Na ante-sala do inferno
"A tristeza é senhora.
Desde que o samba é samba, é assim.
A lágrima clara sobre a pele escura.
À noite a chuva que cai lá fora."
Pelo número de comentários do último post, deu pra perceber que os leitores estão meio de "saco cheio" dessa história toda de guerra.Desde que o samba é samba, é assim.
A lágrima clara sobre a pele escura.
À noite a chuva que cai lá fora."
Eu também.
Como prometi, vou escrever sobre um assunto mais light.
De fácil digestão...
Tratem de observar bem as três fotos que seguem abaixo.
Presenteio os leitores do Blog do Bean com três curiosidades em que deparei-me num agradável passeio de fim-de-semana na louca Tel-Aviv.
Tudo devidamente explicado.
Antes, um segredinho. Mas prometam não espalhar.
Não foram apenas três curiosidades que encontrei. Foram várias.
É uma sensação gozada. Quanto mais me acostumo com a vida nesse país, mais tenho certeza que Israel é um país extramamente exótico.
E bizarro. Dos mais...
1) Uma das características que Israel tem de bacana é cultivar sua história e o nome daqueles que ajudaram a construí-la.
Dá gosto de ver.
Theodor Herzl, pai do Sionismo Político, é homenageado em praticamente toda cidade israelense.
Não existe um só buraco que não tenha uma "Rua Herzl", um "Teatro Herzl" ou uma "Praça Herzl". Ramat-Gan, na região metropolitana de Tel-Aviv (chamada Gush Dan), também tem.
E lá gostam tanto do homem que chegam a exagerar.
Já imaginaram entrar num táxi e dizer:
"Motorista, me leva na esquina da Herzl com a Herzl!"
Pois não. É pra já.

2) Se houvesse um 11o. mandamento, ele certamente seria "E não comerás carne suína"...
Porém, assim como os outros 10, seriam desrespeitados por muitos israelenses.
Como são.
Numa entrada desprentenciosa num supermercado na rua Frishmann, eis que vemos, encostadinho na estante de frios, esperando para serem comprados... bacon e salaminho italiano!
Mas não é esse o ponto.
É possível comprar carne de porco em Israel sem maiores problemas, principalmente nos mercados e lojinhas russas espalhadas por quase todo (ou todo!) o país.
A questão é que nunca havia visto numa embalagem em hebraico!
Além da inscricão "Produto não-kasher" (naturalmente) e o escrito "bacon", o cômico ainda está por vir.
Na lista de ingredientes, ao invés de explicitarem como "carne de porco", preferiram outra nomenclatura.
É possível ler num hebraico simplérrimo, dentre alguns conservantes, a expressão "bassár arrêr" ("outra carne").
Por que não escrevem PORCO, cara pálida?
Para que os fregueses não sintam culpados em comprar?
Se for assim, vou queimar no inferno.
E com gosto!!! (de farofa e de feijão!)

3) O judeu ucraniano Ber Borochov (1881-1917) representa a síntese entra a idéia socialista proletária e o nacionalismo de fundo burguês materializado no que ficou conhecido como "Sionismo-Socialista" (ou, para outros, o Marxismo Sionista).
Ele representa, junto com outras figuras ilustres, a ideologia esquerdista da representação nacional do povo judeu.
Em Tel-Aviv (como alguns dizem, a ante-sala do inferno), o pobre Borochov virou nome de salão de beleza.
Ou cabeleireiro, sabe-se lá que raios é isso...

ps1: Só porque estou no exército não quer dizer que não tenha direito de sair e me divertir um bocado.
No sábado, fui a um show do "veterano" Aviv Geffen, aqui em Jerusalém.
Aviv Geffen, 33 anos, é filho do famoso poeta israelense Yonathan Geffen e sobrinho do ex-Ministro Moshe Dayan.

Em suma, um cara bem polêmico.
Até hoje, Aviv é criticado por ter sido dispensado do serviço militar obrigatório (por razões médicas não muito bem esclarecidas) e suas letras de protesto contra o exército.
Aviv Geffen faz parte de outra geração, com influências até de David Bowie e uma identidade sexual pra lá de ambígua.
Filmei um pedacinho do show.
A qualidade não é das melhores.
Mas quem conhece a música, vai reconhecer...