
As pessoas estão confusas. O país parou.
A condição de saúde do primeiro-ministro Ariel Sharon é muito grave. Ele está internado na UTI do hospital Hadassah Ein Kerem, em coma induzido porém com os sinais vitais estáveis. Os três maiores canais de televisão (canais 1, 2 e 10) transmitem sem interrupção desde a noite de quarta-feira.
Não creio que alguém em sã consciência entre no "Blog do Bean" para saber notícias do primeiro-ministro. Até porque isso não é uma agência de notícias.
Claro que sei de muitos rumores e muitas opiniões que não são retransmitidas pela imprensa brasileira, por exemplo.
Abaixo, vocês terão um pequeno guia que elaborei para a acompanhar, de fora de Israel, o drama político que vive o país - com a luta do primeiro-ministro pela vida e o milagre que todos (ou quase todos) estão esperando.
Eis o guia.
1) Não acredite e não leve em consideração nenhuma análise político-econômica-futurística feita por qualquer jornalista ou colunista que não esteja nesse momento pisando em terra israelense. No Brasil, por exemplo, não existe sequer um jornalista da grande imprensa capaz de analisar com competência o que Israel está passando.
2) O mundo está perguntando, nesse momento, quem é Ehud Olmert. Esse cidadão (que assumiu o cargo de primeiro-ministro logo após o derrame de Sharon) teve atuação destacada no exército, foi prefeito de Jerusalém por dez anos, ministro da Economia e é chaver Knesset (membro do Parlamento) há mais de trinta anos.
Não subestimem esse homem. Querendo ou não, o cargo de primeiro-ministro "matím lo" ("combina com ele"). Até porque pesquisas de opinião de última hora garantem que Olmert (e o partido Kadima) ganhariam com folga as eleições.
Na época da hitnatkut, ele afirmou em um artigo no jornal Yediot Aharonot que a retirada de Gaza era a única forma de Israel se manter judaico e democrático. Ele lançou um alerta sobre a alta taxa de natalidade entre palestinos, afirmando que, em breve, vai haver mais árabes do que judeus nos territórios ocupados por Israel.
Segundo o raciocínio de Olmert, para Israel se manter fiel à tradição judaica, seria necessária a criação de uma nova fronteira, com o máximo de judeus possível na parte judia.
Nessa ocasião, os políticos que representavam os colonos no gabinete de Israel o acusaram de estar cedendo diante do "terrorismo".
Abaixo, Olmert e Sharon.

3) Não existe nem existirá caos algum em Israel.
Apesar de muita gente teimar em comparar a situação atual com as consequências do assassinato de Yitzhak Rabin, em 1995, nada é motivo para pânico. As instituições democráticas israelenses estão suficientemente desenvolvidas para evitar um colapso.
Teremos eleições em pouco mais de dois meses. Tempo suficiente para cada um dos três principais candidatos mostrarem suas propostas e assumirem o comando do país.
É impossível negar o caráter de liderança de Ariel Sharon.
Mas não é o fim do mundo.
4) Israel não é Brasil. Não acredito em teorias da conspiração. Não acredito nem um pouco que poderia fazer o que fizeram com o presidente Tancredo Neves, ou seja, esconder seu possível falecimento.
Portanto, Sharon não morreu. Está vivo. Arik venceu todas as batalhas que disputou na vida. Ninguém sabe quais serão as sequelas ou sequer se ele sobreviverá. Mas ele está vivo.
Se ouvirem algo contrário que não seja oficial, ignore.
5) Não existe nada homogêneo na imprensa árabe. Aliás, é muito difícil falar em "imprensa árabe" hoje em dia.
Porém, apesar de algumas manifestações de ódio (com as do maníaco presidente iraniano e a da foto abaixo, tirada em Gaza), é possível dizer que a imprensa árabe está se comportando bem no caso.
Vi hoje na televisão que jornalistas egípcios têm ligado para colegas de trabalho israelenses para saber de novidades e análises sobre o futuro do país. Políticos libaneses já demonstraram preocupação no futuro das possíveis relações entre Israel e Síria.
Assim, não generalize a imprensa árabe.

Como disse, muitos rumores circulam sobre a saúde do primeiro-ministro.
Fiquei sabendo de alguns.Da equipe de cinco médicos que operou Sharon na madrugada de quarta para quinta-feira, dois deles são imigrantes argentinos que estudaram Neurologia na América do Sul.
O primeiro deles é o professor Félix Omansky, que chegou em Israel em 1973 e hoje é o diretor do departamento de Neurocirurgia do hospital Hadassa em Jerusalém. O segundo é o doutor José Cohen, nascido em 1966 e israelense desde 2002.
Todos já sabem que Sharon ficará sedado e em coma enduzido provavelmente até a manhã de domingo. Segundo algumas fontes não-oficiais que ouviram os dois médicos, eles estão pessimistas quando à recuperação do primeiro-ministro.
Enquanto isso, rezemos. Cada um pelo que deseja.
Abaixo, um judeu religioso observa o homem mais visto e conhecido de Israel nos últimos dias: Shlomo Mor-Yosef, diretor-geral do hospital Hadassa Ein Kerem e responsável pelos boletins de saúde do primeiro-ministro.

O que o futuro reserva para Israel? Deixe seu comentário.