixar de ser, continuamos crescendo.
Em comemoração ao fato do "Blog do Bean" ter ultrapassado a marca de 2 mil visitas (exatas 2099 quando escrevo esse post), resolvi expandir os horizontes do site.
Assim, o "Blog do Bean" acaba de chegar ao Orkut e ganhar uma comunidade não só dele, mas de todos aqueles que lêem, riem, choram, sem emocionam, se confundem ainda mais, não entendem nada ou simplesmente entram para ver as figuras. Estão todos convidados!
A comunidade "Eu leio o Blog do Bean" não é só minha. É de vocês.
Inauguramos uma nova era. Outras virão...

Para entrar na comunidade "Eu leio o Blog do Bean", clique aqui!
(lembrando que é preciso ser cadastrado no Orkut)
Amanhã volto com a programação normal do blog. Esse foi só um post adendum...!!!

quinta-feira, março 03, 2005

Sim, são pesadas

Ontem começou a temporada "estude todos os dias e trabalhe se for capaz".
Tudo bem que a noiva parecia mais o Maradona, de tão grande. Mas ufa, como tive trabalho. Leva prato, traz prato, recolhe talher, traz cerveja, carreja bandeja... acho que foi um dos dias mais pesados lá em Ramat Rachel.
Uma loirinha religiosa, bem bonita por sinal, me fez um sinal para que trouxesse talheres limpos para ela. Quando fui entregar, ela me entregou uma das bandejas de pedra que estavam na mesa, já vazia, para que eu levasse pra cozinha.

"Nossa, como essa bandeja é pesada. Como vocês conseguem carregar tantas bandejas cheias assim?"

Minha resposta:

"Sim senhora, são pesadas."

Acho que por isso ganhei 20 shkalim de gorjeta. Se pensar que quando comecei a trabalhar lá, não conseguia carregar mais que 4 bandejas de pedra duma vez!. Hoje, consigo oito. Tudo é uma questão de técnica e força. Prazer, sou o garçom Bean!

ps1: E para quem achava que a saída síria do Líbano poderia trazer algo de esperança para Israel, enganou-se. Pelo menos é o que diz a matéria publicada no Jerusalem Post: Hizbullah: "Syria out' doesn't mean 'Israel in".
Aliás, o primeiro-ministro libanês renunciou e o presidente sírio Bashar El-Assad foi visto pelas bandas do Qatar dando entrevista a uma rede de telvisão local. Segundo Assad, "Israel não deve ter ilusões de estreitar relações com o Líbano".
Peraí, ele não é o presidente da Síria????

ps2: Morreu essa semana, aos 77 anos, uma das maiores lendas do Mossad, o serviço secreto (e às vezes não tão secreto) israelense.
Peter "Zvika" Malchin, responsável pela captura do SS Adolf Eichmann na Argentina nos anos 60, faleceu ontem nos Estados Unidos. A prisão de Eichmann (que alguns chama de sequestro) no solo argentino foi uma das mais bem sucedidas operações da história do serviço secreto israelense. Julgado em Jerusalém, Eichmann foi condenado a morte em 1962.
Zvika, sem dúvida alguma, faz parte da história de Israel. Deve ser reverenciado.
Para ler a matéria completa (em inglês), clique aqui!
A foto abaixo mostra Eichmann sendo julgado aqui em Jerusalém. Graças a Zvika.


Eichmann em Jerusalém

Ah, antes que eu me esqueça, recomendo aqui o livro "Eichmann em Jerusalém", da Hannah Arendt. Uma sensacional aula de História, Ciências Políticas, Psicologia e Jornalismo. Tudo junto.
Para uma curta resenha, clique aqui!
Para conhecer um pouco mais sobre a captura e o julgamento (em português), clique aqui!
Para conhecer a série de tv americana feita sobre o caso, clique aqui!

ps3: E já que tudo é assunto para marketing, resolveram jogar o conflito no meio.
Maurice Lévy, executivo-chefe da Publicis Group (uma agência publicitária com sede em Paris) está montando uma campanha publicitária milionária para promover alguma coisa que lembre ou ajude para a paz no Oriente Médio.
Como publicitário inventa cada coisa, tô esperando pra ver.Para ler a notícia (em português), clique aqui!

ps4: Alguém aí quer jogar gamão apostando grana pela internet? O site existe, mas eu, se for depender de ganhar dinheiro jogando gamão, morro de fome. Quem se habilita?

terça-feira, março 01, 2005

Eu vi a lua

Permitam-me um momento de reflexão besteirológica.
Ontem vi uma lua maravilhosa. De cinema. Gigante, linda, senhora do céu, me olhava como um pai olha para um filho. Um esplendor fascinante.
Estava dentro do ônibus, voltando de Beer-Sheva para Jerusalem. Deviam ser umas 10 da noite. A trilha sonora do momento era um cd recém-comprado que escutava pela primeira vez, de um cantor israelense chamado Gilad Segev. A música, que faz certo sucesso, era "Achshav Tov" (algo como "Agora está bem" - para assistir ao clip, clique aqui!). Com esse nome, precisa comentar?

De vez em quando me dá alguns "tilts" e minha cabeça entra em parafuso. Como ontem.
Olhando para aquela lua, escutando a música e balançando naquele ônibus podre da Egged, pensei em tudo. Estava eu cruzando o deserto, voltando para minha casa em Jerusalém para não perder a aula do dia seguinte. Putz, fiquei feliz. Acho que não são muitos que podem se orgulhar disso. Bacana.
Pensei também no país. Um país ainda bebê. Lindo, mas mal compreendido e mal aproveitado. Crescente, mas complicado. Promissor, mas retrógrado.
Pensei nos governantes, que na maioria das vezes se otimem. Esquecem-se que o pontapé inicial deve vir deles próprios. É o que esperamos.
Dentre atentados, negociações, ataques, discussões e discórdias, existe esperança. Porém, com um detalhe - que já dizia a música:

"PAZ SEM VOZ NÃO É PAZ. É MEDO"

ps1: A pauta do momento diz respeito a "libertação" do Líbano.

O Líbano, para quem não sabe, é um país praticamente fictício, que vive há décadas praticamente como um anexo tanto do território quanto do governo sírio. É, em suma, Síria.
Sem querer resumir noticiário de ninguém, nos últimos dias o clima político do Líbano vem ficando cada vez mais "caliente", principalmente depois do assassinato do ex-primeiro ministro Rafik al-Hariri. A coisa está sendo levada até a dissolução de Parlamento e as consequências disso tudo podem abalar algumas estruturas do Oriente Médio. Sem exagero.

Deixo aqui alguns links para quem se interessar. Através deles, é possível realmente descobrir um pouco do que acontece por lá, quais as tendências e o que pode acontecer no que diz respeito a Israel.
Aliás, os jornais aqui vêm se interessando bastante sobre o que acontece no Líbano (e fazem mais que a obrigação). A capa do Yediot de hoje, por exemplo, estampa a palavra " Itcomemut" ("Insurreição").
Sim, o povo libanês está nas ruas, abarrotadas de bandeiras libanesas e contra a ocupação síria.


Povo nas ruas em Beirute


Para ler uma análise sobre a confusão no Líbano (em inglês), clique aqui!
Para análise sobre o possível futuro do Líbano (em espanhol), clique aqui!
Para matéria sobre os libaneses nas ruas (em inglês), clique aqui!
Para ler sobre a distante relação entre Líbano e Israel (em hebraico), clique aqui!
Para análise da bagunça toda (em português), clique aqui!
Para fotos da instabilidade no Líbano, clique aqui!

ps3: Nesse momento, o primeiro-ministro palestino Mahmmoud Abbas e a "tentativa de premiê" britânico Tony Fantoche Blair estão conversando em Londres. Prometo deixá-los por dentro do que acontecer lá, apesar de achar que não houve nada demais além do chá com biscotinhos.

ps4: Ontem foi aniversário do Naresi, sofredor do Guarani de Campinas, que é um dos brothers aqui na terrinha. Parabéns aí, locão! E como eu te disse, um pouquinho de juízo nessa vida faz bem. Mas só um pouquinho, senão fica chato...