Esse simpático velhinho "não é brincadeira não"...
O ex-espião (e não es-pião) do
Mossad não só planejou a captura do nazista Adolf Eichmann, além de ter no currículo o fato de ser
persona non grata nos Estados Unidos, ganhar US$ 4.250 mensais de aposentadoria do serviço secreto e ter sido a grande sensação dessas eleições em Israel.
Como diria o famoso jingle de Ulysses Guimarães (e presente no título do post), o velhinho é demais!
Vamos por partes.
Rafi Eitan, de 79 anos, é o presidente do Partido dos Aposentados (Guil, que significa idade, mas é a abreviação de Guimla'ey Yisrael LaKnesset - Pensionários de Israel para o Parlamento), que ganhou nada menos que sete cadeiras na Knesset, quando esperava, na melhor das hipóteses, ocupar apenas uma.
O Guil é, por que não, um PAN que deu certo! (alguém se lembra do nosso PAN - Partido dos Aposentados na Nação?)
Os aposentados, tradicionais eleitores do Partido Trabalhista, decidiram criar sua própria lista para as eleições desse ano por se considerarem marginalizados pelos grandes partidos.
Num país com 750 mil aposentados (entre os 6,8 milhões de habitantes), a lista direcionou seus esforços de campanha para angariar eleitores em asilos, cafés e também junto aos taxistas e motoristas de ônibus.
O Guil (conhecido também como "Guimlaím" - Aposentados) luta pelo aumento das aposentadorias e pela ampliação dos remédios cobertos pelo plano de saúde do governo.
"Vi a proposta dos aposentados na TV e desta vez votarei neles porque não temos nenhum tipo de esperança neste país, os políticos falam e prometem, mas depois sempre nos deixam de lado", lamentou-se uma aposentada em entrevista a um jornal local, que confessou nunca ter ido às urnas.
Abaixo, os principais nomes do partido, da direita para a esquerda:
Yitzhak Ziv,
Yaacov Ben-Izri,
Rafi Eitan e
Moshe Sharon.
Os piadistas de plantão (e eu me incluo) já andam brincando que, depois do anúncio dos resultados, uns três ou quatro nomes da lista do Guimlaím já foram substituídos. Motivo: enfarto causado por fortes emoções...
A pobreza já atinge 1,5 milhão de israelenses, entre elas 80 mil idosos, que tiveram os benefícios cortados durante a passagem de Binyamin Netanyahu pelo Ministério das Finanças, ainda no governo de Ariel Sharon."
A princípio, de acordo com declarações do próprio Rafi Eitan, o partido aceitaria fazer parte de qualquer coalizão que se preocupe com sua agenda social - e não se opõe ao plano de de Ehud Olmert para a retirada unilateral dos assentamentos da Cisjordânia.
Segundo o coordenador da companha, Yuval Portal, mais da metade dos eleitores da legenda é jovem!
"Se até hoje os israelenses iam às urnas com a segurança nacional em mente, agora priorizam partidos que lutam pelo bem-estar social. Aumento do salário mínimo, diminuição do desemprego, elevação das aposentadorias aos idosos.
Esses são, agora, os temas mais importantes para os eleitores num país onde 1 em cada 3 crianças vive abaixo da linha da pobreza e onde a desigualdade social cresce a olhos vistos.
O conflito com os palestinos não é mais o único tema."
Abaixo, os velhinhos comemorando o resultado...
Vocês devem estar curiosos sobre quem é Rafi Eitan (se não estão, o que eu posso fazer?!).
Em 1960, Rafi era o "cabeça" da operação do Mossad que capturou o nazista Adolf Eichmann na Argentina. Foi, dentre outras coisas, conselheiro pessoal do primeiro-ministro Menachem Begin para assuntos de terrorismo.
Eitan esteve ligado também à operação de ataque a uma usina nuclear iraquiana, em junho de 1981.
Ainda em 1981, assumiu outros cargos de chefia na inteligência.
Um dos casos mais famosos do Mossad tem 100% de relação com Rafi Eitan.
Na década de 80, as tradicionalmente estreitas relações entre EUA e Israel sofreram um duro golpe quando os ianques declararam culpado por espionagem para Israel um judeu-americano de 51 anos.
Jonathan Pollard, ex-analista da inteligência da Marinha norte-americana, foi condenado (e ainda está preso, apesar de vários e constantes
protestos em Israel) por vender centenas de documentos secretos a Israel.
Rafi Eitan, na época, assumiu a responsabilidade pela operação.
Não podendo colocar o pé em solo norte-americano, alguns anos depois Rafi deixou a inteligência e foi investir tempo e dinheiro em... não pasmem, Cuba!!!
Para Biografia completa de Rafi Eitan (em inglês), clique aqui! Para matéria do Haaretz sobre o Guil (em inglês), clique aqui! Para matéria sobre os aposentados (em português), clique aqui! Para ler sobre Eitan e a captura de Eichmann (em português), clique aqui! ps1: Para não dizerem que o post de hoje está sério e demasia, disponiblizo um sessão de fotos um pouco não-convencional.
A fotógrafa Rachel Papo capturou em suas lentes várias soldadas israelenses (fardadas e armadas).
O resultado é muito legal. Como disse meu amigo
Gabriel Toueg, "dá um tom humano e feminino ao tão temido e criticado exército israelense"
Abaixo, uma prévia...