Decepção.co.il
Um pouquinho da minha vida aqui em Israel... jornalisticamente ou não, alguns pensamentos e bobagens sobre como é viver nesse pequeno grande país!
A segunda novidade é que mais de cem filmes da coleção do Arquivo de Filmes Judaicos "Spielberg", dentre eles alguns filmados no começo da era cinematográfica, podem ser vistos agora pela Internet. O arquivo reúne a maior coleção do mundo em documentários judaicos (Holocausto, Israel, comunidades judaicas), incluindo também cópias inéditas de outros trabalhos dele. Não é possível copiá-los, apenas assistí-los via internet. Para acessá-los, basta clicar aqui!
ps: estou em vias de fato para fechar toda a burocracia do apartamento (e, convenhamos, que burocracia). Dentro de uma semana, terei um novo teto na cidade sagrada. Amén.
Tem gente que fala demais, disso não tenho dúvidas. Hoje, pela manhã, tive tempo de pensar em várias coisas. Voltei alguns anos no tempo, passou um filme pela minha cabeça.
ORGULHO E VERGONHA
Por mais que muita gente negue e que tenha suas peculiaridades, Israel é um país como qualquer outro. Algumas coisas boas, outras ruins. Na capa do jornal impresso Haaretz (versão de língua inglesa) de hoje, quinta-feira, duas notícias me chamaram a atenção. Uma causou orgulho; outra vergonha.
Orgulho: A Suprema Corte Israelense ordenou que o Estado pague uma indenização de 1 milhão e 300 mil shkalim (cerca de 300 mil dólares) ao filho de uma prostituta assasinada há 7 anos em Tel-Aviv por cinco policiais. Baluria Ohayun, que viajava num táxi, foi parada pelos policiais que, desconfiando que ela escondia drogas dentro da boca, prenderam seu pescoço no vidro da janela. Ela morreu. Seu filho, que acaba de terminar o serviço miltiar obrigatório e se prepara para entrar na universidade, cresceu com a avó na cidade de Ashkelon, no sul. É a justiça sendo feita.
Vergonha: Uma ONG de Direitos Humanos filmou, no último dia 9, uma cena que chocou a todos. Num Machsom (checkpoint) do exército israelense que controla a passagem de palestinos, um soldado obrigou um palestino que passava com um violino a abrir a caixa e tocar para ele. Herman-Peled, o voluntário da organização, disse não acreditar no que via. Enquanto o palestino tocava o violino, os soldados observavam e um falava ao celular.
O exército de Israel, através de seu porta-voz, afirmou que tratou-se de uma "conduta insensata por parte dos soldados, e que o exército continua fazendo o possível para melhorar a situação nos checkpoints. Segundo o porta-voz, o "grave incidente" será investigado.
Herman-Peled, o voluntário, disse ter ficado envergonhado ao ver um palestino tocando para um soldado judeu. Segundo ele, era inevitável a associação com o Holocausto, com as histórias de judeus tocando para soldados nazistas nos guetos. Não estou falando aqui que se trata da mesma coisa, pelamordedeus. Mas que também fiquei envergonhado, ha sim, isso fiquei. Pra assistir o pequeno vídeo, clique aqui!
Me despeço nesse post com mais uma sabedoria da humanidade: "Errar é humano. Persistir no erro é americano. Acertar no alvo é terrorista. E colocar a culpa nos outros é coisa do PT."
ps: faz frio aqui em Jerusalém, muito frio. E chove. Dizem que o inverno está só começando, é o que está na previsão do tempo. Já imagino isso aqui em janeiro. Que tal um final de semana esquiando no Hermon???
ps2: fala-se por aqui numa volta das negociações de paz entre Israel e Síria. O Sharon não tá botando muita fé (e nem sei se é possível, na altura do campeonato), mas pelo menos é o que se comenta. Como a gente sabe, todo boato tem um fundo de verdade (e o boato, dessa vez, está na capa do Haaretz).
Quando, de repente, Deus olha mais uma vez por nós. Manda um senhor chamado Ezra (em hebraico, "ajuda") e, assim, conseguimos nosso teto pra morar! Como eu tô feliz!!!!!!!!!!!!
Foi tudo muito rápido. Ontem, o Juliano conseguiu uma lista de apartamentos com uma amiga dele. À noite mesmo, liguei. Não atendeu. Em cinco minutos, me ligam de volta. O apartamento fica a 5 minutos caminhando daqui de onde estou, por isso marquei na mesma noite e fomos lá.
Hoje de manhã, dei o OK. À tarde, fomos mais uma vez até a nossa casa (agora posso falar assim!), checamos tudo relacionado a água, luz, gás e coisas quebradas. Entramos na van do Ezra (gigante como a do Scooby-Doo) e fomos até sua casa, do outro lado de Jerusalém. Conhecemos sua família, comemos lá, foi muito engraçado.
Resumindo: o contrato (redigido por nós mesmos) começa a valer a partir do dia 5, mas ele já nos deu as chaves (foto). Mantenho aqui o suspense de como é o apartamento: os quartos, a cozinha, as salas, a varanda. Nos próximos posts, quem sabe, vou mostrando alguns pedacinhos da casa. Até lá, eu, o Juliano e o Fábio temos que começar a faxina. Em tempo: o endereço é Derech Hevron n.112 apto 39, bairro Talpiot, JERUSALÉM.
Uivando de felicidade, vou agora dormir e sonhar. Porque, com as coisas começando a dar certo por aqui, nos resta sonhar mais.... essa é Eretz Israel, a minha casa.
ps: parece que encontrei o meu próximo Ulpan. Se chama Milah (em hebraico, "palavra"), fica no centro de Jerusalém, um preço muito bom e as aulas indo de 20 de fevereiro a 6 de junho. Professoras da Universidade Hebraica dáo aula lá. É nóóóóóis!!!!!!!
Para saber quem são esses terroristas, clique aqui!
Para a página oficial em hebraico, clique aqui!
Para conhecer os grupos terroristas, clique aqui!
Bom, de qualquer forma usamos esse baralho para jogar algo bem estúpido. O jogo se chama "Asshole", no Brasil conhecia por "Rei-Vagabundo". É um pouco complicado, mas nada que algumas rodadas não sejam capazes de te explicar direito. Dá para virar ao avesso de tanto rir nesse jogo!!! Tudo bem que o baralho macabro não combina muito, mas isso é o que dá morar em Israel...
ps: Hoje tem Brasil x Equador, ao vivo pelo Canal 5 israelense. Onze da noite...
ps2: Esses dias tenho saído para tentar comprar um patinete, daqueles de fibra de carbono. Por enquanto, só encontrei uns bem vagabundos. Quando encontrar, vai ser engraçado... imagina eu chegando de patinete lá no Muro???
ps3: Ainda sobre o caso Arafat (já encheu o saco, eu sei), quero compartilhar com vocês um pequeno mas brilhante artigo do mestre Alberto Dines: "Saturação informativa vs. conhecimento". Ainda existem vozes conscientes no mundo podre do jornalismo diário...
Hoje é sábado, o que em Israel significa o mesmo que o domingo no Brasil. É dia, portanto, de não fazer nada... pensar besteira, fazer besteira, achar besteiras na própria net. Três delas vou compartilhar aqui com vocês.
Para especial da BBC Brasil, clique aqui!
Para biografia "pró-israelense", clique aqui!
Para matéria do Jerusalem Post, clique aqui!
Para informações em hebraico, clique aqui!
Escrevo direto do Kibutz Hatzerim, no sul de Israel... encravado no meio do Neguev, um exemplo de como se pode passar meses trabalhando, comendo, dormindo; trabalhando, comendo, dormindo.
Romance. Espionagem. Homossexualismo. Palestinos. Holocausto. Israel e Alemanha, juntos! Que viagem é essa?
"Lalechet al hamaim" ("Walk on Water", ou "Andar sobre as Águas") é um filme que mistura ingredientes nada típicos numa salada impressionante. Eyal (Lior Ashkenazi) é um agente do Mossad escolhido para uma importante missão: encontrar um famoso SS Nazista que está desaparecido. Sua neta, Pia Himmelman (Caroline Peters), também alemã, se apaixonou por um israelense e mora no Kibutz Magan Michael. Ao saber que Axel Himmelman (Knut Berger), irmão de Pia, vai visitá-la, Eyal é mandado como "guia turístico" do garoto para tentar descobrir o paradeiro do nazista.
Resumindo a bagunça que eu fiz: o filme é uma co-produção Israel/Alemanha que conta a história de um agente israelense do Mossad que faz amizade com dois jovens irmãos alemães para prender o avô deles - um famoso criminoso nazista que fugiu para a América do Sul após a 2ª Guerra Mundial.
Dirigido por Eytan Fox, o filme é falado em hebraico, inglês e alemão. Ele mostra o Kineret, o Mar Morto, Tel-Aviv, Jerusalém.... além de Berlim, tocando em assuntos polêmicos durante toda sua trajetória (polêmico para judeus, para israelenses, para alemães...). A trilha sonora é de Ivri Lider, um sujeito meio "Paulo Ricardo" mas que é aclamado por aqui. Fui num show dele, ele é bom!
Na verdade, não tenho muito o que escrever (são 3h da manhã, terminei de ver o filme e ainda estou meio embasbacado). Não sei qual a disponibilidade dele no Brasil, mas quem tiver oportunidade vale a pena assistir... A obra ganhou dois prêmios no Festival de Berlim e foi reproduzido em vários outros festivais pelo mundo (como Toronto, Seattle e Moscou), inclusive a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Para crítica do filme em hebraico, clique aqui! Em português, clique aqui!